O sol estava nascendo suavemente do lado de fora da janela do banheiro, lançando tons dourados e laranja pelo quarto. Amelia estava parada diante do espelho. Seu cabelo longo e loiro, naturalmente cacheado, caía em cascata pelos ombros. Os cachos, normalmente vibrantes e cheios de vida, pareciam pesados e desgrenhados naquele momento. O banheiro era iluminado apenas pela luz suave do abajur que ficava sobre a pia, e o som do chuveiro pingando ecoava no ambiente. Amelia tremia visivelmente, seus olhos azuis estavam inchados e vermelhos, e o rímel borrado deixava traços escuros nas maçãs do rosto. Ela segurava com força a beirada da pia, os dedos brancos de tanto apertar. Sua respiração estava rápida e superficial, como se estivesse lutando para obter oxigênio suficiente. Cada batida do coração parecia ressoar em seus ouvidos. Amelia tentou se concentrar no reflexo no espelho, mas o rosto que via estava distorcido pela ansiedade. Ela fechou os olhos com força, tentando afastar os pensamentos assustadores que a atormentavam. As imagens e preocupações rodavam em sua mente como um furacão, e ela não conseguia se livrar delas.
"Respira, inspira, respira, inspira" Ela repetiu para si mesma.
Lentamente, ela tentou seguir uma técnica de respiração que aprendera em terapia. Inspirou profundamente pelo nariz, contando até quatro, segurou o ar por quatro segundos e depois expirou lentamente pela boca, também contando até quatro. Repetiu o processo várias vezes, esforçando-se para acalmar o tumulto dentro de si. Finalmente, após um tempo que pareceu uma eternidade, as batidas do coração começaram a desacelerar e a respiração de Amelia voltou ao normal. Ela abriu os olhos e, aos poucos, seu reflexo no espelho começou a parecer mais sereno. A crise de ansiedade estava diminuindo. Com cuidado, ela molhou o rosto na pia, tentando recuperar alguma compostura. Aos poucos, ela começou a pentear seus cachos loiros com os dedos, tentando devolver um pouco de ordem ao seu cabelo. Olhando para seu reflexo, ela sussurrou palavras de encorajamento a si mesma.
"𝐸𝑎𝑟𝑙𝑦 𝑖𝑛 𝑡ℎ𝑒 𝑚𝑜𝑟𝑛𝑖𝑛𝑔
𝐼 𝑠𝑡𝑖𝑙𝑙 𝑔𝑒𝑡 𝑎 𝑙𝑖𝑡𝑡𝑙𝑒 𝑏𝑖𝑡 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑜𝑢𝑠
𝐼 𝑠𝑡𝑖𝑙𝑙 𝑔𝑒𝑡 𝑎 𝑙𝑖𝑡𝑡𝑙𝑒 𝑏𝑖𝑡 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑜𝑢𝑠
𝐼 𝑡𝑟𝑦 𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙 𝑖𝑡"
Após enfrentar a crise de ansiedade no banheiro, Amelia decidiu seguir em frente com sua rotina matinal. Ela escovou os dentes lentamente, tentando manter a calma, e depois vestiu seu uniforme escolar. Seu cabelo, que antes parecia um emaranhado de cachos descontrolados, agora estava preso em um rabo de cavalo alto, o que a ajudava a se sentir mais no controle da situação.
Ao descer as escadas, encontrou sua mãe na cozinha, que lhe deu um olhar preocupado. Amelia sorriu e tentou tranquilizá-la, mesmo que ainda sentisse a ansiedade latejando em seu peito. Ela sabia que tinha o apoio de sua família, mas também precisava enfrentar esse desafio por conta própria.
Atravessando a porta da frente, encontrou Luna, sua melhor amiga, esperando por ela no portão. Luna era morena, de olhos expressivos e um sorriso caloroso que sempre iluminava o dia de Amelia.
Ambas são amigas desde o jardim de infância, se conhecem mais do que ninguém, elas se cumprimentaram com um aceno e começaram a caminhar em direção à escola juntas.
"Como você está hoje?" Luna perguntou com um olhar preocupado. Amelia suspirou e disse sinceramente: "Acordei com uma crise de ansiedade bem complicada, mas acho que melhora, é só questão de tempo." Luna assentiu compreensivamente. Ela era uma das poucas pessoas que sabiam sobre os desafios que Amelia enfrentava com a ansiedade. "Esta certo então, qualquer coisa é só falar, viu?" A loira sorriu aliviada, e contente.
Chegando à escola, as duas se dirigiram para a sala de aula de física. O professor estava explicando uma lição complicada sobre mecânica quântica, e Amelia estava tendo dificuldade em acompanhar. Ela apertou os punhos com força sob a mesa, tentando focar em suas palavras.
No intervalo, as duas saíram para o pátio da escola para respirar um pouco de ar fresco. Foi quando notaram um grupo de adolescentes reunidos perto da entrada principal. No meio deles estava um rapaz relativamente novo na escola. Seus cabelos castanhos claros caíam em ondas até os ombros, e seus sorriso largo, e bonito, com covinhas se destacava. Ele usava calças jeans skinny, uma regata branca por debaixo de uma jaqueta de couro preta que lhe dava um ar despojado. As meninas ao redor dele riam e o escutavam atentamente enquanto ele contava uma história animada. "Olha só, o novato," comentou Luna com um sorriso travesso. "Acho que temos uma nova atração na escola." Amelia riu, sentindo um alívio temporário de sua ansiedade. Elas observaram o rapaz novo por um momento e, mesmo à distância, ele parecia intrigante, mas segundo os pensamentos da loira, era com toda certeza, um rapaz bonito.
Continuaram conversando e rindo de assuntos aleatórios até o sino tocar novamente, e retornarem para dentro da escola, para iniciarem uma nova aula.
A aula de inglês estava se arrastando, e Amelia sentia que o ar ficava cada vez mais pesado em seus pulmões. Ela estava tendo dificuldade para respirar e a ansiedade estava crescendo rapidamente, ela não sabia ao certo o que estava acontecendo, o real motivo de sua crise estar vindo a tona. Com um suspiro profundo, ela levantou a mão, pedindo permissão para ir ao banheiro. O professor assentiu com a cabeça, preocupado com a palidez repentina da aluna. No banheiro, Amelia lavou o rosto na pia, tentando recuperar o controle de sua respiração. Seu reflexo no espelho estava tenso, e ela podia ver seu peito subindo e descendo rapidamente. Ela se sentou em uma das cabines e tentou praticar a técnica de respiração que aprendera anteriormente. Os minutos pareciam se arrastar enquanto ela lutava contra a crise. Após cerca de 10 minutos, ela decidiu que não conseguia mais continuar na escola naquele dia, mesmo com todo o seu esforço. Ela se levantou, lavou o rosto novamente e secou-o com uma toalha de papel. Respirando fundo, ela decidiu que era hora de ir até a coordenação para pedir permissão para sair mais cedo. Caminhando pelos corredores da escola, ela finalmente chegou à coordenadoria. Miranda, a secretária responsável, a cumprimentou com um sorriso amigável, conhecendo o histórico de Amelia.
"𝐼 𝑑𝑜𝑛'𝑡 𝑤𝑎𝑛𝑛𝑎 𝑙𝑜𝑠𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙
𝒩𝑜𝑡ℎ𝑖𝑛𝑔 𝐼 𝑐𝑎𝑛 𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑦𝑚𝑜𝑟𝑒
𝒯𝑟𝑦𝑖𝑛' 𝑒𝑣𝑒𝑟𝑦 𝑑𝑎𝑦 𝑤ℎ𝑒𝑛 𝐼 ℎ𝑜𝑙𝑑 𝑚𝑦 𝑏𝑟𝑒𝑎𝑡ℎ
𝒮𝑝𝑖𝑛𝑛𝑖𝑛' 𝑜𝑢𝑡 𝑖𝑛 𝑠𝑝𝑎𝑐𝑒, 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠𝑖𝑛' 𝑜𝑛 𝑚𝑦 𝑐ℎ𝑒𝑠𝑡
𝐼 𝑑𝑜𝑛'𝑡 𝑤𝑎𝑛𝑛𝑎 𝑙𝑜𝑠𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙"
"Olá, bom dia Amelia. Como você está se sentindo hoje?" perguntou Miranda com preocupação. Ela explicou sua situação com dificuldade, sua voz trêmula. "Estou tendo uma crise de ansiedade e não consigo mais continuar na escola hoje. Será que posso sair mais cedo, por favor?" A secretaria assentiu compreensivamente. "Claro, vou fazer a autorização para você. Você tomou seu remédio hoje?" Miranda questiona, é então que Amelia se da conta que não havia tomado seu remédio naquela semana, havia comentado com a mãe, e a mesma havia prometido que compraria, mas ambas, conforme a semana foi passando, se esqueceram.
Após uma breve conversa, com Amelia explicando a situação, Miranda forneceu a permissão para ela sair mais cedo. A loira agradeceu, e a secretaria questionou se ela gostaria de companhia, a menina nega, dizendo estar bem o suficiente para retornar. No caminho de volta, enquanto ela caminhava pelo corredor extenso e solitário da escola em direção à sala de aula, sua visão começou a escurecer. Seu coração acelerou e, antes que pudesse se dar conta, suas pernas fraquejaram. Amelia escorregou pela parede, para em caso de desmaio, não cair repentinamente no chão e bater sua cabeça. Sua visão ficou cada vez mais turva, e o mundo ao seu redor desapareceu de sua vista. Quando ela estava prestes a desmaiar completamente, sentiu braços fortes ao seu redor, segurando-a firmemente. Ela ouve uma voz rouca perto de seu ouvido, com tom de preocupação, mas não a reconhece.
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ALL WE KNOW
FanfictionAmelia Lynch é uma jovem estudante comum, de 17 anos, com uma vida aparentemente perfeita. Ela lida com suas crises de ansiedade tomando remédios controlados, o que a ajuda a manter uma fachada de tranquilidade, sempre sorridente, e se esforçando pa...