Carol acordou naquele dia sem disposição para nada. Seu corpo doía, seus olhos estavam inchados e sua cabeça se sentia como a ponto de explodir.
Ela tentou se desfazer da posição fetal em que aparentemente havia permanecido desde o momento em que se deitou na noite anterior mas seus músculos se repuxaram e ela mudou de ideia.
Ela tinha a esperança de que tudo aquilo fosse apenas mais um sonho ruim, que não passasse de ilusão.
Perdeu as esperanças quando sentiu um braço tímido deslizar por sua barriga lentamente quase como se tivesse medo de sua reação.
Seu corpo se endureceu após o contato e ela apertou os olhos fechados tentando impedir o choro de sair mais uma vez. Sentiu a pessoa que estava em suas costas se aproximar mais e dessa vez a abraçar forte tentanto oferecer algum tipo de apoio ou conforto.
"Vai ficar tudo bem Ca, eu to aqui contigo" o sussurro foi quase imperceptível mas demonstrava uma quantidade imensa de carinho e também preocupação.
Ao ouvir aquelas palavras um soluço escapou da garganta de Carol e seu corpo inteiro chacoalhou enquanto ela se virava e tentava esconder sua fragilidade no pescoço de sua companhia. Ela agarrou a camisa de Rosamaria com tanta força que a mais nova acreditou que o tecido se rasgaria, mas se manteve ali em silêncio a abraçando e acariciando as costas da central com todo o amor e apoio que podia oferecer naquele momento.
Ver a amiga naquelas condições lhe partia o coração. Ela não entendia como alguém poderia fazer mal a uma pessoa tão genuína como era Carol Gattaz. Não entrava em sua cabeça. Respirou fundo e ficou ali esperando que a mais velha se acalmasse enquanto se perdia em seus próprios pensamentos.
Após longos minutos ambas se sentiam mais tranquilas. Carol estava mais calma e se sentia confortável de sair do seu esconderijo.
"Achei que cê tivesse ido embora ontem a noite" a mais velha falou baixinho.
"Eu fiquei muito preocupada contigo, não queria de tu ficasse sozinha" a outra falou no mesmo tom de voz "me desculpa, eu ia dormir no sofá mas ouvi tu chorar no meio da madrugada e vim ficar contigo, espero que não tenha invadido tua privacidade"
"Tá tudo bem, obrigada por ter ficado" Carol respirou fundo se aconchegando mais na amiga.
"Quer que te faça algo pra comer? Tu tá sem nada no estômago desde ontem a tarde..."
"Eu to sem fome. Na verdade queria sumir do mundo agora mesmo"
"Deixa disso. Vem, vamos levantar, vai se ajeitar e lavar esse rosto que eu te espero na cozinha, bora"
Como lhe foi indicado, a mais alta se levantou reclamando um pouco das dores no corpo e foi até o banheiro de seu quarto enquanto Rosa ia até a cozinha iniciar com os preparativos para o café da manhã. Ela estava tão distraída mexendo nas panelas e organizando as coisas que nem percebeu quando Carol entrou no ambiente.
"Obrigada de novo..."
A de olhos verdes deu um saltinho assustado ao ouvir a voz baixa e meio grave de Gattaz.
"Que isso, vintage. Não precisa me agradecer, tu sabe que eu sempre to aqui pra ti"
"Mas cê não precisava estar fazendo nada disso, na verdade devia estar com seus amigos agora e não aqui cuidando de uma velha dramática"
"Ah Carol, pode parar. Eu não preciso mesmo, mas eu quero. E tu também não precisa passar por isso sozinha. E pode parar com esse papo de velha dramática" Rosamaria foi bem direta e a seguir tentou relaxar um pouco o ambiente "tá, talvez só um pouquinho velha mas eu te amo mesmo assim"