Eu mato você.

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Eu acordo na cama, sentia minha cabeça pesada, e sentia como se estivesse um elefante no meu estômago, eu abro os olhos, me forço a enxergar e a tentar levantar, mas não consigo, quando tiff percebi que eu estava acordando, ela se aproxima de forma mansa e calma, como se estivesse se aproximando de um passarinho assustado, fazendo o mínimo de movimento para ele não voar.

"Querida..."-Ela disse em um tom baixo, quase como um sussuro e bem manso-"Você está acordando agora, não se preocupe, a tontura e normal, você não vai ficar assim por muito tempo eu prometo, logo logo você estará normal"-Ela disse enquanto levantava minha cabeça e a colocava no colo dela, ela acarenciava meus cabelos enquanto falava.

"Deve estar se perguntando o porque eu ter feito isso..."-Ela continuou ao perceber que eu estava tonta o suficiente para não falar nada-"Eu apenas não quero te perder meu coração, você entende isso não entende? Eu aposto que sim, você sabe, tenho que proteger você, principalmente da Gina, aquela marginal."

"Mas precisava ter sido dessa forma?"-Eu pergunto em um tom fraco, finalmente consiguindo falar e sentindo todo aquele peso indo embora lentamente, como se estivesse se arrastando.

"Eu precisava agir rápido, você e tão bonita... você não vê isso, mas você é linda, e meninas bonitas... podem se machucar se caírem em mãos erradas, oque eu fiz, foi para te proteger de não cair nas mãos da Gina."

Eu comecei a me levantar lentamente, agora eu estava recobrando os sentidos.

"Agora eu preciso que você me escute, está bem coração?"

Eu estava nas mãos de Tiff, minha vontade era de descer um soco na cara dela por ter feito aquilo comigo, mas eu não podia, era como lutar com um leão sendo uma formiga, impossível, então a única coisa que me restava era respirar fundo, me acalmar, escutar e pensar em como eu iria dar um perdido sem ser pega ou ter meus braços e pernas cortadas.

Eu sinto um arrepio ao lembrar das partes das pernas e braços.

"Querida? Tudo bem?"-Ela disse acarenciando meu rosto, percebendo o quanto eu estava distante.

"Sim... sim... eu só estou meio tonta ainda, pode falar..."-Eu disse a abraçando, ela me puxa para sentar no colo dela e me segura pela cintura.

"Lembra que eu disse que eu precisaria sair para começar a trabalhar em um novo filme?"

Eu aceno que sim.

"Então... eu vou precisar ir semana que vem, e eu não vou voltar para casa tão cedo."

"E a Gina?"

"Ela vai para um hotel, não se preocupe, vai ficar apenas você e a empregada aqui."

"Tudo bem, não se preocupe, eu vou ficar bem."

"Eu sei, mas me escute,  nas primeiras gravações eu terei que ir para uma roça bem afastada, aonde não tem muito sinal, então vai ser bem difícil entrar em contato comigo, por isso quero te avisar e ter certeza..."-Ela aperta minha cintura de uma forma que consigo sentir suas unhas fincarem minha pele-"Que você não vai aprontar nada, não é?"

"Claro que não, boba."-Eu disse a abraçando-"Sabe que te amo."

Ela fica em silêncio por alguns segundos e me beija.

"Eu irei confiar em você, mas se eu souber que você ficou perto de Gina ou se quer trocou qualquer palavra com ela, ou se você tentar fugir, eu te mato."-Ela disse me dando uma curta puxada no cabelo, fazendo eu quase soltar um gemido de dor, eu sinto um arrepio percorrer meu corpo.

O pior e que e bem fácil de imaginar a cena dela me matando. Ela chegando em casa de surpresa, me vendo tentar pular a janela, ela me puxa e me joga no chão com todas as suas forças, eu grito, eu me contorço, mas não adianta, ninguém escuta, ninguém está lá.

Ela senta em cima de mim, me segurando, saca uma faca e começa a me esfaquear, eu grito, imploro, implorando por outra chance, outra vida, outro lugar, outra pessoa.

Ela continua me esfaqueando até eu começar a perder as forças e aceitar meu destino, até que eu finalmente perco a vida.

Sinistro, não?

"Sabe que pode confiar em mim, na sua garota."

"Eu vou confiar. Você não seria louca o suficiente para me desobecer, não é, coração?"

Ela ainda segurava meu cabelo.

"Sim."

Logo logo ela solta meu cabelo, respirando fundo.

"Isso. Seja uma boa menina que tudo vai dar certo, agora eu vou descer até a cozinha, despachar aquela trouxa da Gina, você vai ficar aqui sentadinha me esperando para quando eu chegar, vou trazer uma surpresa pra você também..."

"Jura?!"-Eu me forço a fingir um falso entusiasmo.

"Sim..."-Ela disse sorrindo gentilmente e acarenciando meus cabelos-"Agora fique aqui, eu já volto, tudo bem?"

Eu aceno e a observo sair do quarto, me dando uma última encarada quando ela para na porta do quarto para me encarar com malícia.

Assim que eu escuto os passos fortes e confiantes dela descendo as escadas, eu corro até o banheiro, indo no mesmo tubo de ventilação onde eu escutei as conversas mais cedo, eu me agacho e aproximo meu ouvido do tubo de ventilação, concentrada, quase que segurando minha respiração para tentar escutar.

"Ora, ora, parece que a loirinha voltou."-Era a voz de Gina.

"Deixa de ser infantil, agora me escuta, não vai ter como você ficar aqui, vai pra um hotel, motel, sei lá, dá teu jeito, eu até pago o hotel pra você se quiser."

Tiff realmente estava desesperada.

"Pra que tanto desespero, loirinha, está com medo de que? De eu pegar sua namoradinha? Achei que você era confiante."-Gina disse, seguido de algumas risadinhas debochadas.

"E melhor você calar essa sua boca por que se não a próxima coisa que você vai pegar vai ser sua língua quando eu cortar ela."

"Você não muda mesmo."

"Anda Gina, pega suas coisas e vaza."

"Eu vou mais eu volto, meu amor, e quem sabe... se você não descola um trisal."-Gina disse rindo novamente.

"Vai logo!"-Tiff disse putasssa da vida.

Assim que escuto o barulho da porta de entrada batendo e escuto os passos de tiff subindo as escadas eu corro até meu lugar, como se nada tivesse acontecido.

"Voltei..."-Ela disse com as duas mãos atrás dela, segurando alguma coisa.

"Eai?"

"Despachei Gina... finalmente, sinto que tirei uns 7 elefantes das minhas costas."-Ela disse respirando fundo, aliviada.-"E trouxe sua surpresa também..."

Tiff me mostra uma garrafa de champanhe que ela estava escondendo atrás dela.

"Para comemorar a saída daquela idiota."

"Obrigada... mas não quero beber agora..."

Tiff me encara com um pouco de desconfiança.

"Você não acha que eu coloquei alguma droga na bebida né?"

"Claro que não!"

"Então beba um pouco, não vai te matar, eu prometo."-Ela disse abrindo a garrafa e colocando nas taças, e me entregando minha taça.

Eu bebo. Eu tinha preocupações maiores no momento, Gina seria útil para minha fuga? Como eu fugiria? Quando tiff voltaria? Ela ficaria longe o suficiente para eu conseguir me resolver?

O Amor Tem Gosto De Sangue.Onde histórias criam vida. Descubra agora