Reencontro...

Capitulo 49

Sabado - Dia oficial da mudança

Helena narrando

Estou estranha.
Eu nunca senti a sensação de ser perfurada por um tiro, mas durante o ensino médio eu vi atirarem em meu amigo na minha frente. A primeira reação dele foi arregalar os olhos, em seguida ele caiu no chão, começou a se debater e chorar. Dava pra sentir que a cada vez que o corpo dele debatia, mais dor ele sentia e mais a vida dele ia indo embora, ate que ele realmente, morreu. Em volta dali, eu e os outros amigos olhavamos a cena e sentíamos um aperto no peito, tudo doia, fiquei muito triste, destruida, mas por mais que parte minha foi embora com meu amigo, eu ainda estava viva.

Eu ainda via ele em todos os lugares e tinha ele em todas as lembranças. O cortejo no cemitério pra cova, me fazia lembrar do tiro, eu sabia que eu nunca mais veria aquele meu amigo de novo e isso doia demais. Continuar viva depois que alguém vai embora, é um desafio gigantesco.

E quarta quando a Clara veio buscar as coisas dela pra ir embora, eu me vi no cortejo ate a porta como se fosse rumo a uma cova. A mesma situação.

O momento que vi a Clara acediada sentada chorando no chão, foi como o tiro. O momento em que eu via ela soluçar cada vez mais sem se acalmar, foram as vezes que eu sabia que ela se debatia de dor, mas nao tinha o que fazer. Quando ela me disse que ia embora, foi como a noticia do óbito, eu sabia que nunca mais teria a minha pequena aqui. Na quarta, quando ela pegou as coisas dela e foi embora, tudo me doeu, a dor dela talvez ja tinha passado porquê ela já não se sentia mais aqui, a Clara do manicômio se foi, e quando ela saiu pela porta, me restou as dores, as lembranças, o vazio, a certeza de perder alguém que eu amo, me restou dor.

Eu subi pro quarto ao ver ela sair pela porta entregando a chave e chorei feito uma bebê. Arrumei toda a minha mudança esses dias, vivendo meu luto.

Casa nova, vida nova. Porquê mesmo que a Clara volte, não vai ser a mesma Clara. A menina que eu gostava do cheirinho de frutas vermelhas, se foi. Eu perdi o amor da minha vida!

Mas, eu acredito em outros amores. Talvez ela foi o primeiro e segundo amor, e agora venham varios amores.

Que seja como for.

Preciso me despedir de vez desse quarto. A mudança ja foi, mas ainda estou aqui, pensando no quanto eu preciso realmente lidar como se tivesse sido uma morte e que agora Clara só existe nas lembranças.

Gabriel narrando

Eu devo estar louco ne? Ir morar com pessoas que pensei me detestar.

O bom é que Bia esta indo comigo e não vou me preocupar com ela e as amizades erradas. Tudo organizado e levado ja.

Voltei em casa pra pegar as ultimas coisas.

- Mano, podemos conversar? - Bia disse entrando no carro quando estavamos indo pra casa nova.
- Claro mana, temos o caminho pra conversar. - Falei e passei a mão no cabelo dela.
- Eu to com medo. - Ela disse cabisbaixa
- Porquê medo baixinha? - Questionei. Nunca vi Beatriz com medo.
- Eu vou dormir com Paulo ne... E participar da turma mais falada de toda a cidade. - Ela disse
- Mas você quer? - Eu perguntei e ela acenou com a cabeça que sim.
- Então pronto, so vive mana. Se ele te fazer de trouxa eu to aqui. Vai ser bom pra gente, to confiante nisso. - Falei e ela sorriu

Fomos o resto do caminho em silencio.

Chegando la estavam todos na porta, esperando por nós, entramos juntos com o pé direito e um sorriso.

Agora era definitivo. Depois voltamos e pegamos os carros pra entrar.

Quando fui terminar de organizar meu quarto, Nathy entrou e me abraçou por trás me dando um beijo nas costas.

- Obrigada por ter vindo. - Ela falou
- Eu não perderia a chance de estar com vocês, principalmente com você. - Respondi e a virei

Nos olhamos por um minuto e  nos beijamos. Foi um beijo tramquilo, de carinho, de quem queria dar e receber cuidado.

No fundo eu acho que eu e Nathy somos mais amigos que bem as vezes acabam transando do que algo próximo de ser um casal.

Mas vamos ser felizes aqui, todo mundo vai.

Olivia narrando

Sera que alguém tem noção do quanto é dificil pra mim essa situação de ir morar com a turma? Manicômio atual.

Chegando na casa nova, todos se preocuparam em ir terminar de arrumar os quartos e marcaram de ir almoçar em um restaurante e depois fazer a compra pra casa.

Assim foi feito.

A noite, eu fiquei completamente tranquila conversando na sala com todo mundo.

Era triste ver o olhar da Helena, faltava parte dela ali, a Malia estava tranquilamente inquieta, Beatriz também estava estranha.

Os Alther não dormiram em casa, oque me suou completamente estranho. Eles sempre estão em casa. Mas, logo após as compras eles avisaram que nao iriam dormir por aqui hoje.

Eu estou exausta. So quero subir e tomar um banho. Mas ate que enfim alguém fez a pergunta que todos nós queriamos.

- Alguém sabe onde estão os Alther? - Hugo perguntou
- Se você que vive com Paulo não sabe... - Gabriel respondeu
- Thamy só disse que eles precisavam de uma noite deles. - Yago falou
- Eles devem estar em algum conflito deles. Bia, acostume ta? Paulo é o mais cheio de conflito, se vocês não tem nada, ele nunca volta pra casa. - Malia disse se levantando pra subir.
- Malia, para de ser cruel. - Sara falou
- Não vamos ter briga hoje ok? Vamos pros quartos. - Lucas disse e todos fomos subindo

Quando entrei no quarto ja ia tomar banho e o Matheus pegou a toalha dele.

- Matheus, não... - Falei fazendo gesto de que não era pra ele entrar no banheiro.
- Você ta estranha! - Ele disse
- Eu devia ter ficado no quarto de visitas. - Comentei baixo
- Se não fosse por mim, você nem estaria aqui. - Matheus disse e saiu emburrado com algumas coisas na mão, como carregador, celular, cobertor e a toalha.

Certeza ele vai pro quarto de visitas, e por mim melhor ainda.

Tomei meu banho, pus pijama e dormi.

Continua...
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Melhor pequeno do que nenhum ne?
Mas logo sai o primeiro dia de mudança na visão de mais alguns, e tem o domingo por ai.