La estava eu, em pleno sábado à tarde no ponto de ônibus esperando o veículo chegar, só pensando no momento deleitar no aconchego de minha casa. Levava comigo uma sacola de papel estufada de comida. Talvez aquilo fosse loucura minha, não precisava nem da metade daquilo tudo, porém, sou prevenida, odiava passar fome. Como dizem as más línguas "morta de fome''
O ônibus estava a um ponto de chegar em meu local de embarque, então de súbito uma loira brotou a meu lado quase derrubando eu e minha sacola junto.
Cho Miyeon... Era ela mesma. Uma pessoa inconfundível, tanto por sua beleza quanto por sua falta de noção. Conhecida como naja, víbora, cascavel, diaba e outros nomes baixos que não preciso citar. O pior que ela adorava sua fama, pois, não fazia nada para mudá-la.
Eu? Como a conheço? É simples, moramos no mesmo prédio a vejo todos os dias. Mas, era como se ela não existisse, ou melhor, como se eu não existisse para ela. O que era bom para ambos os lados.
Não suportaria estar perto dessa criatura tenebrosa por muito tempo, ou ela de mim.
Quando vi a caixa metálica se aproximar, dei sinal. Mesmo assim, continuei olhando diretamente para a mulher, pensando como alguém tem coragem de quase me derrubar no meio da rua e nem um "foi mal" pronunciar.
Parecia que ela vinha de uma boate dessas bem fulas, a Cho trajava um cropped rosa, uma bolsa pequena na mesma tonalidade e um short muito curto que mostrava tudo ali de baixo. Está aí uma coisa que não era tão mal de se ver vindo dela — Pensei.
— Perdeu alguma coisa Yontararak? Hun? — Falou ela me dando um baita susto por ser pega no flagra.
— Aah! É! N-não! C-laro que não. — Era uma ótima hora para gaguejar.
— Então para de babar e mantenha seu olhar para frente, não em mim! — Curta e grossa, essa era a tão famosa Cho Miyeon.
Quando o ônibus para, assim ela entra na minha frente e eu a sigo, pois, estávamos indo para o mesmo lugar, eu acho. Já sentada no seu canto e eu com meu mundaréu de sacola passo pela catraca do ônibus. Nesse momento, percebo algo engraçado acontecendo contra minha sanidade mental, com o respirar profundo, chego perto da dita cuja, já que o único lugar vazio no ônibus era ao lado na minha querida vizinha. Então, tomo meu rumo sentando-me a sua direita gerando assim um rolar de olhos da mesma.
— Oi. — Foi tudo que disse.
—Me erra garota! — Respondeu friamente colocando seus fones de ouvido.
Seria quarenta minutos daquele ponto para minha casa, estava cansada ao extremo e ainda nem eram quatro da tarde. Com o pensamento de dormir a tarde e a noite toda, acabei rindo, consequentemente olhando para o lado, a vista foi nada mal. Ela tinha olhos fechados, rosto inclinado para cima e boca entreaberta. Tão linda, mas, tão escrota.
Mirando-a daquela forma, comecei a lembrar da primeira vez que a vi. Foi em uma festa do condomínio, eu era recém-chegada ali, no entanto, fui convidada pessoalmente pela esposa do síndico que estava a completar vinte anos de casa.
Estava tudo ótimo, até que a loira aparece. Uau, ela sempre fora um furação ambulante, todos olhavam para ela e eu estava maravilhada com tanta beleza em um só ser.
Rumou a mesa mais próxima do barzinho e sentou-se. A cada minuto ela pegava uma bebida diferente. Para mim, aquilo era insano, entretanto, eu não tinha visto o pior.
Assim esse pior aconteceu, a loira que depois conheceria como Cho Miyeon, irritou-se com um dos garçons, tirou-lhe a garrafa de vodka das mãos e tomou todo o conteúdo no gargalo da garrafa.
A festa de repente havia dada pausa, todos observavam aquela cena. Alguns a xingava baixinho, outros riam e eu estava atordoada de mais para ter uma opinião.
Pegando outra garrafa cheia, ela parou no meio do espetáculo.
— Isso aqui é uma festa ou um enterro? Cadê à música dessa birosca? Vamos DJ, acho que você foi pago para isso. — Disse ela levantando a garrafa até a boca, assim tomando mais da metade do líquido.
Essa foi minha primeira experiência no mesmo ambiente que Cho Miyeon, e com toda certeza inesquecível.
Outra lembrança que me marcou muito foi em uma noite de sexta-feira. Eu já estava preparada para dormir, pois, acordaria muito cedo para praticar minha corrida semanal. Já deitada com os olhos fechados, comecei a ouvir alguns gemidos do apartamento vizinho que começaram baixos e foram ficando mais estridentes, como se tivessem pegado o controle da tv e aumentando seu volume. Aquela loucura durou mais de uma hora até tudo silenciar.
Pela manhã, morta por não ter pregado os olhos, antes de sair completamente do prédio, vi três mulheres saírem de seu apartamento, e na porta uma Miyeon sorridente.
As loucuras de Miyeon nunca tiveram fim, se eu for lembrar de tudo precisarei mais uma semana apenas para a introdução dos acontecimentos.
Saindo do ônibus notei que ela me seguia, não era algo anormal, já que ela morava no mesmo prédio que eu. Entrando no elevador me encontrei com as senhorinhas legais do andar de baixo e assim as cumprimentei.
— Boa tarde senhoras. — Disse sorrindo e recebendo em troca sorrisos amigáveis. Em segundos as expressões mudaram para uma carranca enorme.
Saindo de trás das minhas costas, Miyeon se coloca no meio quando o elevador começa a subir.
Faltava pouco para esse "tormento" acabar e eu finalmente ir para meu apartamento, ficar sozinha. Antes da caixa metálica se abrir vi a loira tirar um batom vermelho dentro da mini bolsa e escrever algo em um lenço, assim depositar no interior de minha sacola.
Atônica, a vi saindo pelo corredor e entrar pela porta de sua residência.
Ao entrar em minha própria, corri para conferir o que aquela louca havia jogado para mim. Talvez fosse uma "foda-se" ou um "te manca garota", pois ela adorava falar esses tipos de coisa para mim.
Com o lenço em mãos abri com cuidado e o que tinha escrito era: "Esteja pronta as sete"
— O QUE!
Só podia ser brincadeira daquela louca, nunca que iria sair com alguém como ela, tão escrota, chata e insuportável...
— ONDE ESTÁ MINHA MELHOR ROUPA!!!...
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Ela é ariana ?
FanfictionQuando sua vizinha maluca te chama para sair o que você faz ? No caso da Minnie, se a vizinha além de maluca, for ariana, não aceita.