Capítulo II • Água de Coco

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[ 05:40 A.M. ]

~ 26 de Novembro ~
~ Domingo ~

• Liah:

Não queria, mas despertei exatamente nesse horário, em pleno domingo. O por quê? Nada, apenas mais um flashback do mesmo pesadelo que ando tendo ultimamente, e com certa frequência.

Apesar de ter perdido totalmente o sono após acordar em um angustiante desespero e ainda lutar contra as lágrimas que escorriam compulsivamente, teve uma parte boa. Naquele horário, o meu pai ainda não estava acordado, por isso, não precisei preocupá-lo com essas minhas besteiras. Ele continuou dormindo pacificamente em seu quarto, enquanto eu lutava contra sensações frustrantes no meu. Muito equilibrado e justo, por sinal.

Depois que finalmente me acalmei, percorri em passos cambaleantes até o meu banheiro ― felizmente, ele ficava em meu quarto, e eu não correria o risco de acordar o meu pai com os meus trombos desajeitados nos móveis do corredor.

Aproveitei a deixa e tomei um banho caprichado. Lavei o meu cabelo e fiz uma hidratação nele, já que teria tempo de sobra até a verdadeira manhã de domingo começar nessa pousada e nessa cidade problemática. Terminando no box, retomei, por aquela manhã, a minha "rotina" de skincare. Realizei todos os entediantes procedimentos, que garantiam que, se feitos corretamente, deixariam a pele "melhor", embora eu nem ao menos me importasse.

Era estressante e chato 'pra caralh* fazer aquilo tudo, porém, essa era uma das formas que encontrei para distrair completamente a minha mente, exterminando pelo resto do dia todos aqueles malditos pensamentos que constantemente dão as caras.

Terminado ali também, chequei em meu celular as horas. Já se passavam das sete da manhã. Viu só como valeu a pena todo o esforço? Nem ao menos vi a hora passar.

E então, após abrir as janelas e as suas cortinas de meu quarto, revelando aquela beleza natural e divina, chamada pelos mortais de "mar", voltei para a minha cama. Fechei os olhos e, com a trilha sonora das ondas daquele mar se quebrando na areia, acabei adormecendo, por uma segunda vez.

[ 08:50 A.M. ]

Acordei algumas horas depois daquela minha soneca.

Não estava colocando muita fé de que realmente conseguiria dormir, porém, pelo o que pareceu, eu consegui. Sempre é muito difícil para mim adormecer após um pesadelo, e bom... acredito que para todos deve ser. Mas, para mim, arrisco à dizer que é pior. MUITO pior.

Como já imaginava, se passavam das oito da manhã.

A Pousada Paradise Palace sempre "desperta" após esse horário. Acredito que o principal motivo seja pelos hóspedes preferirem acordar depois das oito em suas férias. ― eu também gostaria, se a minha mente, e sua imaginação fértil, desse um tempo. Por isso, nem sequer checo o horário em meu celular. Se o movimento da pousada está maior, certamente já se passou da madrugada, e posso deixar a minha cama sem levantar qualquer suspeita por parte do meu pai.

Logo que deixei o elevador, indo do terceiro para o primeiro andar dessa pousada, retirei os fones, pausei a música que tocava neles e resguardei o meu celular no bolso de meu short.

Desviei de alguns turistas, sempre tão eufóricos pelo novo lugar que estão a conhecer, e caminhei até o balcão, onde a senhorita Bragança, uma mulher de cabelos ruivo-acobreados, na faixa dos seus trinta e que conhece o meu pai desde a faculdade, terminava de realizar o check-in de um casal. ― visualmente recém-casados, pelo grude em que estavam.

De Repente, Você. (O Encontro)Onde histórias criam vida. Descubra agora