Hünkar Yaman, uma mulher formidável

"Saudações do teu amante ébrio!

Roubaste-me o coração, ó Amada!

Ofereço-te agora a minha vida.

Amigos, deixai-vos inebriar por inteiro

Pois estar meios bêbedos de nada serve.

O Seu vinho é como uma chispa para a alma.

Há muitos rostos pálidos no reino do Amor,

Muita é a tristeza, longa é a lágrima,

Mas nada temas pelo teu nome.

Assim que te tornares num copo vazio,

O Portador do Vinho vai encher-te de Amor Divino.

Nada temas pelo teu nome,

Serás glorificado." - Rumi

A grande e destemida Mansão Yaman erguia-se de forma majestosa no meio das férteis terras de Çukurova, que pertenciam ao legado herdado há gerações pela família Yaman. Ao seu redor, existiam extensos hectares de terras, que se enchiam de diferentes vidas a cada nova estação do ano, recebendo as devidas colheitas de cada época. As vastas terras Yaman davam vida e sustento a centenas de trabalhadores, que cultivavam fervorosamente estes campos e faziam da família Yaman a mais poderosa de Çukurova e Adana. As infinitas terras que rodeavam a propriedade Yaman envolviam-se de um verde vivo e fresco, levando a que ao redor de toda Mansão se respirasse a frescura dos campos, os cheiros das árvores de fruto e o intenso acariciar do sol e dos céus, que adornavam com cuidado a terra que recebia as suas graças. As cores da terra castanha misturavam-se harmoniosamente com o sol amarelo-alaranjado, combinando na perfeição com o verde vivaz das plantações e o azul encantador que era exibido pelos eternos e incansáveis brilhantes céus. Aqui, nestas terras, respirava-se a perfeição da harmonia e tranquilidade do campo.

A Mansão Yaman era forrada de paredes altas, resistentes e elegantes, que sustinham um edifício de dois andares, repletos de elegância, num tom natural e sustendo portadas de madeira escura ao seu redor. A residência Yaman era de uma arquitetura elegante e exuberante, demonstrando a grandeza e imponência da fortuna da família, que emergia sobre as terras planas e férteis de Çukurova. No andar superior da grande Mansão, numa das varandas elegantemente construídas e adornadas por colunas de madeira trabalhada, a Sra. Yaman fixava o seu olhar nas vastas terras. Tudo o que surgia à frente do seu olhar pertencia-lhe, ela era a Grande Dama Yaman, a viúva que herdou estas vastas terras, dona de mais de metade de toda a Çukurova. A sua figura imponente, forte e de ferro encontrava-se, agora, totalmente devastada e arruinada! Desde o dia em que Züleyha encontrou no seio da família Yaman, que Demir arruinou sucessivamente o nome da família, que com muito esforço Hünkar tinha elevado ao máximo por estas terras. Todos conheciam os Yaman pelos melhores motivos, mas agora encontravam-se perdidos, entregues às bocas do mundo, onde ecoava a prisão de Demir, herdeiro da família, e os perigosos sussurros sobre a relação de Züleyha com Yilmaz Akkaya, afilhado de Ali Rahmet Fekeli. Estes acontecimentos, que Hünkar não conseguia controlar, devastavam todo o bom nome e dignidade da família Yaman e nada podia ser feito para minimizar este caos. O mal havia sido lançado à terra, como uma má semente que não cresceu. Hoje, depois de tudo o que Hünkar tinha feito para libertar o seu filho da prisão, encontrava-se totalmente aprisionada a uma dor insuportável, que feria os seu pobre e velho coração. Lanças tinham sido atiradas ao seu peito, que agora escorria sangue sem parar. Para além da maldade, a ingratidão do filho era o que mais a atormentava neste momento da sua vida.