Lábia - NARLIE

Lábia

 O amor não deu certo pra gente, eu sei

Mas só até agora

Lábia - Jão

Nicholas Nelson

Não sei em que ponto minha vida deu tão errado.

Mas alguma merda muito grande deve ter acontecido para que eu estivesse no balcão de um pub, com música pop de qualidade duvidosa, e enchendo a cara de Whisky no meio da semana.

Talvez as coisas tenham começado a dar errado, quando Imogen, me largou para ficar com aquele piloto de avião italiano.

Talvez o fato de eu ter batido o carro há dois dias e agora eu tenha que ficar andando a pé por aí, porque eu não consegui falar com minha mãe para que ela acionasse meu seguro. 

Ou pior de tudo, ter decidido fazer faculdade de direito, e agora aos 22 anos com mais de 50% do curso concluído, descobrir que eu odeio essa área.

Só conseguia pensa que , deveria ter feito filosofia quando tive a chance. Eu sabia que aquela faculdade ia ser inútil de qualquer forma. 

Eu sou um idiota.

Um idiota (quase) bêbado e com crise existencial em um bar.

Patético, Nicholas Nelson. Patético.

Me levanto, virando de costas para o balcão e me recostando nele. Passo os olhos pelo salão, analisando, é um típico pub universitário, toda decoração é rústica, muita madeira aparente, garçons e garçonetes passando entre as mesas servindo, um balcão longo de madeira indo de uma ponta a outra, com uma parede abarrotada de garrafas. O cheiro de bebida espalhado no ar, se misturando com cheiro de fritura e cigarro. 

O salão está cheio. Muitos alunos bebendo e socializando com os amigos no meio da semana. Pelo visto, sou o único sozinho aqui hoje.

Não estou em busca de nada ou ninguém específico, o álcool já estava me deixando um pouco alto, então só aproveito a névoa que começa a surgir na minha mente e me deixo vagar entre as pessoas.

Até que meus olhos caem sobre ele.

Charlie Springs.

O cara que estou afim já tem muito tempo, o motivo pelo qual estou fazendo uma aula extra de psicologia sem necessidade.

Charlie é um cara inteligente e, obviamente popular, é queridinho por alunos e professores, até o reitor da faculdade parece gostar dele, e o mais interessante, é que aquele velho não gosto de ninguém.

Mas Charlie tem esse efeito sobre as pessoas, ele é adorável, é impossível não cair nos seus encantos. 

Ele é educado, gentil, receptivo com qualquer um que tente se aproximar, e acima de tudo lindo.

Lindo demais, para o bem da minha sanidade.

Ele é dono dos olhos mais lindos que já vi, um azul tão intenso que prendem minha atenção, e me mantém em transe todas as vezes que nos encaramos.

Cabelos negros tão escuros, que caiam em perfeitas ondas e cachos por sua testa.

Mandíbula definida e forte.

Lábios rosados e cheios, que eram tão convidativos, que às vezes me pegava pensando, "Qual seria o gosto do seu beijo?"

Um corpo esguio e bem definido, porque olha que surpresa, ele ainda fazia parte da equipe de natação.