45. Até onde isso vai?

3 1 0
                                    

-Ruby! -grita alguém.

            Quem diabos esta me acordando? Penso e abro os olhos aos poucos, claridade sempre me ferra.

-Ruby! -grita novamente dessa vez outra voz.

-Mamãe! - grita Wen e logo eu o vejo na outra ponta da floresta.

            Só que para a minha surpresa, havia um mascarado atrás dele, me levanto bruscamente.

-Wen, saia daí! -grito e entro em pânico.

            Assim que corro em sua direção, aparece câmera lenta, a pessoa mascarada tira uma espada aos poucos e assim que tira por completo corta a cabeça de Wen.

-Não! -digo aos prantos.

-Você é minha Ruby. -sussurra a pessoa mascarada.

              Quando estava pronta para lutar sinto alguém me chamando outra vez e desta vez me dou conta que não estou sonhando. Sento-me com falta de ar e ouço as vozes identificando aos poucos.

-Ruby! - exclama Soraya, sinto suas mãos nas minhas costas massagens para que entrasse ar.

              Assim que recupero e olho para cima, vejo há alguns metros de nós Kan assustado e preocupado, provavelmente deve estar se culpando.

-Venha vamos te ajudar a levantar. - diz Nathaniel, me erguendo.

-Eu tô bem, posso fazer isso sozinha. - digo logo depois de me erguer, mais assim que tento ficar de pé caio ao posicionar o pé esquerdo.

-Ela torceu o tornozelo. -responde Soraya percebendo- Você fugiu de algo? raposa? urso? - pergunta ela e eu dou um meio sorriso.

-Óbvio que não, fiquei sentada entre as árvores onde Kan me viu pela última vez. - falei o óbvio e assim me dou conta de que eu não estava onde eu tinha dormido, estávamos do outro lado da floresta.

-Certo, deve ter batido a cabeça também. - disse ela tocando uma parte da minha testa e eu gemo de dor logo empurrando a mão dela para longe.

-Chega de brincar de médica, quero ir para casa. -reclamo e em seguida sinto braços musculosos me pegando estilo noiva.

              Viro a cabeça e vejo Haruki, o loiro esboça um sorriso encantador.

-Pode deixar por minha conta, Capitã. - diz ele.

             Eu iria retrucar para me por no chão quando me sinto muito tonta.

-Soraya estamos muito longe? -pergunto fechando os olhos.

-Você deve ter se perdido muito bem ontem, chegaremos depois do meio-dia. - respondeu ela e eu reclamo baixinho de dor.

             Eu não vi mais ninguém depois disso, acabei adormecendo de cansaço, seja lá oque for.

                                * * *

               Eu me senti muito culpado ontem, a Lidy não fazia nem ideia que ela não foi a primeira mulher na qual eu me apaixonei. Lidy Hemi, este era o nome dela. Vivíamos um romance antes do casamento da ruiva, ela era loira de olhos azuis, uma garota encantadora e educada, sede por conhecimento e beleza. Porém, quando nós nos casamos já esperávamos um filho, um filho meu. Mais o destino os levou de mim ambos.

-Não por favor, tem que existir alguma coisa que eu possa fazer! - insisti mais a enfermeira apenas negou com a cabeça e saiu.

            Desde então prometi a mim mesmo que me lamentaria para sempre por ela, até mesmo tentei tirar minha vida inúmeras vezes, mais eu sempre acordava vivo no dia seguinte. E então aconteceu, fiquei sabendo que Natah ou melhor, Nathaniel viria de volta e sua recente capitã estaria dando uma festa de casamento e convidava todos que quisessem ir para ver o casamento, mais tinham que pagar por conta própria oque comeriam e beberiam, aqueles que não eram da sua tripulação claro. Mais eu fui sem esperança nenhuma, mas quando eu pus o olhos nela... Eu senti que era ela. Só que de outra personalidade, jeito e modo de ser. Ruby estava tão linda, sorria e tinha seus olhos como luz. Não enxerguei-o no meio da multidão, conheci-o um pouco numa das danças da festa mais não de perto. Eu sai logo que percebi que aquilo não era pra mim, nem o lugar, nem a festa e nem a mulher que pus os olhos.
             Só que quando ele morreu eu... Fiquei feliz, não posso mentir, mudei-me exatamente por isso. Eu podia ter tudo denovo, eu cuidaria do William como se fosse meu, possuiria a mulher que eu tanto almejo só que... Ela não me ama como eu pensava, achei que fosse só o luto mais o amor deles é verdadeiro, tanto que ela não se desliga dele nem por um segundo. E isso me causa inveja, achei que quando ela se casasse comigo ela passaria a me ver como eu a vejo. Nossa relação ficou mais íntima, mas não com o mesmo afeto.

-Preciso ir.

          Era sempre essa desculpa que ela dava, até que uma noite ela bebeu muito.

-Lidy não, voce tem filho. -digo tirando a garrafa de vodka dela.

-Só mais um pouquinho. - diz manhosa.

-Não. - respondo jogando no lixo aquilo.

            Só que eu acabei perdendo a cabeça com tanta sedução e manhosia da mesma e quando eu acordei no dia seguinte vi o que fizemos. Eu ficaria feliz sim, mas mesmo assim ela chamava o outro em sonhos... E era doloroso demais isso. E por mais que eu queira, ela nunca será minha.

-Devagar Kaio. - diz Soraya dando uma batidinha no ombro do loiro toda tensa.

              Eu sai para não perder a cabeça na noite anterior e quem voltou quase morta foi a ruiva, mesmo que sejam pequenos arranhões... Ainda tinha algumas feridas que apareciam ser provocadas por outro ser.

-O braço dela deve estar doendo para caramba, a garra do bicho é muito afiada. - responde Soraya tratando a ferida dela.

-A sorte dela é que ele descartou-a como coisa inútil. -retruca Nathaniel e me sinto mais culpado ainda.

-E se fosse uma pessoa? - pergunta o Kaio e presto atenção no mesmo, antes de partirmos lembro de ela ter falando isso.

-Impossível, tomamos muito cuidado quanto ao comércio, a população aqui é pequena e desconhecida. Nem sabe que a gente sai para comércio, acham que do outro lado há monstros. Esta cidade está parte protegida que aparece que é uma muralha real, ninguém apareceria aqui. -responde ela.

-E se houvesse uma brecha? -pergunto e a mesma se cala com medo da possibilidade.

                  Talvez não estejamos tão seguros assim...

A Capitã e o pirata [Volume 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora