Turbilhão

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Suave. Beijar Carlos Sainz era como ter na boca um algodão doce. Os lábios dele não eram tão macios, mas me tocaram com uma delicadeza que me fizeram desmanchar. Coloquei as mãos por cima das suas, sentindo a textura da pele que cintilava entre a aspereza e a suavidade, e deslizei de leve os meus dedos pelos seus braços. Um sorriso imediato se abriu em mim ao notar o arrepio que subiu pelo meu corpo quando senti os pelinhos de Carlos Sainz sob meus dedos; foi um momento que beirou o encanto. Aquele beijo foi devagar, íntimo e cheio de carinho – e eu queria repetir mil vezes mais.

– Eu não tenho noção do que faço da minha vida, mas você é muito perfeita. – Carlos disse enquanto explorava meu rosto com os dedos, seu rosto tão próximo do meu que a boca relava na minha. – Eu não acredito, você tem que ter algum defeito.

Suas pupilas estavam dilatadas e a expressão feliz no rosto dele quase deixou que eu esquecesse que o tempo corria contra nós, mas o peso no meu coração me puxava para a realidade, me fazendo ficar dividida entre o prazer do momento e a angústia dos fatos. Eu tentei te apoiar, Carlos, e não interferir na sua decisão, porém por dentro eu queria gritar e te implorar pra ficar.

– Não acredito que estivemos no mesmo lugar por dois dias e a vida não teve a dignidade de nos colocar frente a frente. – eu disse enquanto passava o polegar sobre seu queixo, maravilhada em poder tocá-lo.

– Essa foi uma das coisas mais lindas que você já me disse.

Carlos beijou minha mão, e não entendi o porquê essa frase soava linda para ele. Para mim, era extremamente doloroso.

– Tiveram tantas oportunidades! – continuei. – As dinâmicas no auditório, os momentos que fizeram a gente se misturar, a festa... Eu estou muito triste!

Eu estava mesmo triste. Se tivesse conhecido Carlos antes nós teríamos mais tempo juntos, e talvez esse tempo ganhasse o futuro. Era uma probabilidade imprevisível mas que mesmo assim me machucava.

– Não ia acontecer nada. – ele riu baixo. – Eu ia ficar com vergonha de falar com você.

Me custou imaginar Carlos Sainz envergonhado. Logo ele, tão cheio de ousadia?

– E daí? A GENTE IA SE VER, não estraga!

Eu entrelacei nossas mãos sorrindo para ele, e Carlos me surpreendeu com um beijo inesperado. Meu corpo todo se aqueceu.

– Talvez eu falasse assim: "você é muito linda, parece um anjinho, posso te beijar?", e a gente seria expulso do evento.

– Pelo menos a gente ia se beijar lá fora, teria uma desculpa!

– Eu não te aguento, que lindeza!

Carlos riu. Seus olhos brilhavam de um jeito lindo, eu estava completamente apaixonada. Meu coração palpitava, dançava, girava. Eu queria aquele homem para mim, queria que ele pudesse ficar do meu lado. Queria poder abraçá-lo todas as manhãs e ouvir sua voz perto de mim sempre.

– Vou chorar. – eu avisei, mas meu olho já estava cheio.

Minhas lágrimas molharam as bochechas e Carlos as secou gentilmente. Eu queria fechar meus olhos e apreciar o toque, mas também não queria perder qualquer segundo da oportunidade que eu tinha de olhar seu rosto ali, tão próximo, tão vivo. Não era uma foto, não era um vídeo... Era real, era Carlos ali comigo.

– Como pode? Ser tão linda assim... Vou te roubar pra mim.

– Eu aceito, pode roubar!

Carlos não disse nada, apenas me olhou por um tempo. Seu semblante ficou triste de repente e eu apoiei minha mão no rosto dele, fazendo carinho na bochecha com o polegar. Carlos colocou a mão por cima da minha. Ah, como meu coração doía! Como era possível?

Pelo telefone | Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora