Assim que adentro o pátio para o banho de sol, os guardas que me acompanhavam até lá se afastam me permitindo caminhar pelo lugar extenso.
Em nossa volta havia muros e grades que impediam o acesso para o outro lado caso alguém tentasse fugir, era uma área grande com equipamentos de academia em uma parte, em outra com bolas de basquete para quem quisesse jogar, junto com arquibancadas altas.
A brisa forte do vento bate em meu rosto e o respiro fundo fechando brevemente meus olhos e os voltando abrir logo em seguida.
Me encaminho para as arquibancadas me sentando em uma parte mais isolada, varro meus olhos pelo lugar vendo pessoas de todos os jeitos possíveis, altos, baixos, tatuados, usuários e por aí vai.
Meus olhos param em Setty que estava olhando em sua volta como se estivesse procurando por algo ou alguém, assim que os olhos do garoto batem em mim o mesmo vem em minha direção com o sorriso costumeiro de sempre. Desde que cheguei aqui, ele é o único que tem meu respeito.
__Aonde você tava em águia? Não te vi no refeitório hoje de manhã, se envolveu em alguma briga de novo? -se senta ao meu lado após sua série de perguntas e de me chamar pelo apelido ridículo que me deu. Esse apelido se deve por uma tatuagem com o formato de um grande olho cravado em minha pele no braço.
__Tive uma visita íntima -falo enquanto aceito o cigarro que o mesmo me estende e acendo com o isqueiro que guardo sempre no bolso do meu macacão.
__Da garota que você é envolvido?
Concordo com a cabeça tragando o cigarro e soltando a fumaça pro alto enquanto volto a observar as pessoas.
__Você é casado com ela?
__Ainda não.
__Ainda? Tá ousado em -bate levemente com o ombro no meu rindo.
Nego com a cabeça deixando um pequeno sorriso surgir em meus lábios.
__Mas olha, você tem que tomar um pouco de cuidado -vira a cabeça em minha direção, dessa vez com o semblante sério.
__Com o que? -o olho também tragando o cigarro mais uma vez.
__Enquanto eu estava andando ouvi alguns presos comentarem sobre uma moça, creio que seja sua mulher. Ninguém aqui recebe visitas de mulheres, por isso quando vêem uma ficam agitados e até tramam algo para conseguir ter pelo menos uma noite com a pessoa, independente se for a força ou não.
Escuto atentamente suas palavras enquanto bato meu dedo sobre o cigarro liberando o restante das cinzas sobre o chão enconcrecado.
__Pode ter certeza Setty, se encostarem na minha Lea eu os mato da forma mais lenta possível que imploraram pela morte vir buscá-los.
__Então acho melhor você começar já -"aponta" com a cabeça para um grupo de presidiários vindo em nossa direção, todos eram bombados provavelmente pelo uso de anabolizantes, suas faces continham algumas cicatrizes em diferentes lugares. Todos com a postura e ar de ameaça.
Permaneço na mesma tranquilidade em que estava, apenas troco de posição encostando minha costa na arquibancada atrás de mim e coloco uma perna encima da minha coxa os observando chegar até mim e Setty.
__Eai senhor mafioso -o que estava na frente dos outros 5 homens atrás dele é o primeiro a falar com um sorrisinho debochado estampado.
__Vimos uma mulher saindo da sala de visita com você hoje, e devo dizer, que mulher deliciosa! -exclama outro, suas palavras nojentas fazem meu sangue começar a borbulhar em minhas veias.
__Quando ela vir de novo, será que não pode manda-la para nossas celas? Íamos adorar fazê-la gritar.
__Uma mulher como a minha jamais estaria ao nível de vocês, e muito menos de ser possuída sobre o colchão de uma cela. Lavem suas bocas imundas antes se referirem a ela. -falo tragando o cigarro e levanto minha cabeça os olhando agora mais diretamente e soltando a fumaça em seus rostos.
Setty observa sério cada um, percebi que ele sempre faz isso para qualquer mínimo movimento estranho ele estar atento e não ser pego desprevenido.
Um deles passa a mão em frente ao próprio rosto afastando a fumaça quase com a paciência no fim. Sorrio de lado o observando.
__"Minha mulher"? Então ela pertence a você? Isso é ótimo, podemos fazer uma orgia, eu, você e meus amigos comemos ela e todos saímos satisfeitos -dessa vez fala com o rosto na frente do meu após se curvar, fazendo seu hálito vir de encontro ao meu rosto e me fazendo sentir o cheiro horrível.
Perco minha paciência após suas palavras em relação a Lea novamente, rapidamente minha mão livre vai de encontro ao seu cabelo o puxando com força fazendo sua cabeça ir para o lado e com a ponta do cigarro espremo com força em sua pele da bochecha o vendo gemer de dor. O solto empurrando sua cabeça para trás, apoio minhas mãos na arquibancada e sustento meus corpo em meus braços chutando seu estômago com força o fazendo cair a alguns centímetros longe de mim indo direto para o chão.
Vejo os outros 5 homens vir em minha direção, observo Setty se juntar a mim pegando dois os afastando enquanto lutava com eles e deixando os outros três para mim.
Me levanto com calma e vejo os três irem pra cima de mim juntamente, desvio pro lado após tentarem me dar um soco em uníssono e dou um mortal pra frente atingindo embaixo do queixo de um escutando seu maxilar sair do lugar. Me viro chutando o outro atrás de mim em seu peitoral o fazendo cair ao lado do primeiro, vou na direção do último já cansado de tudo isso, seguro seus braços que tentam me atingir o jogando no chão sujo desferindo socos atrás de socos em seu rosto.
Eu perco meu controle, a adrenalina toma conta do meu corpo, sinto meu sangue quente. As palavras sujas referente a Lea ecoam em minha cabeça se repetindo como ecos em uma sala vazia.
Minha série de socos continua até o homem caído abaixo de mim estar desacordado, seu rosto desfigurado e sangrando com alguns cortes agora abertos em suas bochechas e sombrancelha cortada. Sinto braços me rodearem e me levantar de cima do presidiário.
__Noel para, já chega! -escuto a voz de Setty soar em meus ouvidos enquanto me arrasta para longe e me prende contra a parede me imobilizando, eu me debatia, eu estava sem controle.
__Eu vou mata-los! Vou fazê-los se engasgar com o próprio sangue.
Sinto os braços que me prendiam se afastarem de mim, mas logo braços novamente me rodeiam, mas dessa vez me viram de frente e vejo David em minha frente segurando minha cabeça com suas mãos.
__Você tá sem controle, vamos irmão se acalme, respire fundo -olha no fundo dos meus olhos, tento controlar minha respiração ofegante e coloco minhas mãos sobre as suas que estavam ao redor da minha cabeça.
Fecho meus olhos com força sentindo minhas têmporas latejarem e respiro fundo em busca do raciocínio que nunca me faltou. Lea é o meu ponto mais fraco e mais forte ao mesmo tempo, quando o assunto é ela eu esqueço quem sou mas sim lembro do que eu deveria ser, do que fui criado para ser.
__Isso se acalme, controle a respiração, você não é e jamais será o que deveria ser de acordo com o que ele queria -solto o ar pela boca abrindo novamente meus olhos mirando David.
O mesmo vestia-se elegantemente, era a primeira vez que o via com roupas tão formais. Por cima de seu ombro consigo ver os polícias afastados mas com seus cassetetes em punhos prontos para qualquer movimento meu.
__Ele irá para a sala de visitas comigo -a voz do meu irmão se manifesta sobre o silêncio daquele pátio e por incrível que pareça os polícias apenas acenaram com as cabeças. O que ele está tramando?
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𝑆𝑒𝑗𝑎 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎, 𝑎𝑚𝑜𝑟!
RomanceLea Smith é uma garota (brasileira) ao qual acaba de finalizar sua faculdade de psicologia depois de muito batalhar. Seu próximo objetivo agora é sair do seu país, ao qual jurou desde pequena, ser a primeira coisa a fazer assim que pudesse mas...não...