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O cenário caótico indicava o fim. Se assemelhava ao apocalipse.

Olhando para os lados, para frente e para trás, a visão predominante era a de corpos mortos, cascas geladas e sem vida. Junto a eles, o odor putrido de sangue fresco, espadas tingidas de vermelho e gritos de horror que ainda podiam ser ouvidos se prestasse atenção, como o de almas perdidas.

Tecchou desviava dos corpos em seu caminho. Jouno, propositalmente, uma vez ou outra pisava em algumas partes daqueles que sabiam que era de seus "inimigos".

Eles então se encontraram no meio do campo de batalha. Saigiku podia sentir uma sensação devastadora, um emaranhado de emoções tão fortes que não conseguia distinguir a maioria, todas vindas de Tecchou. Era, no mínimo, desgastante ter esses sentimentos fincando sua pele no escuro.

"Jouno, você se entregou completamente ao mal."

Jouno riu. "Ao mal? Então o lado que você escolheu é o único correto? Que ignorante o seu pensamento."

"O lado da justiça é o correto. Se Cadzen pintou sua bandeira com o sangue do povo de Wolank, isso é considerado justiça? Não para mim."

"Ah, Wolank está banhada em sangue também, olhe quantos dos meus foram mortos pelo seu povo... É uma discussão sem sentido, você sabe, Tecchou."

Os dois desde aquela conversa sabiam o cenário que se desenrolaria, o suspiro de Jouno soou alto revelando seu desprazer.

"Você disse, uma vez, se o mundo entrasse em colapso e se dividisse em dois, que a justiça não seria mais importante que eu. Se esqueceu dessa promessa?"

Tecchou pareceu baixar a guarda ao ouvir tal frase. Abaixou a espada, inicialmente erguida a altura de seu rosto e suspirou. Parecia pensativo. Era como se toda a sua concepção de justiça estivesse sendo questionada e repensada naquele momento, tudo em que acreditava, e as promessas que fazia somente à Jouno. Tecchou era um homem honroso quanto a elas.

Mas antes que seu raciocínio o permitisse decidir alguma coisa, um homem semi morto gritou do chão, em protesto, esticando a mão na sua direção.

"Te- Tecchou... não deixe que as palavras do inimigo te manipulem. Lute pelo seu povo, faça justiça pelos inocentes que foram mortos por ele! Lembre-se que o sangue dos seus irmãos está em suas mãos. Cabe a você justiça-los, não ceda para esse monstro..."

Tecchou olhou para trás. Assim que o homem terminou de falar, morreu com os olhos abertos. Tecchou se aproximou e os fechou. "O homem está correto" pensou em sua mente adoecida, confusa. Tecchou era o único que podia corrigir todo aquele estrago e trazer a paz novamente. Estava em suas mãos tamanha responsabilidade.

Ele se posicionou novamente, levando seus olhos determinados ao outro e ergueu sua espada mais uma vez, com mais força.

"Jouno, você é o mal do mundo."

Jouno abriu um sorriso, um dos mais difíceis que já suportou esboçar. Carregava nele a dor de palavras que, de maneira ingênua, jamais pensou ouvir.

Era quase inacreditável, não fosse a situação traçada para a única relação à qual o albino fazia realmente seu melhor para dar certo. Foi quando finalmente parou de fingir e ignorar; Eles não estavam acima de suas nações, não mais. E ele não estava acima justiça para Tecchou, não mais. Assim pensava.

Eles avançaram um contra o outro e bloquearam o golpe com a espada. Eram duas forças compatíveis demais, essa paridade dificultava as coisas para eles que queriam acabar com aquilo tudo o mais rápido possível.

Droga, eram tão bons rivais que os olhando ninguém podia dizer que dormiram juntos na noite passada.

...

Arrependimentos de um coração em guerra - Suegiku Onde histórias criam vida. Descubra agora