Jantar

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Capítulo 25

Chegámos a casa, mas ainda faltava algum tempo para a hora de jantar...umas três/quatro horas talvez.

Aproveitei para fazer uma coisa com o Harry. Uma coisa de que ele goste, que o possa relaxar. Ele ficou bastante nervoso quando soube do jantar.
Eu: que queres fazer?
Harry: treinar para o jantar com os teus pais. - diz, levantando-se do sofá e dirigindo-se para a cozinha.
Eu: ham?! - pensei que ele estivesse a gozar.
O Harry chega e coloca na mesa um prato, vários talheres e senta-se com um ar sério.
Eu levanto-me e dirijo-me para a mesa.
Eu: estás a brincar?
Harry: não, senta-te.
Eu senti-me.
Eu: estás a ser ridículo, sabes?
Harry: antes ridículo aqui, do que ridículo com os teus pais.
Eu reviro os olhos.
Eu: tu és parvo.
Harry: até posso ser, mas quero que tudo corra bem.
Eu: vai correr.
Harry: diz-me o que tenho de fazer para os teus pais gostarem de mim, é que eu não sei.
Eu sento-me ao colo dele.
Eu: eles querem conhecer-te pelo que tu és, não pelo que finges ser. - dou-lhe uma festa no rosto. - Desde que sejas simpático, trabalhador e que me trates bem, eles vão adorar-te. Que eu saiba, és essas coisas todas...bom, um bocado preguiçoso, mas é por isso que não tens com que te preocupar.
Harry: o teu pai é muito rígido? - ele ignorara o que eu lhe acabei de dizer. É melhor desistir e ajudá-lo com isto.
Eu: no que toca a namoros?
Harry: sim...
Eu: é que nem desconfio. Nunca lhe apresentei ninguém. - não foi a melhor coisa para lhe dizer neste momento.
Harry: e-eu s-sou o...primeiro? - ele está a gaguejar ligeiramente.
Eu: é vai começar...
Ele ficou ali tipo em guerra com ele próprio, não sei.
Eu: cala-te, por amor de Deus, cala-te.
O Harry levantou-se e foi buscar o casaco, rapidamente. Olha para o relógio.
Eu: Harry?!
Harry: vou comprar uma coisa para o teu pai.
Eu: '--' tu estás a delirar.
Harry: conheço um mini mercado português, já volto.
Eu: eu vou contigo!
Harry: não, eu quero que seja surpresa. Fica aqui, Tris.
Atiro-me para o sofá.
Eu: Okay. -.-
Tiro o meu bloco de desenhos e ponho-me a desenhar, enquanto espero por ele.

**

Ele chega, com um saco de compras e com o embrulho (de forma estranha) para o meu pai.
Eu: demoraste.
Ele: a sério? Não me dei conta.
Eu: o que tens aí? - sem tirar os olhos do desenho.
Ele: comprei um fato novo, uma lembrança para a tua mãe é um vinho para o teu pai.
Eu: um fato?
Harry: sim...
Eu: Harry, não é preciso tanto.
Nesse momento o meu telemóvel toca. É a minha mãe.
Eu: estou, olá mãe. - o Harry faz-me um sinal, dizendo que vai vestir o fato.
Mãe: podes vir por volta das 19?
Eu: porquê? Não é muito cedo?
Mãe: vamos começar pelas entradas...
Eu: ah, sim é na boa. - olho para o relógio e vi que faltava apenas meia hora para as sete. - Se quiseres vamos para aí agora.
Mãe: como quiseres, Tris, esta vai ser a tua noite.
Eu: obrigada mãe. Ele está um bocado nervoso com isto do jantar. Comprou um fato e tudo. Diz que tem uma lembrança para ti e para o pai.
Mãe: diz-lhe para não se esforçar demasiado, não é preciso.
Eu: eu já lhe disse. - digo, dando uma gargalhada. - Mas ele está demasiado nervoso, quer que pelo menos uma coisa lhe corra bem.
A minha mãe ri-se.
Mãe: esse rapaz deve gostar mesmo de ti.
Ouço o Harry a gritar por mim.
Eu: é. Vou ter de desligar, até já.
Desligo a chamada e vou ter com o Harry.
Harry: podes apertar-me a gravata?
Eu: não te esforces demasiado Harry, já disse.
Harry: apertas ou não?
Eu: tu é que sabes... - aperto-lhe a gravata. - vamos?
Harry: e se correr mal? E se eles não gostarem de mim? O que vai ser de nós?
Eu: estás a dramatizar...se eles não gostarem, eu vou continuar a gostar Okay? - beijo-o. - Vamos.

***
É agora.
Subimos para o meu apartamento e esperámos à porta.
O Harry estende a mão para tocar na campainha.
Estava quase com o dedo nela, quando lhe dá na cabeça para me dar um beijo.
Este gajo anda parvo.
Decidi tocar à campainha.
O Harry apercebe-se disse e dá-me a mão. Começa a apertá-la e a apertá-la, até que a minha mãe nos abre a porta.
Mãe (M): QUERIDO, A TRIS JÁ CHEGOU!!
O meu pai desce as escadas, ouço os passos apressados dele.
Pai (P): Olá, Tris.
Eu: olá pai...este é o Harry, o filho da nossa vizinha.
Mãe: Harold Styles? O filho mais novo da Anne?
Eu: Harold?! - faço troça dele.
M: Não ligues, ela é meia parva...mas como namoram, acho que já deves saber disso não é?
P: namoram?! - olha o Harry de alto a baixo e troca um olhar com a minha mãe.
Eu: sim, pai.
Reparo que os meus pais estão vestidos muito formalmente. A minha mãe está a vestir um vestido roxo que lhe dá pelos joelhos e tem o cabelo muito bem arranjado. O meu pai está a vestir um fato preto, com uma gravata de cor avermelhada. Estou-me a sentir um bocado à parte. Tenho umas calças justas e uma sweat vestida. Os jeans estão rotos no joelho e eles vestidos como se fossem para um casamento.
M: entrem, não fiquem aí.
O Harry está super tenso. Ainda não disse uma palavra.
Eu: sorri, ao menos. - sussurro-lhe.
O meu pai coloca o braço dele à volta do pescoço do Harry.
P: então...
Harry: tem aqui uma casa muito bonita.
P: obrigada. Eu e a minha mulher esforçamo-nos muito na decoração. - dá-lhe um carolo, suavemente e despenteia ligeiramente o cabelo de Harry.
Harry: trouxe uma coisa para si.
P: para mim?! Ora, não era preciso rapaz.
Harry: dê-me só um momento, vou buscar.
P: põe-te à vontade.
O Harry vais buscar o vinho.
Enquanto ele vai, fico sozinha com o meu pai.
Eu: trata-o bem. Ele já está suficientemente nervoso.
P: mas eu fiz alguma coisa?!
Eu: ainda não. Tem cuidado. Ele esforçou-se demasiado. Não faças pressão.
Entretanto ele chega.
Harry: espero, muito sinceramente, que goste. - faço um sinal ao Harry com as mãos...a dizer-lhe para relaxar.
O meu pai sorri-lhe e abre a embalagem.
P: Porto?
Harry: sim, gostou?
P: há anos que não bebo vinho do Porto! Adorei! Obrigada, rapaz.
Harry: foi o que eu calculei ahah, arranjei-o a um bom preço num mercado aqui perto.
O meu pai está, neste momento, a servir-se do vinho.
Prova.
P: hmm, este é genuíno.
Harry: é um mercado português.
P: tens de me dar o nome.
Harry: com todo o gosto.
M: Tris, podes vir dar um jeitinho?
Harry: eu vou.
M: oh, não Harry, não te incomodes. És o nosso convidado, fica aí. A Tris vem ajudar.
Harry: ora essa, não incomoda nada. Eu vou ajudá-la.
E foi.
Fiquei outra vez com o meu pai.
P: é sério? - pergunta, enquanto brinca com o vinho no copo.
Eu: como assim?
P: o rapaz, parece estar a empenhar-se. - dá um gole. - É sério?
Eu: não sei. Só o tempo dirá, penso eu.
P: gostas dele?
Eu: mas que pergunta, pai.
P: é uma pergunta como qualquer outra. Gostas dele?
Eu: pensas que eu só estou com ele porque ele é bonitinho? Para me divertir?! Sim, eu gosto dele. Demasiado, até.
P: nunca se sabe Beatrice. Tiveste problemas com isso.
Queria tanto poder levantar-lhe a voz neste momento ou dar-lhe um chapadão..., mas mantive a calma.
Eu: eu sei que tive. Foi uma única vez. Não vai voltar a acontecer.
O meu pai continua a brincar com o vinho.
P: se calhar já aconteceu... - levanta uma sobrancelha.
Eu: o quê?!
P: já...já...? Já, pronto, tu sabes.
Eu: por favor não estragues a noite.
Levanto-me.
P: onde vais?
Eu: ajudar a mãe.
Chego à cozinha e vejo que o Harry está super descontraído. Ele está-se a rir imenso com a minha mãe, super à vontade. Aliás, demasiado à vontade.
Eu: venho interromper alguma coisa?
M: não, não. O Harry estava só a mostrar-me como se faz pão de alho 'à inglesa'.
Eu: mas mãe, tu és inglesa.
M: ele é mais do que eu. - começa-se a rir e o Harry também.
Faço um sorriso forçado. Não percebi a piada.
Eu: vou pôr a mesa.
Vou para a sala e vejo que o meu pai ainda está com o copo de vinho na mão, como se estivesse à espera de alguma coisa. Olhava fixamente para o telemóvel.
Eu: acorda!
P: oh, olá Tris. Estou sou à espera de uma mensagem importante.
Eu sorrio.
P: mas agora vou à casa de banho.
Eu: vai lá. - eu e o meu pai estamos sempre a ter recaídas nesta nossa relação. Mas depois acaba sempre por voltar tudo ao normal. Nós somos assim.
Ele sai da sala e quando passa por mim dá-me um beijo na testa.
P: desculpa lá aquilo de há bocado.
Eu: não há problema. Desculpa eu não ter dito nada à cerca de...bom...
P: estás a ficar grandinha, já estava à espera.
Enquanto ponho a mesa, o telemóvel do meu pai toca. Um toque de mensagem.
Aproximo-me da mesa de centro e vejo a notificação.
Juro que não desbloqueei o telemóvel, até porque não sei o código.
Mas a notificação dizia: "Uma mensagem de: Linda" e ainda um bocado de texto "Estou a ficar um bocado farta!, Se não contas tu, conto eu"
Mas contar o quê?!
O meu pai entra.
P: o que estás a fazer?
Eu: estava só à procura do comando das colunas, para meter aí uma musiquinha de ambiente. - minto.
P: não está nessa mesa, querida.
Eu: oh, sim, já tinha reparado.
O meu pai sorri-me.
P: o telemóvel por acaso tocou?
Eu: ya, por acaso tocou.
O meu pai corre para ver a mensagem.
Ele estava à espera daquilo. À espera daquela mensagem, da mensagem da Linda. Resta saber quem é.
Eu: quem é?
P: é só uma mensagem, de uma amiga minha.

                                                                                                            ****
Agora estamos todos a jantar.
O Harry já não está tão nervoso. Agora o nervoso é o meu pai.
Ele não para de tremer e de olhar para a porta.
Eu: está tudo bem, pai?
P: sim, está tudo bem. - ele vira-se para o Harry. - este vinho é realmente muito bom.
Harry: eu sabia que ia gostar.
M: compraste-lhe vinho?! Tris, este rapaz gosta mesmo de ti.
O Harry cora.
Harry: é verdade. Eu gosto mesmo dela.
Eu: eu também gosto, Harry, mas vá. Deixemo-nos de paneleirices.
M: paneleirices?! Como vai ser quando ele te pedir em casamento?!
O Harry ri-se, mas nota-se que esta  conversa o está a deixar ligeiramente desconfortável.
Eu: não sei se o Harry é desses.
Harry: porque não?!
Eu: não sei...nem sei se vamos chegar a esse ponto.
Harry: um dia ainda nos vamos rir deste momento.
Eu: um dia ainda me vou rir do comentário que fizeste agora. - a conversa estava a tomar um rumo deprimente, agora.
M: Tris!
Eu: o que foi? É verdade!
Harry: não sei porque é que ainda desconfias tanto das minhas intenções.
P: meninos, por favor parem. Ainda é muito cedo para pensar em casamentos, é verdade. Mas até pode vir a acontecer. Agora comam, a vossa mãe esforçou-se muito neste jantar.
Harry: peço desculpa.
Eu: a culpa não é tua, Harry. - sorrio - É minha, desculpa, estou com a cabeça noutro sítio.
Comemos bacalhau à Brás, um prato que a minha mãe adora fazer.
Estava delicioso. Só ela sabe fazer aquele bacalhau, daquela maneira.
Claro que, com um inglês à mesa, é um bocado complicado discutir gastronomia.
O resto do jantar foi tranquilo, ainda jogámos um jogo de grupo. Rapazes contra raparigas. Estivemos a jogar o pictonary, aquele jogo dos desenhos.
Ganharam as raparigas, óbvio. O Harry e o meu pai nunca tiveram jeito para o desenho.
Depois, levei o Harry a casa. Desci dois andares ahah.
Eu: vês? Eles não são assim tão maus.
Harry: pois não, eu estava mesmo a ser ridículo.
Eu: é que estavas mesmo muito.
Harry: amas-me mesmo assim, eu sei.
Eu: se eu fosse a ti, duvidava. - virei-me as costas e fui embora.
Harry: estás a gozar comigo, não estás?
Chamo o elevador.
Harry: Tris! - Ele entra no elevador antes que a porta feixe.
Eu: claro que estou a gozar. - dou-lhe um beijo.
Harry: ótimo. - ele carrega em todos os botões.
Eu: tu és parvo não és?
Harry: sou. - agarra-me pelas ancas e beija-me.
A porta ia abrindo de 10 em 10 segundos e cada 10 segundos o nosso beijo ia-se quebrando.
Harry: já sei porque dúvidas tanto das minhas intenções.
Eu: como assim?
Harry: não queres casar?
Eu: Harry...
Harry: queres ou não?
Eu: não sei, é muita pressão, Okay? Tenho 17, não 25!
Harry: achas que não sou capaz de ter uma relação séria, não achas?
Eu: adeus, Harry, eu saio aqui. - dou-lhe um beijo, sem emoção ou qualquer tipo de expressão, e vou-me embora.
Não sei se quero casar com ele.
Nem sei se quero casar.

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