Samura e S/n andavam sempre juntos para todos os lados, a maioria das vezes de mãos dadas, os outros se espantavam, principalmente suas amigas, mas estas nunca a deixaram de lado. Sim, S/n sabia que Samura era um assassino, com o passar do tempo ela presenciou várias de suas mortes, torturas e espancamentos, mas apenas via o que ela julgava ser o principal: um lado doce que apenas ela conhecia e ninguém mais, ele a protegia como um guarda-costas e a tratava como uma rainha, cuidava como um recém-nascido e vice-versa. Ele a enfeitava com flores no cabelo e estrelinhas na maquiagem de seu rosto e ela rabiscava sua pele com delineador preto acrescentando detalhes às suas tatuagens, eram como duas crianças brincando quando estavam juntos. S/n estava sempre ao lado dele, o amava muito, a ponto de fazer loucuras, literalmente. Ela compartilhava com ele um segredo que ninguém imaginava ao seu respeito, o que os uniu num laço extremamente forte que se tornou impossível de ser rompido: ela também costumava matar.
Apesar de sua aparência fofa, S/n, quando ainda era uma criança, havia sido mordida por um cão bravo de sua antiga vizinha que não se importava em por o animal numa coleira ou adestrá-lo. As reclamações dos outros vizinhos eram constantes e a senhora nem sequer se importou em ajudar a garotinha de nove anos que estava com a perna sangrando devido ao ataque do bicho. Após voltar do hospital com alguns pontos e a perna enfaixada, a menina teve uma ideia para se vingar a velha e do seu cão. Ela levou dinheiro para comprar veneno de ratos numa loja de conveniência quando voltava da sua escola e, certificando-se de não ser vista, colocou o veneno no pote de ração enquanto o cão dormia. Pouco depois observou da janela de seu quarto o desespero da velha ao ver seu cachorro vomitando sangue. S/n não sentiu remorso algum com o ato, ela até tinha que disfarçar sua vontade de rir quando seus pais e vizinhos estavam ao redor tentando acalmar a velha que acusava a todos pela morte do seu cão.
Não fez nada mais após isso, seus próximos passos só foram acontecer ao assistir o namorado matar um homem por tê-la chamado de gostosa três vezes. Ela estava o explicando um assunto qualquer sobre biologia que Samura não tinha entendido. Eles estavam recostados numa das árvores do pátio no intervalo, ele a ouvia falar enquanto abraçava seu braço. Um garoto metido a paquerador, novato naquele colégio, que tinha acabado de entrar no terceiro ano os viu ali. Chegou perto disfarçadamente e ficou os encarando.
- Ouvi falar de suas historinhas por aqui - riu debochado para o tatuado - E as achei bem criativas para um amador de filmes de terror.
Samura, que estava o tempo todo de olhos fechados apenas ouvindo sua namorada, os abriu, olhou-o dos pés à cabeça e tranquilamente voltou a fechá-los. Não iria dar ouvidos a ele.
- Cara, quantos anos você tem? Parece um otaku qualquer. Não sei o que essa garota está fazendo aí com você quando poderia estar com alguém que poderia proporcionar algo bem melhor pra ela. - piscou para S/n que fingiu que não o via ali.
Samura continuava não ligando, porém suspirou fundo.
- Sabe, acho que a tua menina precisa de alguém mais maduro. Você não dá conta!
O garoto tentou puxar S/n pelo braço mas Samura afastou sua mão com um leve empurrão e agarrou sua namorada forte pela cintura, o encarando com uma expressão séria.
- Nunca te disseram pra não mexer com quem está quieto?
- O aspirante a Yakuza aprendeu a falar? Você não era mudo, cara? - debochou.
- Você está se achando demais pra quem acabou de chegar aqui! - S/n fala com desdém enquanto mexia numa mecha de seu cabelo.
- Own, é mesmo? E o que é que pode me acontecer?
- Paga pra ver...
🗡🗡🗡🗡🗡
S/n e Samura estavam num beco onde as pessoas costumavam por lixo, era o lugar perfeito para acertar as contas com o novato que morava perto dali. Ele sempre saía as noites para ir aos bares com os amigos e passava sempre por aquelas ruas esquisitas sem o mínimo de preocupação. Samura viu que ele estava se aproximando e coloco S/n sentada em cima de uma caçamba um pouco afastada mas tinha uma visão perfeita do que iria acontecer.
Ao chegar na frente do beco Samura o puxou para dentro pela gola da blusa e o jogou direto no chão, estava segurando um martelo e não demorou para subir em cima dele e desferir um golpe sobre sua cabeça o fazendo ficar tonto e quase desmaiar. Suas costelas foram quebradas por algumas marteladas, o rapaz não tinha forças para gritar mas ninguém ali o ouviria, já que ninguém costumava passar por um lugar tão vazio durante a noite. Quando já estava quase sem vida, Samura pegou a katana que havia trazido em suas costas e desmembrou o que sobrou do garoto, empilhou tudo de forma meio bagunçada, jogou um balde de algum líquido inflamável sobre os restos, acendeu um isqueiro e o jogou ateando fogo para limpar a sujeira. Eles foram embora sem nem olhar pra trás.
🗡🗡🗡🗡🗡
Após ver muitas vezes como o namorado resolvia seus problemas, S/n começou a tentar também. Uma vez estavam numa praça sentados em um banco aproveitando um dia de folga. S/n estava fazendo carícias na bochecha de seu namorado que assistia algum vídeo aleatório no celular quando viu que a loja de doces que fica do outro lado da rua tinha aberto. Ela pediu para que ele esperasse enquanto ela iria comprar algodão doce, ela entrou no estabelecimento e comprou um algodão cor de rosa como seus cabelos, quando estava voltando encontrou três garotas, todas loiras tingidas, se aproximando de Samura tentando puxar assunto e o mesmo parecia um pouco incomodado pois estava mordendo o lábio inferior enquanto as respondia de forma breve, hábito este que fazia quando alguém o aborrecia. As garotas passavam a mão pelas tatuagens de seu braços diziam o quanto ele era maneiro.
- Ei! - aproximou-se fazendo Samura a olhar e dar um sorriso ladino já esperando o que poderia vir enquanto as outras a olhavam com indiferença - Quem são vocês?
- Quem é você? - responde a garota que estava mais perto do seu namorado a olhando de cima a baixo.
- Sou a namorada dele, muito prazer! - sorriu debochada.
- Você??? - ela perguntou incrédula e em seguida todas riram. - Ainda deve estar usando fraudas e já pensa em namorar!
- Pelo menos eu não sou uma biscateira que sai dando em cima do primeiro homem que vê pela frente. - rebateu irritada - Agora sai de perto dele!
- Me obriga! - pôs uma mão na cintura enquanto erguia uma sobrancelha.
Aquela fala fez S/n fechar a mão em punhos, mil coisas passavam por sua cabeça naquele momento. Tinha que pensar no que faria para que elas se arrependeram mas obviamente não iria deixar ficar assim por enquanto, abriu bem sua mão e desferiu um tapa no rosto da garota loira que ficou com longas marcas de suas unhas e, não satisfeita, estragou o algodão em seu cabelo o deixando completamente grudento pelo açúcar que derretia com o calor gerado pelo atrito. Ela se afastou assustada e pôs a mão na bochecha enquanto suas amigas olhavam o estado do seus fios. A olhou com desgosto, seus olhos lacrimejando de raiva.
- Isso não vai ficar assim!
- Claro que não, logo vai inchar! - riu.
- Ah, é? Então bem, se realmente se garante tanto, por que não vem aqui à meia noite? Quando os guardas municipais não estão mais em horário de serviço. Vou estar esperando pra ver se realmente é uma mulher. E traga o seu garotão, quem sabe eu não o levo como prêmio?
Com muito cinismo, foi embora acompanhada de suas amigas. S/n sentou ao lado de Samura e o acariciou sorrindo diabólica, ela poderia simplesmente deixar aquela ameaça ridícula pra lá, mas teve uma ideia mais interessante.
- Nós vamos realizar o pedido dela.
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Cotton Candy
Fiksi PenggemarSamura era anti-social e introvertido desde seu nascimento, o que fazia com que ele não conseguisse se dar muito bem com as pessoas, sendo alvo de muita provocação delas. Porém, em um certo momento, ele mudou isso, mesmo sendo da pior forma possível...