Momento a sós

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-Será que você não consegue calar a porra da boca e começar a procurar algo útil? -Benito diz em um tom irritado, abrindo a gaveta de um dos armários da cozinha.

Benito e Jeffrey estavam mais uma vez sozinhos na estranha base em que acordaram - agora, ambos procuravam por mantimentos que pudessem levar aonde quer que eles fossem no meio do polo norte. Os demais também faziam isso, mas como antes, eles se separaram no grande local.

-Eu to procurando! -Jeffrey responde, abrindo uma gaveta e a fechando no mesmo instante. -Mas cara, como que nós vamos sobreviver no polo norte mano, é tipo O POLO NORTE, e se a gente se deparar com um urso polar? Ou ursos polares são do polo sul? Se a gente pelo menos tivesse internet pra procurar isso... Ou pra pedir ajuda, eu podia ligar pra pizzaria e-

-Pizza boy, eu juro que se você não começar a procurar algo nessa bendita cozinha, você vai ter que se preocupar com outra coisa querendo te matar além de ursos polares. -O moreno o interrompe, tentando pegar algo em um armário fixado na parede; que estava alto demais para sua altura.

-Uh... você precisa de ajuda, doc?

-Não. -Ele responde grosso, apesar de continuar não tendo nenhum sucesso em alcançar qualquer coisa.

-Qual é, me deixa ajudar.

-Eu não preciso da porra da sua ajuda- Benito reclamava, até escorregar no sangue do chão e cair com tudo no meio da cozinha. -Porra!

No instante que viu o doutor caindo no chão de forma tão patética, Jeffrey não conseguiu evitar de gargalhar. Foi tão idiota e inesperado, ele não conseguiu se conter.

-Ei! -O moreno tenta repreendê-lo, enrubescendo. Apesar de querer ficar bravo com o loiro, não conseguia. Sua risada e seu sorriso eram realmente... Algo. Não demorou muito até que fosse contagiado pela gargalhada do colega, rindo baixinho enquanto se sentava no chão sujo.

-Eu não sabia que você conseguia rir, doc. -Se aproximando, o loiro senta ao lado de Benito, ainda limpando algumas das lágrimas que escaparam de seus olhos durante a crise de riso.

-Haha, que engraçado. -O doutor ironiza, se calando em seguida.

Silêncio. Era até estranho, depois de ficar tanto tempo ouvindo Jeffrey tagarelar sem parar. Mas não era um silêncio estranho, era confortável. Quase não fazia sentido. Eles haviam acabado de se conhecer e passado pelas piores situações de suas vidas, como podiam estar tão calmos assim?

-Você não gosta de me ouvir falar? -O loiro quebra o silêncio, encolhendo as pernas. De repente ele parecia inseguro. Benito o encarou, esperando que ele o olhasse de volta; mas seus olhos estavam presos nos próprios dedos inquietos.

-Que?

-Eu... Eu to te incomodando? Você quer... Você quer que eu vá com eles e sei lá... Não te incomode mais? -Virando o rosto a si, Benito notou seus olhos cheios d'água.

-Por que isso agora? -O moreno diz, franzindo as sobrancelhas. Jeffrey desvia o olhar.

-Sabe, eu... Eu falo muito desde pequeno. Não é por querer, é que a minha cabeça não para. Ou ela para, e minha voz não. Isso sempre foi um problema quando eu tava na escola. Eu não conseguia ficar quieto nem nas provas... E se ficava, tinha que ficar me mexendo de alguma forma. O pé, a mão, qualquer coisa... Eu só não consigo ficar parado. -Olhando de volta ao colega, sorriu nervosamente. -E tipo, não é todo mundo que aguenta, né? Eu também não me aguento às vezes. Então, se eu estiver te deixando desconfortável, ou algo assim, a gente pode dar um jeito de nós não ficarmos tanto tempo juntos ou-

-Jeffrey. -Com os olhos se encontrando, o loiro pode sentir o rosto esquentar. -Tá tudo bem.

-Mesmo?

-Sim, só... -O moreno vira o rosto e começa a se levantar. -Fica comigo, tá?

O doutor estendeu a mão para ajudá-lo a levantar. Aquilo com certeza era estranho, afinal, é Benito. Ele não é... Legal assim. Segurando a mão e levantando, não quebrou o contato visual; o que causou um clima meio estranho. Coçando sua nuca, tentava ignorar seu nervosismo.

-É... Doc?

-Hum?

-Tem algo errado? Você tá me encarando bastante... -O entregador diz com um sorriso fraco.

-Me diga você. Tem algo errado? -Ao retrucar, surge um sorriso sugestivo no rosto do doutor.

-N-Não, é que... Parece que tá pintando um clima, né? -Jeffrey comenta nervoso, se arrependendo instantaneamente. -Q-Quer dizer, isso se você gosta de homem também, eu não to tentando te forçar a nada e-

-Você é fofo quando tá nervoso... -Benito lhe interrompe, se aproximando e o empurrando até o balcão da cozinha.

Seus corpos estavam realmente próximos agora. O entregador, apesar de estar tão vermelho quanto um tomate, abriu suas pernas para que o colega se aproximasse ainda mais; e ao Benito fazê-lo, sentiu um arrepio passando por todo seu corpo. O moreno já não o entreolhava; seus olhos estavam focados em seus lábios. Um sorriso malicioso estava presente em sua boca, isso até ele mordê-la.

-Por favor... -Jeffrey implora, sentindo todo seu corpo tremer.

-Apressadinho, hum? -O doutor provoca, segurando sua cintura.

Finalmente, os lábios perdem toda distância entre si.

O que começou com um selinho tímido, logo evoluiu para um beijo muito mais íntimo. Nem parecia que era a primeira vez que eles se beijavam; ambos já estavam muito envolvidos. Benito abaixou suas mãos até a bunda do loiro; apertando-a conforme eles se moviam. Jeffrey tentava se conter, mas não conseguia evitar de deixar alguns gemidos escaparem; o que só enlouquecia mais o moreno.

Se afastando pela falta de ar, se encaravam com olhares... apaixonados. Grandes sorrisos podiam ser vistos no rosto dos dois homens. Se deitando no peito de Jeffrey, Benito tentava recuperar seu fôlego.

-Minha nossa... -O loiro comenta, rindo em seguida. Não demorou até o moreno começar a rir junto; resultando em dois bobos rindo abraçados.

-Nada mal, hum? -O doutor se levanta, seus olhos se encontrando novamente.

-É...

Os colegas tentaram se aproximar para mais, mas foram surpreendidos por um grito à distância.

-JEFFREY! BENITOOOO! -A voz de Luis podia ser ouvida perto dali.

Se afastando rapidamente, viram o homem aparecendo na porta.

-Finalmente achei vocês! A gente tá indo agora, ándale!

Com isso, eles finalmente se juntaram aos demais. Talvez alguém tenha percebido como ambos surgiam super vermelhos e desarrumados; mas se perceberam, não disseram nada. Eles só torciam para que pudessem repetir esse momento logo; e que nenhum deles morresse antes disso.

Momento a sós | Jeffito One-ShotOnde histórias criam vida. Descubra agora