A Rainha e A Louca

A Rainha

O barulho do relógio parecia ensurdecedor...Clyde olhava fixamente pra mesa de carvalho a sua frente,seus dedos tamborilavam na cadeira de madeira que estava sentada,a ansiedade fez seus olhos olharem pro relógio,que marcava 12:37 da tarde,Sr.Verissimo estava atrasado,o que era bastante incomum,o que poderia ter acontecido? Será que ela deveria se levantar e checar se estava tudo bem? Quando a ideia de se levantar corria por sua mente,e eu corpo ja ia se movendo,um barulho de porta sendo aberta podia ser ouvido,ela voltava a se sentar e apenas olhava prá trás,calmamente,abrindo um pouco a feição de seu rosto,aliviada por Sr.Verissimo ja ter chegado,mas logo,voltava para sua cara fechada de sempre, quando tinha uma surpresa tão desagradável quando o atraso de Sr.Verissimo.Uma garota ruiva com óculos steampunk entrava na sala,ela fechava calmamente a porta,enquanto se virava,era perceptível o cheiro de graxa e fuligem que exalava da mesma
-Tsc... não é possível...-Clyde dizia,essa era a última pessoa que desejava ver hoje,a arrogante Ash Hafey entrava na sala,quando fechava a porta,se virava com um sorriso no rosto,seu cabelo ruivo estava com uma trança pra frente,ela se sentava ao lado de Clyde, que se afastava um pouco pro lado, só para no mesmo momento Ash chegar mais proxima, o braço direito metalico de Ash tirava do meio de suas palmas uma moeda, e a mesma começava a fazer um truque de magica, passando a moeda por todos os dedos da mão metalica, Clyde desviava o olhar e ficava fixada no que estava em sua frente, de repente, o barulho do relogio parecia bem menos irritante do que o barulho da moeda de cobre batendo no braço de metal

-Então- Ash começava a falar
-Não.- Clyde a interrompia
-Não o que? Nem falei nada ainda- Ash dizia dando um leve sorrisinho que, mesmo sem Clyde olhar, era perceptível na sua voz, o que Clyde odiava
-Continue assim-

O dialogo era interrompido pelo som da porta novamente se abrindo,um homem entrava andando com passos rápidos e se sentava na frente das duas mulheres.O homem usava um terno marrom sem mangas com uma gravata vermelha e uma blusa social branca por baixo, em sua calça preta, o celular do homem vibrava com inúmeras mensagens
-Peço perdão pelo atraso, tá tudo uma loucura, muitos agentes estão em missões diferentes hoje e a maioria precisa de apoio- O homem dizia, pegando seu celular e colocando temporariamente no silencioso, a importância da conversa que teria era visível
-Está tudo bem, Senhor Veríssimo.- Clyde dizia, sua expressão neutra como sempre mas exalando compaixão e solidariedade em suas palavras
-Obrigado por entender- Dizia Senhor Verissimo
-É velho, tá tudo bem, relaxa- a ruiva dizia,com um sorriso sarcástico no rosto -Não é como se você tivesse atrasado uns...trinta minutos? Mais? Menos?- a que ainda estava passando entre seus dedos parava em um deles, e com um movimento, não estava mais lá
-Ta dah!- a ruiva exibida dizia, Clyde soltava um "Tsc" de puro descontentamento, era sempre um desprazer estar ao lado de Ash, as poucas interações que tiveram dentro da base da Ordo Realitas eram resumidas a Ash flertando com Clyde, e Clyde a ignorando ou negando seus inúmeros pedidos para sair pra tomar um café, se bem que, pela quantidade exorbitante de café que a ruiva consumia, talvez fosse só uma desculpa para beber mais
-Peço perdão novamente, mas, como ja disse, eu tinha situações importantes para resolver, muitas, então, sinto muito pelo atraso- Senhor Verissimo dizia,colocando o celular em cima da mesa.
A conversa foi relativamente curta, uma missão e uma explicação foi passada, de uma forma que pareceu aquelas perguntas e "tenho uma notícia boa e uma ruim, qual você quer primeiro?" Senhor Veríssimo explicava a situação, um leilão seria feito para pessoas de grande importância financeira, após o leilão, haveria uma festa, Senhor Verissimo dizia que, nesse leilão, haveriam ocultistas, cujo plano era tentar levar para casa um objeto amaldiçoado, seja ganhando o leilão ou furtando-o, bem, essa era a parte "boa" a parte ruim? Todos os agentes estavam em missões, os que não estavam, estavam feridos ou cuidando dos feridos, logo, as únicas que restaram, foram Clyde e Ash, e as mesmas teriam que trabalhar juntas e impedir a compra ou o roubo do objeto em questão, Senhor Verissimo explicava que a compra não seria problema, os patrocinadores da ordem estariam na parte financeira, então quase qualquer custo poderia ser coberto pela Ordem, mas essa não era a preocupação de Clyde, nem Senhor Verissimo sabia quanto tempo o leilão iria durar, ou seja, Clyde teria que passar todo esse tempo com a ruiva estravagante que estava ao seu lado, quando sua mente se atentou a esse fato, parecia que tinha parado de ouvir depois disso, sua mente só ficou focada em pensar em ter paciência suficiente por uma noite toda, e então, sua mente voltou a realidade, quando sentiu a mão metalica sorrateira de Ash encostando em sua mão, o metal estava relativamente quente, provavelmente pelas horas que Ash passava com um maçarico na mão, ou segurando um café quente, mas isso é irrelevante, Clyde tirava rapidamente sua mão do apoio de madeira da cadeira, mas ela conseguia ver em sua visão periférica, Ash sorrindo e deixando sua mão no lugar onde estava a mão de Clyde, como se fosse um aviso, "se quiser apoiar sua mão, vai ter que ser na minha" a ideia de ter paciência por uma noite toda parecia bem distante naquele momento.
Quando Senhor Verissimo terminou sua explicação, ele rapidamente se despediu e saiu, seus ultimos avisos eram de que, um agente iria levá-las e buscá-las quando o leilão terminasse, elas só deveriam mandar uma mensagem e ele iria, otimo, o fato de que teria que passar a noite toda com Ash ficou real demais
-Bem...finalmente um momento só nosso, não é Clyde?- Ash perguntava, o sorriso não desaparecia de seu rosto por nada, mas isso era irrelevante e irritante
-Em uma missão séria, você pode levar isso a serio, Ashley?- Clyde perguntava, usar o nome todo de Ash era uma tática ensinada por outros membros da ordem para fazer Ash sair do sério e, consequentemente, calar a boca, o que parecia não ter funcionado
-Não seja assim, Winchester...sabe, você vem tentando me evitar a bastante tempo, talvez as cartas do próprio destino tenham unido a gente- Ash dizia, se escorando na cadeira, as duas, levantadas, se encaravam, Clyde olhando o sorriso sínico da mulher ruiva que fazia sua raiva subir, queria socar a cara de Ash ali mesmo, mas infelizmente, não poderia
-Ele disse que o horario seria as oito da noite- Clyde dizia
-Sim, tá querendo dizer que quer fazer algo até lá?- Ash dizia com um tom sugestivo, o mesmo tom que dizia "Ei, quer sair comigo?" Sem nem precisar usar essas palavras
-Estou dizendo que não precisamos nos ver até lá- Clyde falava e saia da sala, fazendo questão de bater a porta.
Clyde nunca achou que aproveitaria tão bem sete horas consecutivas de silêncio, enquanto preparava um vestido para sair, ela carregava seu armamento, infelizmente, não poderia usar suas duas armas, ficariam chamativas demais, ela escondia apenas uma das duas na parte de dentro de sua coxa, era uma pena que só poderia levar uma arma, e é uma pena que não poderia usá-la em Ash, quando chegava perto do horario, completamente arrumada, sai de casa e se dirigia a base da Ordem, de onde partiria, ao chegar lá, cometeu o lindo engano de achar que ainda teria alguns minutos para aproveitar a paz e o silêncio, como dito, lindo engano, ao chegar, viu a ruiva, magica, insuportável, Ash, que fazia um truque com um baralho de cartas, jogando-o de um lado para o outro, cortando o deck no meio em quatro partes e o girando em suas mãos, Clyde achava a ruiva uma pessoa desnecessária r chata, mas, tinha que admitir, aquilo era incrivelmente ágil, mas, obviamente, nunca falaria isso pra Ash
-Por que chegou tão cedo?- Clyde dizia, com  obvia hipocrisia
-Imaginei que você fosse chegar cedo, e não é que eu acertei?- Ash dizia, parando o truque e guardando o deck de cartas de forma organizada em sua caixa
-Da pra parar com isso?-
-Isso o que? Ser tão incrível? Ah, qual é, você sabe que gosta do que vê- Ash se aproximava
-Sabe que eu posso te quebrar no meio, não é?- Clyde dizia, tentando ser ameaçadora, novamente, lindo engano
-Ah, minha querida, eu torço por isso- Ash dizia, o fato dela conseguir virar a mesa e distorcer tudo que Clyde falava a irritava profundamente