Botas limpas

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Kenma se esqueceu de como falar por um momento.

Eu grito?

Não, isso só causaria pânico, e a última coisa que precisavam era de pânico agora. Ele deveria contar a Kuroo, mas ainda estava vermelho e nervoso por causa de seu próprio comportamento humilhante. Kenma se viu pesando a importância de seu orgulho e da segurança dos outros, algo pelo qual ele se puniria se sobrevivesse ao que estava por vir.

"Merda... merda!" Ele foi tirar o cabelo do rosto, esquecendo que não tinha cordão ou fita para amarrá-lo. "Porra--" Ele se virou para os aposentos do Capitão novamente e foi direto para as escadas. A última coisa que ele queria era ir até o homem que ele praticamente havia se confessado e dizer-lhe que as consequências de suas ações estavam chegando.

Kuroo, no entanto, ouviu a maçaneta da porta sendo sacudida novamente e viu aquele mesmo brilho de cabelo dourado como outro sinal positivo.

"Não conseguiu resistir a mim, hein? Tudo bem, vou deixar você chupar--"

"Há um navio inglês nos seguindo." Não havia tempo para brincadeiras agora, nenhum flerte ou provocação entre eles, era hora de se preparar para lutar ou acelerar até que conseguissem despista-los... mas isso parecia altamente improvável. "Não consigo dizer o tamanho ou tipo de longe, mas está atrás de nós e a bandeira... é inconfundível."


O rosto de Tetsurou empalideceu um pouco, seus olhos foram para o mapa e depois para Kenma novamente. Havia muito a considerar, muito a processar e muito a dissecar sobre a situação deles.

Ele sorriu.

Ele sorriu de canto e seus olhos começaram a brilhar com uma luz faminta e animalesca.

"Ótimo. Vamos cuidar desses filhos da puta de uma vez por todas." Ele puxou a arma do coldre e abriu uma gaveta em sua mesa, estocando munição e encaixando tudo no lugar antes de guardá-la no coldre novamente. Ele enfiou uma adaga no cinto e pressionou a palma da mão no cabo da lâmina, como alguém faria ao sair de casa e verificar todos os seus pertences importantes.

Como se fosse um passeio casual.

Kenma balançou a cabeça. "Não sorria, isso não tem graça."

"Matar Ingleses sempre tem graça."

"Reformule esse pensamento." Kenma avisou, embora estivesse longe de ser uma ameaça real. "Tetsurou, meus homens e eu éramos um navio de carga, não somos combatentes ou soldados, você não entende o que está enfrentando."

Kuroo riu e continuou a pegar tudo o que precisava antes de ir para o convés, como se Kenma tivesse contado uma piada levemente divertida. "Você é fofo, sabia? Conheço bem um navio de guerra inglês."

Kenma não tinha certeza se Tetsurou conseguiria entender. Se Shinsuke estivesse naquele navio, ele era famoso por planejar e coordenar ataques quando lutava na expansão do território inglês. "Por favor--" Kenma agarrou um punhado de tecido no tornozelo de Kuroo enquanto ele subia os degraus, "Não leve isso levianamente." Seu coração ainda batia forte, as palmas das mãos suavam e ele temia que tudo parecesse muito claro quando saísse.

Se ele estiver naquele navio, estaremos todos mortos.

Eles não estavam nem perto de prontos para um confronto direto.

"Não é minha intenção." Kuroo puxou a perna das mãos de Kenma, "Você vai lutar ou se esconder?" Não havia muito julgamento na pergunta, especialmente quando os escoceses tinham seu próprio esconderijo, que Osamu geralmente ocupava descaradamente, algumas pessoas só deveriam empunhar uma lâmina para cozinhar, e estava tudo bem.

Pego entre o diabo e o profundo mar azul [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora