O domingo chegou e eu acordei bem cedo, Rafael dormiu comigo, mas estávamos tão cansados do baile que só deitamos e capotamos.
Ele pediu uma pílula do dia seguinte pra mim ontem já que fomos irresponsáveis de não usar nada pra prevenir, e hoje acabei amanhecendo com uma dor de cabeça chata. Provavelmente efeito do remédio que eu tomei, e eu não poderia tomar nada pra dor pra não ter o perigo de cortar o efeito do anticoncepcional.
Mas levantei antes de Rafa, fiz minhas necessidades matinais e fui pra cozinha fazer algo pra comer. Ontem não comemos depois que voltamos e eu estava morrendo de fome agora.
Ouvi o barulho no banheiro e sabia que Rafael tinha levantado também. Logo ele veio só de bermuda pra perto de mim e me abraçou por trás enquanto eu lavava as louças que tinha acabado de sujar. Ele cheirava a sabonete, justamente por ter acabado de sair do banho.
- Bom dia, linda. - ele disse e beijou meu pescoço. - Decidiu se vai viajar comigo pra Floripa amanhã?
- Eu vou. - falei simples e ele me olhou todo feliz.
- Porra achei que seria mais difícil. Vamos lá pra casa daqui a pouco? Curtir a minha banheira... - beijou minha bochecha e falou no meu ouvido. - fazer tudo o que a gente pode fazer dentro de quatro paredes.
- Tarado. - empurrei ele com a bunda e ele saiu rindo. - Quanto tempo vamos ficar em Floripa?
- Menos de uma semana. Vou tirar um dia pra resolver tudo e uns quatro dias pra gente aproveitar as praias.
- E o que eu preciso levar? Não esquece que eu não tenho roupas aqui... - ele concordou e pensou por alguns segundos.
- A gente vai no shopping daqui a pouco, e depois vamos pra minha casa. - assenti e fui trocar de roupa já que tinha comido.
Coloquei uma calça jeans clara e uma blusa branca frouxinha. Essa era a última muda de roupa limpa na mochila, aproveitei pra jogar as outras roupas na máquina enquanto Rafael ainda comia.
Meia hora depois estávamos a caminho, Rafael disse que odiava ir ao shopping, mas não tinha opção.
Chegamos lá e entramos na primeira loja, eu ainda tinha um bom dinheiro que guardei no decorrer da vida pra casos de emergência e foi esse que eu usei, Rafael até me deu o cartão dele mas não me senti confortável em usar.
Peguei algumas peças de roupa que me agradavam e Rafael estava no setor de roupas íntimas, ele pegou um cabide com um conjunto vermelho de renda minúsculo e estendeu pra mim levantando as sobrancelhas. Revirei os olhos morrendo de vergonha e com medo de alguém ter visto.
- Gostei desse, mas você nem precisa usar isso pra ficar gostosa. - ele falou no meu ouvido quando chegou perto de mim e apertou minha bunda. Fiquei sem reação mas fingi que nada aconteceu e continuei vendo outras roupas.
Paguei as peças que peguei naquela loja e seguimos pra próxima, Rafael levava as sacolas e eu ia atrás dele vendo a vitrine de outras lojas.
- Duda? - uma voz me chamou atenção e eu me virei na direção de quem falou. Percebi que Rafael se virou também e se aproximou.
- Lucas... - o reconheci e senti a mão de Rafael passar pela minha cintura.
- Quanto tempo, não te vi mais na faculdade. - ele disse cínico. - E aí, mano. Lucas, prazer. - ele estendeu a mão pra Rafael que pegou e apertou com um pouco de força a mais.
- Rafael. - ele se apresentou e apertou minha cintura. Lucas olhou exatamente pra onde estava sua mão e fez uma cara espantada.
- Não sabia que estava namorando, Duda.
- Eu não...
- É porque a vida dela não interessa a você! - Lucas mudou o semblante e me encarou, meu rosto estava relaxado e eu nem fiz questão de falar mais nada. Deixei com que ele entendesse o que quisesse.
- Enfim, bom te ver. Espero te ver na faculdade em breve também. - eu ri e assenti, mesmo que não fosse voltar tão cedo pra minha faculdade. - Até mais.
- Até. - eu disse e ele saiu encarando Rafa.
- Quem era esse cara cheio de intimidade? - Rafael perguntou.
- Ciumes? - ele me olhou com cara de deboche e eu ri. - Ele que fez Cauê me drogar no dia da festa. Ele me convidou, mas não fui com ele, ainda bem.
Rafael parou de andar e olhou pra trás procurando Lucas na direção que ele andou. Ele ia voltar, e pela cara dele mataria facilmente Lucas. Mas segurei a mão dele e parei ele antes que virasse uma loucura.
- Só vamos continuar andando e depois pra sua casa. Deixa ele pra lá. - ele revirou os olhos e voltou a andar na minha frente segurando minhas sacolas em uma mão só.
Será que ele já matou alguém?
Fiquei com esse pensamento na cabeça, tentando imaginar ele nessa situação, mas não conseguia. Talvez ele deixava esse trabalho sujo pra quem trabalhasse pra ele, né?
Nos sentamos na praça de alimentação pra almoçar, pedimos hambúrguer e comemos em silêncio enquanto todas essas dúvidas rondavam meu pensamento.
- O que tanto pensa, linda? - ele perguntou bebendo a coca cola no copo em seguida.
- Você já matou alguém? - perguntei direta e ele se engasgou com o refrigerante.
- Porra, não tava nem preparado. - ele coçou a nuca e se ajeitou na cadeira. - Quer saber mesmo?
- Claro, fiquei com essa dúvida. - ele assentiu e suspirou.
- Nos últimos cinco anos não matei ninguém. - olhei com as sobrancelhas erguidas e assenti também absorvendo essa informação.
- Por que matou?
- Já falei que você é curiosa? - eu ri. - Vou te contar quando chegarmos em casa, esse não é o melhor lugar pra falar de quem eu matei.
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O CHEFE DO TRÁFICO [CONCLUÍDA]
RomanceMaria Eduarda passou uma vida difícil nas mãos dos pais. É uma jovem que sempre fez de tudo pra esconder o que vivia dentro de casa, mas quando chega Rafael, ele se sente na obrigação de proteger e tirar Maria Eduarda da casa onde ela tanto sofria...