Capítulo 1: Conversa Sobre Café

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Eu trabalhava em um caso de roubo, como de costume, crimes como esses são comumente requisitados a detetives particulares quando a polícia não consegue resolver, então não era surpreendente ver um detetive particular cansado. Fiz uma pausa dos meus casos recentemente, por isso decidi ir em um café, fui então ao Nona Cafeteria, é relativamente barato em comparação aos outros e o meu salário como detetive não era o suficiente pra eu ficar ostentando.

Entrei, fui ao balcão, pedi qualquer coisa que tinha a foto bonitinha, e me sentei por perto mesmo, no balcão, depois de um tempo o barista me entregou minha bebida, eu então agradeci, mas o que eu menos esperava era que eu não ia ter folga nenhuma.
-Olá.
Ele me disse em som pretencioso, o tom de alguém que quer alguma coisa.
-Oi- eu olhei em seu crachá- Gabriel.
ele sorriu.
-Sim, e seu nome é?
-Aimê.
-Que nome bonito, combina com você.
-Haha, não acha que devia começar falando de outra coisa antes de flertar com alguém?
-E o que você quer que eu diga?
-Não sei, algo sobre café? Já que esta no clima.
Bebi um pouco do cappuccino que peguei, era muito bom.
-Esse ai que esta tomando é o Mocaccino Macchiato, meu chefe queria chamar de "MM", mas iria dar muita confusão, já que não tem nenhum M&M nele.
-Haha... Mas foi bem pensado, e é muito bom.
-Obrigado, sou eu quem faço todas as bebidas daqui.
-Geralmente não gosto de café, então você é bom nisso.
-Eu sei.
Um cliente entrou e começou a olhar o cardápio, sorri para ele e voltei a beber meu café, ele foi atende-lo.

Terminei minha bebida, eu já ia pagar para ir embora, ia me levantando, porém o barista voltou.
-Espera, Aimê, vai embora sem me dar seu número?
-Hah, vou pensar no seu caso, mas só porque seu café é muito bom.
Ele sorriu. Nesse momento senti algo cair no meu ombro, algo leve, como uma pedrinha, olhei para os lados, o ambiente estava silencioso, haviam poucos clientes, apenas dois, então ouvi algo bem baixinho, como algo se quebrando.
-Você ouviu isso?
Perguntei ao Gabriel, ele balançou a cabeça da esquerda para a direita negativamente.
Então o som ficou mais alto, era algo se quebrando, se rachando bem devagar.
-Agora ouviu?
-Ouvi...
O som vinha de cima, ambos olhamos para cima lentamente.
Então o teto derrepente caiu, num estrondo muito alto o gesso desabou no chão, uma cliente gritou, a poeira subiu, lentamente abri meus olhos, no meio do salão da cafeteria estava um corpo.
-AAAAAAAHHhh!!!
Uma das clientes gritou quando viu.
Era uma mulher, o corpo estava esquartejado, separado em seis partes, tronco, cabeça,braços e pernas, estava quase seco, totalmente nua, sem sangue, todos ficamos em choque, a mulher que havia gritado chegou perto do corpo, se ajoelhou.
-Eduarda!!! Não acredito!!
Ela começou a chorar alto, o homem que estava perto dela chegou perto é disse:
-Se acalma, Sofia, calma...
Ele parecia preocupado.
Eu me levantei, fiquei em posição defensiva, Gabriel parecia assustado, a garçonete derrubou toda comida no chão e se apoiou em uma mesa, parecia apavorada. Então derrepente dos fundos da cafeteria apareceu o dono.
-Que que ta acontecendo aqu-
Ele arregalou os olhos quando viu o corpo, cambaleou para trás e se apoiou na parede.
O homem que estava consolando a tal Sofia pegou o celular e disse:
-Vou ligar para a polícia.
O patrão então disse:
-Não!! Espera o comércio fechar, isso vai dar uma péssima reputação pra cafeteria.
-Como assim?? Minha amiga morta esta no meio do chão!!
O homem se aproximou do dono, como se fosse puxar briga.
-Por favor, estamos quase sem clientela, eu tenho uma filha de 4 anos que não tem mãe e a cafeteria ta quase pra fechar...
-É, cara, só espere um pouco... Eu também preciso desse trabalho aqui.
Disse Gabriel ao homem. Eu apenas observava.
-Eu não sei não, gente... Acho melhor ele ligar mesmo.
Disse a garçonete.
-Eliza! Eu preciso desse emprego! Não tenho onde morar se não puder pagar o aluguel, caralho!
A garçonete fez uma expressão de medo e dúvida, e então se sentou o mais longe que pode do corpo, evitando olhar para ele.
Eu não pude deixar de ter curiosidade nesse caso, já havia reparado em vários detalhes.
-Então... Não acham melhor fechar as janelas?
Eu sugeri.
-Sim, claro... Gabriel, ajuda aí.
O proprietário começou a fechar as cortinas e o barista também.
Com todas as janelas fechadas e as pessoas mais calmas eu comecei a falar:
-Eu sou detetive particular, sabia?
A mulher que estava chorando me olhou com uma cara muito confusa e assustada.
-Ótimo, pode começar a ajudar a polícia nisso.
Disse o homem.
-Claro, era pra eu tirar folga, mas tudo bem, lá vou eu de novo.

Capítulo 1:
Conversa sobre café

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