Capítulo Único

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Eu não deveria ter feito isso. Talvez pelo fato de ser um amigo, ou talvez por ele ser homem. Tudo foi muito rápido e muito confuso, mas sei que gostei e isso é um problema. Afinal, eu não sou gay. O problema não é porque ele é gay, não tenho nada contra. O problema é que eu não posso ser gay. O que aconteceu, foi o que não deveria ter acontecido nunca e eu estava ciente disso, estava ciente que eu posso ser minimamente gay. Eu particularmente, não gosto de homens, eu gosto dele. Mas, não gosto de homens.

Flashback

Ele apareceu na minha casa, do nada. Mesmo que ele more no Rio de Janeiro, mesmo que seja em outro estado e que ele seja um pobre para caralho -que ele fez questão de comentar que eu sou o Darcy e ele é a Elizabeth de Orgulho e Preconceito-, ele veio de outro estado somente para me ver.

Eu estava com os meus cabelos desgrenhados quando o atendi meio grogue, somente com a parte de baixo da roupa, meus músculos estavam a mostra, o que o fez suspirar quando eu o peguei olhando para o meu peitoral, quando ele percebeu que eu o desmascarei, vi ele corar. Foi uma das coisas mais fofas que eu já vi. Já Harry, estava completamente intacto, estava com as bochechas coradas e um sorriso sem graça no rosto. Estava com uma roupa um pouco exagerada, já que -segundo ele- "para um carioca, se tem menos de vinte e três graus, está quase nevando". Estava com um sobretudo preto que combinava com a sua calça cargo rosa claro, junto aos tênis que dei como presente de aniversário.

- Surpresa! - Falou ele sorrindo enquanto eu o olhava sério, talvez tudo isso fosse parte da minha imaginação e nada disso é real.

- Harry, que porra você está fazendo aqui em Ouro Preto as quatro da manhã? - A verdadeira pergunta seria o que caralhos ele está fazendo na minha casa.

- Eu também estou feliz em te ver, Lou.

- Por que está de sobretudo? Você estava indo ao Polo Norte e deu um de Cristovão Colombo e veio parar aqui? -Perguntei irônico sorrindo de lado.

- Você não está feliz em me ver? Então eu vou embora. -Falou fingindo indignação e "indo" embora. Eu o segurei no pulso e ri sem graça.

- Que isso, minha putinha, estou muito feliz em te ver. - Falei brincando e abri a porta fazendo um gesto para que ele entrasse.

Subi para a escada da minha casa onde daria para o meu quarto, o levando comigo. Assim que ele adentrou o meu quarto, fechei a porta trincando.

- O meu pai está dormindo no quarto da frente. Cara, o que você está fazendo aqui? - Perguntei curioso, afinal Harry é de outro estado.

- Eu queria finalmente te conhecer. - Ele falou se aproximando.

- Na onde você arrumou dinheiro para isso? Pensei que fosse pobre. -Falei rindo.

- Eu sou pobre. E você é rico pra caralho, porra você disse que era bem de vida e não que vivia em uma mansão.

- Porque eu não sou rico. - Falei sentando na minha cama box, ele sentou do meu lado sorrindo.

- O que? Por que você está sorrindo?

- Porque eu não sabia que você podia ser mais bonito do que eu imaginava. - Falou e eu senti a minha buchechas esquentar, sorri sem mostrar os dentes e olhei para a minha mão que estava em cima do meu colo.

- Que isso, meu bem. Assim eu me apaixono.

- Pensei que já estava completamente apaixonado por mim, amor. - Ele estava perto de mais. Sentia a sua respiração quente, quando ele se inclinava para mais perto de mim.

Ele encarava os meus lábios logo indo para os meus olhos azuis e mesmo sem querer querendo, eu só conseguia ficar vendo os seus lábios, nossas bocas estavam quase se encostando, quando eu acordei do meu pequeno transe e simplesmente perguntei:

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