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Mingi havia acordado com menos disposição do que o normal, e julgava que a culpa era do lançamento de God of War. Ele era viciado na franquia desde que ganhou o primeiro jogo no Natal da assistente social responsável por cuidar dele, anos atrás. Possuía um carinho especial justamente por isso. Apesar de não ter tido a presença efetiva de seus pais e mal saber como se pareciam, se eram boas pessoas ou não, se teria sido mais feliz sendo criado por eles ou não, era imensamente grato por todas as pessoas que se propuseram a lhe dar suporte durante o seu período de crescimento. Por mais duro que fosse, Mingi entendia que ser grato era o máximo que poderia fazer como forma de retribuir a todos os esforços de quem não possuía obrigação alguma de tomar conta dele.

Procrastinou na cama por um tempo e bocejou bem alto, dando um salto para se espreguiçar em seguida. Sorriu quando os feixes amistosos do sol da manhã afagaram a sua pele. Yunho costumava dizer que não entendia como Mingi podia ser literalmente a pessoa que dá bom dia para as nuvens e se mantém inabalável e otimista diante dos obstáculos e da podridão do mundo. Era como se nada o afetasse de fato; não importava o quão em desvantagem natural estivesse, Mingi encontraria uma boa maneira de seguir em frente; um arco-íris nascia em uma parte do planeta a cada vez que um sorriso doce e adorável esticava os lábios finos de Mingi, segundo Hongjoong.

Era de plena satisfação conviver com ele e Wooyoung, dois astros iluminados.

Arrastou as pantufas felpudas de carrinho até o banheiro e escovou os dentes, lavando o rosto. A água gelada lhe deixou mais disposto, o refrescou da amostra de calor que seria predominante naquele dia quente.

Encaminhou-se até onde era a cozinha, farejando o aroma do café da manhã. Ainda sonolento, não precisou checar quem estava lavando a louça para enredar seus dois braços carinhosamente em torno do corpo grande, afundando o rosto na curva do pescoço enquanto mantinha seu peito rente às costas do outro.

— Bom dia, Mingi-ah — Hongjoong pronunciou após soltar uma risada de aprovação, apreciando o contato íntimo cotidiano entre eles. — Você dormiu bem?

Bocejando de novo, dengoso, Mingi continuou no abraço preguiçosamente, depositando parte de seu peso sobre Hongjoong.

— Bom dia, Hongjoong-ah — balbuciou rouco, descansando a cabeça no ombro dele. — Dormi sim. Sonhei com você.

— Comigo? Foi legal? — se surpreendeu, ouvindo um suspiro por parte de Mingi.

— Não tem nada que não seja legal se tratando de você — disse docemente, com uma afeição praticamente física em sua demonstração de carinho. — Não me lembro muito bem, mas sei que você estava lá.

Ensaboando as mãos e abandonando uma panela que areava na pia, Hongjoong usou um pano de prato para secar as palmas. Em seguida, retribuiu o abraço matinal e carente de Mingi, sobrepondo os seus braços sobre os dele, que formavam um laço em sua cintura. Então sorriu e percebeu que em seu coração despontou uma felicidade genuína. Mingi soltou um som baixinho de apreciação, tomando liberdade para depositar um beijo casto na curva do pescoço de Hongjoong, que respirou mais fundo, torcendo para que o arrepio que subiu por sua nuca não tenha sido notado.

Os dois gostavam de contato físico e nunca realmente impuseram restrições um ao outro. Eram íntimos e se sentiam à vontade para expressar o quanto se gostavam.

— Preciso terminar de preparar o café. Wooyoung vai acordar daqui a pouco e eu quero que ele se alimente melhor. Preciso que isso aconteça antes de eu ter que sair para o trabalho.

RAINBOW  |  WOOSANOnde histórias criam vida. Descubra agora