Capítulo 11

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Ele traçava com profundo entusiasmo, uma boa dose de perfeccionismo e muita concentração, aquelas linhas em seu projeto final, buscando transpassar todo o planejado e estruturas feitas e várias vezes corrigidas em seus esboços, para aquele papel em definitivo. Seu grafite estava com a ponta fina o bastante para ser precisa, e seu olhos pareciam com o de uma águia enquanto sua régua marcava precisamente os milímetros que carecia naquele traço, e quando ele estava pronto para puxar a linha, o som de batidas leves na porta de seu escritório o impediu de prosseguir, o que imediatamente o aborreceu como um touro feroz.

— Acho que fui bem claro quando disse para não me interromper! Não importa quem seja, eu fui claro... — quando ele abriu a porta na intensão de confrontar quem lhe havia causado o prejuízo do incômodo, se deu de frente com aqueles grandes e intensos olhos opalinos, bem como as bochechas adoravelmente incandescidas em um rubor.

Ele gaguejou...

— C-claro... m-madame, q-quer dizer...

— Perdoe-me, interrompê-lo coronel. Não estava ciente que queria paz. Retorno em outro momento — ela curvou-se para sair, mas antes que tivesse a chance, os dedos dele envolveram seu punho a segurando. Ela o olhou rapidamente enquanto seus corações aceleraram ao tempo que ele a soltou.

— Não me interrompe, lady Uzumaki. — houve um curto silêncio onde os olhos apenas se focavam ansiosos — o que... posso fazer pela senhora?

Ela sugou o ar lentamente entre os lábios, atraindo por um milésimo de segundo o olhar dele justamente para eles.

Naruto engoliu em seco.

— P-podemos... conversar?

— Claro, é... — ele abriu a porta por completo, gesticulando a permissão de sua entrada, como um bom cavalheiro educado que era.

Encararam-se por um momento. Seus corações errantes em seus peitos os deixavam a mercê das intensas emoções que se tornavam cada vez mais latentes.

— Eu deveria... — ele decidiu ser o primeiro naquela conversa. Ter dado tempo para Hinata se acalmar pareceu ter sido definitivamente a coisa certa a se fazer. Agora, de cabeças mais pensantes e esclarecidas, poderiam chegar a uma solução condizente e madura, não é? Ele definitivamente estava pronto para o fazer, tal como de algum modo reparar seu dano, embora naquele momento não passasse em sua mente de forma tão bruta e mordaz a falta de capacidade de Hinata Uzumaki vir a dar-lhe filhos.

Ela o calou com um mero gesto. Firme, ele notou pela primeira vez o rosário entre seus dedos enrolados como se ela jamais fosse abandonar aquilo, porque dizia muito a respeito de sua própria fé e convicção.

— Por favor, não diga nada, coronel. E-eu... lamento por meu comportamento improprio — ele não conseguiu disfarçar parte de sua surpresa e choque, quando ela tomou apenas para si a culpa que era claramente de ambos — e embora certas coisas nunca devessem acontecer, aconteceram, e você tinha razão, não ha nada que possa mudar isso, porque já está feito e a mácula existe. — ele sentiu o coração ainda mais forte contra o peito. Estava ansioso, porque de algum modo esperou que ela o exigisse reparo, e ele, bem, ele certamente estava pronto para dizer: vamos nos casar. No entanto, desapontou-se de algum modo com as palavras seguintes dela — Porém, peço a compaixão de guardá-las bem fundo em suas memórias de modo que se tornem inexistentes, fingindo assim que nada aconteceu. Se realmente quer proteger minha honra, apenas... não toque mais nesse assunto. Com quem quer que seja.

Ele sugou o ar lentamente entre os lábios, enquanto seus olhos desviaram para os papéis sobre mesa. Seus dedos apertaram-se contra a palma de sua mão de modo a esbranquiçar-se um tanto irritado e principalmente frustrado. Ele deveria estar feliz. Ainda era um homem livre, afinal.

A viúva do coronelOnde histórias criam vida. Descubra agora