As coisas que são mortais
O jeito que eu estou bebendo você
Como se eu quisesse me afogar, como se eu quisesse acabar comigo
Pise no vidro, grampeie sua língua
Enterre um amigo, tente acordar
Bury a friend — Billie Eilish
Taylor e Ethan se movem pelas prateleiras sempre escondidos pelas sombras, quando eles estão próximos do lustre enrolo um peão branco em Laylah e respiro fundo antes de atirá-lo próximo a porta pela qual entramos. A Morsa é a primeira a ouvir e colocando um dedo em frente aos lábios ele e o Carpinteiro andam naquela direção, aproveito para pular pra próxima prateleira.
Olhando esse quarto melhor eu percebo que ele é mais parecido com uma loja do que apenas um quarto bagunçado, o que me faz lembrar de uma casa que Alice precisou cruzar para se tornar rainha, aqui deve ser a loja que Charles descreveu, mas não são os Tweedles a contar o poema sobre os dois velhos ali embaixo.
Ethan enfim pula no lustre e Taylor balança as mãos, consinto e ela atira outro brinquedo perto de onde os homens estão.
O Carpinteiro olha para cima, me encosto na parede e torço para sua visão ser ruim, ele olha para algumas prateleiras, mas depois desiste e puxa uma pilha de louças velhas quebrando todas. Pego uma bola de golfe e a empurro, a bolinha cai e quica em direção a porta, os dois se viram confusos, mas como não veem nada trocam um olhar.
— Você não acha que eles seriam espertos o suficiente para enganar a gente, acha? — O Carpinteiro pergunta, ele olha para cima de novo, mas já estou atrás de um livro.
— Você sabe que nem eu alcanço aquelas prateleiras. — A Morsa resmunga.
— Porque você é um preguiçoso! — O Carpinteiro anda em direção a mesa...
Olho para Ethan, mas ele não está mais a vista, o Carpinteiro se inclina para puxar uma cadeira, prendo a respiração. Se ele nos achar aqui antes do lustre cair nós estaremos perdidos.
Um estrondo faz a sala toda tremer e tenho que lutar para me segurar em algo e não cair, quando tudo volta ao normal encaro o lustre caído em cima do Carpinteiro, abro a boca e não só eu, a Morsa também reage soltando um grito de pavor. Olho para a mesa em busca de Ethan e meu segundo choque é vê-lo em tamanho real, ele salta na mesa e pegando impulso se joga para frente e com um movimento de braço o pescoço da Morsa é cortado e o homem gordo cai de joelhos. Ethan ri e olha para cima piscando pra mim, quero muito perguntar como ele fez isso, mas minha voz não deve ser alta o suficiente para ele ouvir agora.
Ethan se apoia em um banquinho e estica sua mão para Taylor descer, depois faz o mesmo comigo, quando estamos na mesa ele se abaixa e sussurra:
— Os bolinhos, vocês precisam comer para voltar ao normal.
Taylor olha para mim e parece tão em choque quanto eu, mas mesmo assim nos viramos para os bolinhos e agradeço por estar tão pequeno e apenas uma migalha bastar já que a maior parte da comida está com cacos do lustre, assim que engulo sinto um calafrio e quando abro os olhos estou mais uma vez do meu tamanho e Deus, como eu amo ter minha altura de volta.
— Ninguém pode te chamar de baixinho e te ofender agora. — Ethan brinca, reviro os olhos.
— Isso foi idiota, mas eu vou perdar porque você salvou nossas vidas.
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The Heartsplains - Saga Maurêveilles - Livro três
Mistério / SuspenseDeixai toda esperança, vós que entrais. Uma guerra se aproxima cada vez mais e Alice pretende usar de todas suas forças para impedir que sua coroa seja tomada e Wonderland restituída. Aliados foram formados e Abel veio para o lado dos Sem Sentido...