Capítulo 4: Garoto fútil, garota fútil.

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———— S/N GARCIA

ACABEI DE DESCOBRIR que não tenho a mínima capacidade para ser professora.

O que me falta é paciência.

— Eu já repeti isso cinco vezes, Miguel! O que você ainda não entendeu?

— Tudo! Quer dizer, nada. Eu não entendi nada.

— Caralho, eu tô aqui fazendo o que então? Por que parece que você não presta atenção no que eu falo!

— Desculpa, chatice! Eu estava pensando em outra coisa e acabei me distraindo, só isso. Pode explicar de novo?

— Só mais uma vez.

Eu estava ensinando Miguel função logarítmica, PELA SEXTA VEZ e ele continua não entendendo.

Por que diabos eu fui aceitar ajudar esse garoto a estudar?!

— Entendeu agora?

— Acho que sim. É, entendi. — me olhou.

— Finalmente né, anta? Bom Mora, por hoje é isso, amanhã a gente estuda mais.

— Finalmente mesmo, não aguentava mais olhar pras esses cadernos. Porra de matemática também, ninguém merece.

— Fazer o que né, Miguel. Você tem que estudar e me agradeça por estar te ajudando.

— Hum, não te obriguei a nada.

— Mal agradecido, não ajudo mais também. — coloquei minha mochila nas costas e saí dali.

— EI, EU ESTAVA BRINCANDO! — correu até mim — 'Cê sabe que eu preciso de ajuda.

— É, eu sei. Infelizmente, eu sei.

— Qual é? Eu sou legal!

— Ah, sim, claro. E eu sou a Viúva Negra. — revirei os olhos.

— Caralho, ela é foda, hein?

— Claro, e eu sou foda igual ela.

— Ah, claro. — riu.

— Vai continuar me seguindo, Mora? Eu tô indo pro dormitório.

— Não posso te acompanhar até lá?

— E por que dessa simpatia repentina?

— Depois eu que sou mal agradecido. — revirei os olhos — Só quero ir com você.

— Ta bom então, pode ir.

Nós terminamos de chegar no meu dormitório em silêncio.

— Então é isso, tchau, Mora. — acenei pra ele.

— Tchau, Garcia. — me abraçou rápido e foi embora.

Eu não entendi muito bem o porquê desse abraço, mas tudo bem né.

Entrei no dormitório, que estava...vazio?

Estranhei um pouco, mas deixei de lado e fui direto me deitar.

Parando para pensar, foi bem estranho aquele abraço, eu não posso ficar tão próxima do Miguel ao ponto de receber abraços, fora que eu nem estou próxima, justamente por que eu sei que se virar amiga desse garoto, minha vida vai acabar.

Todas as meninas que são obcecadas por ele, vão querer me matar, me esfaquar, me amarrar, me toturar, me espancar, me esquartejar, me sequestrar, me amordaçar, me enterrar, dentre outras coisas.

Mas agora, parando de pensar no Mora, onde estão as meninas? Acho bem estranho elas não estarem aqui.

Mas enfim, acho que vou tomar um banho, é bom pra refrescar a mente.

MINHA VIDA É UM CLICHÊ | MIGUEL M. Onde histórias criam vida. Descubra agora