Eles estavam completando oficialmente 30 anos de casados, há 30 anos eles entravam dentro de uma igreja. Jurando que ficariam juntos na saúde e na doença, na tristeza e na alegria e mais....prometiam total fidelidade um ao outro. Uma promessa que nunca foi cumprida.
Irene anunciou um jantar em comemoração, mas afinal comemoração de que?
De um casamento destruído, de promessas não cumpridas, de insultos e humilhações, de traições incontáveis. O que tinha para ser celebrado? As ameaças que eles faziam um ao outro, a insistência em um casamento totalmente infeliz....o amor que Antônio sentia por outra mulher?
Eles deviam um casamento por conveniência. Antônio tinha a família perfeita, a casa perfeita e a esposa perfeita...Irene tinha um casamento infeliz mas tinha o dinheiro. Os dois precisavam um do outro mas custavam para admitir isso.
Naquela noite depois do jantar de bodas de pérolas, ambos estavam com uma série de papéis poderia mudar muito o rumo do casal. Eles iriam passar mais anos juntos ou apenas acabar com aquela tortura diária.
— Irene eu quero te dá alguns papéis. - Antônio falou tão baixo que quase não foi ouvido pela esposa, ela tinha acabado de sair do banho.
— Também tenho alguns papéis pra você meu amor.
Irene não fazia ideia da facada que iria levar, ela estava esperando pouco dias para poder entregar os papéis que deixavam as terras da viúva nas mãos do marido. Ela fez o possível e o impossível para conseguir, isso tudo apenas para tentar conquistar novamente o fazendeiro.
Ela estava com os papéis da terra e ele estava com os papéis de divórcio.
— Porque não mostramos juntos? - a mulher fez a proposta ao marido enquanto sorria.
Mas o Antônio não fazia é o mesmo, ela estava com um olhar muito sério e até mesmo um pouco desconcentrado. Cada um deles foi para um canto diferente do quarto, eles abriram as definidas gavetas ao mesmo tempo.
Caminharam até o meio do quarto novamente e trocaram as pastas onde estavam os documentos que cada um queria compartilhar, um com o outro.
As pastas foram abertas. Antônio sentia felicidade e Irene tristeza.
Ele finalmente havia conseguido as terras que demorou meses para conseguir, ou melhor ela conseguiu. Antônio estava definitivamente decido em acabar seu casamento mas quando leu aqueles papéis finalmente entendeu todas as vezes que Irene disse que provaria que ela era a mulher para ele, que ela seria responsável por deixar essas terras na mão dele.
Ele estava com um sorriso do rosto e ela estava com lágrimas por todo o rosto.
Agatha tinha conseguido o que queria, ela oficialmente tinha perdido. Aqueles papéis eram a prova de que ela nunca foi amada, tudo aquilo era apenas um jogo. Todas as ameaças do Antônio foram cumpridas, ela se esforçou durante trinta anos mas absolutamente nada adiantou. Irene tinha ideia do amor platônico que o Antônio mantinha pela ex-mulher mas ela não pensava que ele iria jogar a vida deles para o alto.
Ele falou que amava ela, então porque aqueles papéis?
Juntos eles tinham a família perfeita, a casa perfeita. Ela era a esposa perfeita, cuidava de tudo nos mínimos detalhes, deixava a vida dele em ordem. Mas ninguém gosta de uma mulher louca.
Desde o primeiro momento em que se viram tudo foi planejado nos mínimos detalhe, nada foi por acaso. Ela sabia manipular e usou isso ao seu favor, Antônio era dela.
Irene olhou para o Antônio tentando descobrir quais seriam os próximos passos dele, Antônio olhou para Irene sabendo que a única coisa que passava na cabeça dela era como ela conseguiria ser facilmente substituída.
— Para de me encarar como se eu estivesse te substituindo. - Antônio falou enquanto sentava ao lado dela.
— Mas é isso que você está fazendo eu fico surpresa em como homens podem ser tão burros a esse ponto...é isso que você é Antônio, um burro. Como pode depois de todos esses anos cair no papinho dessa mulher, ela te enganou fugiu com outro homem Você ainda vai se divorciar de mim? Eu fiz de tudo para conseguir as terras dessa viúva e conseguir, me diz uma se quer coisa que a Agatha fez por você além de te fazer de corno?
Ele não sabia o que falar, ele não tinha do que se queixar sobre a mulher. Apesar do gênio difícil dela, ela nunca deu motivos para nada.
— Agora você fica em silêncio? Engraçado que quando veio me entregar esses papéis você resolveu falar, como tem coragem? Depois de todos esses anos Antônio, estamos comemorando 30 anos de casados e esse é o presente que você me dá? Divórcio.
Nesse ponto ela já rodava o quarto inteiro, estava totalmente nervosa com a voz alterada. Toda dor no momento que ela sentiu em ler aquele papel se transformou em raiva em questões de segundo, ela mudou o seu modo de falar, de vestir, de se comportar somente para se encaixar no mundo perfeito dele.
— Não seja egoísta Irene, você sabia que eu ainda amava ela.
— Egoísta? Você não tem o direito de me dizer sobre egoísmo! Por que você não me falou que amava ela há 30 anos atrás antes de eu subir naquele maldito altar.
— Eu fiz de tudo por você.
— Por mim? O quê você fez por mim?
— Te tirei daquele bar, te dei um nome.
— ME TIROU DE UMA VIDA INFELIZ PRA TER UM CASAMENTO INFELIZ! - ela gritou aos berros, o som ecoou por toda a casa todos poderiam ouvir o que ela estava falando. — Do que me serve o seu nome se eu não tenho você Antônio, pior erro que eu cometi na minha vida foi ter me apaixonado. - Irene estava novamente chorando, sua voz estava falha e ela soluçava cada palavra que dizia.
Porque ela simplesmente deixou se levar por um amor, como ela conseguiu cometer um erro nesse.
— Nós tínhamos uma conexão Irene, a trinta anos atrás nós tínhamos mas agora não temos mais. Não existe mais um você e eu, eu não te amo.
O coração dela foi quebrado naquele momento, ela não queria mais ouvir aquilo.
Simplesmente pegou uma caneta e assinou o documento de qualquer forma, o divórcio havia sido assinado e a história deles havia acabado.
Ela andou em direção ao closet pegou as malas e colocou todas as roupas que conseguiu dentro delas, direcionou todas para fora do quarto. Enquanto isso Antônio estava sentado somente assistindo ela ir embora, sem poder fazer nada.
— As terras da viúva agora são só minhas, estão no meu nome, adeus Antônio. - ela falou com raiva enquanto arrancava os papéis da mão dele.
Antônio não evitou que ela tirasse os papéis dele, ela estava certa aqueles documentos estavam no nome dela. Ele não poderia fazer nada além de ver a mulher com quem ele passou seus últimos 30 anos ir embora.
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30 years.
RomanceEm uma comemoração de 30 anos juntos, duas pastas iriam mudar tudo.