Prólogo- Decisões.

61 9 4
                                    

"Eu voltarei na primavera, quando a colheita começar. Nós somos fantasmas, somos fantasmas entre essas colinas."
— Ghosts, James Vincent McMorrow

Catherine não saberia dizer ao certo se estava no paraíso, ou se seu subconsciente estava brincando com suas memórias.

Eleonor abriu os braços para a garota e então a envolveu no abraço mais aconchegante, capaz de fazer com que qualquer dor fosse embora.

– Você não deveria estar aqui minha princesa...

– Eu sei, mas... Ele me atacou.– Catherine disse. – Depois que você se foi, tudo deu errado. Eu nunca mais fui a mesma, fiz coisas horríveis, imperdoáveis, você deveria ter nojo de mim. Nojo pelo que me tornei, nojo da pessoa que sou agora.

– Você se sacrificou pelas pessoas que amava.– Eleonor acariciou o rosto dela. – E no mais, o erro foi meu. Meu medo falava mais alto e durante anos escondi de você coisas que poderiam ter sido cruciais para a sua vida. Não fui transparente suficiente, e no final, o maior erro foi meu. Tenho uma grande tendencia a ser egoísta e o meu egoísmo fere as pessoas que eu amo.

– Mas agora poderemos ficar juntas para sempre.

Eleonor observou o rosto de Catherine, seus lábios tremiam, em seus olhos começavam a aparecer algumas lágrimas.

– Você ainda tem tanto para viver... – Eleonor comentou. – Tantas coisas...

– mas não mereço isso.. – Catherine respondeu com a voz trêmula. – Não quando feri as pessoas que amei, destrocei cada um de maneira irreversível. Eles me odeiam pelo que sou. E não os culpo por isso. O caos encarnado não deveria viver.

– Não diga isso...– Eleonor a abraçou. – Duvido muito que eles odeiem você. Se sacrificou por eles...

– Fui um monstro, uma marionete nas mãos de Voldemort, uma peça oca de tabuleiro e ainda assim, a sensação que me trouxe foi uma mistura de arrependimentos e prazer.– Catherine interrompeu.– Não mereço estar viva, tudo aconteceu como Avery previra que aconteceria.

Eleonor mudou a postura, como se ouvir aquilo a incomodasse.

– Tomar decisões erradas, não a faz ser uma pessoa ruim.

– Tentar consertar também não me torna boa.– a garota retrucou.

– Não. Não a torna boa, mas ainda é melhor do que não fazer nada, não acha?– Eleonor sentou-se na escadinha que havia em frente à porta, e Catherine se juntou a ela. – As minhas atitudes foram tão ruins assim quanto as suas, não estou dizendo que ao tentar fazer oque é certo, tudo se resolverá e os corações que foram quebrados serão restaurados magicamente, mas pessoas boas não tentariam fazer nem um terço do que você já fez.

Catherine franziu a testa.

– Você não é minha mãe... – A garota chegou à conclusão, não poderia ser Eleonor Clark ao seu lado, não com as nuances de humor, o olhar quase impassível. – Porque se tornou isso, morte? Porque usar a imagem de minha mãe? Porque eu estou aqui?

Ela sorriu, mas não respondeu a dúvida de Catherine.

–Não costumo fazer isso, mas sem você, o que eu seria? O caos criou tudo, portanto sou uma criação sua, e o que seria de sua criatura sem o criador?

(...)

Erika estava sentada de pernas cruzadas em frente ao túmulo de Catherine Riddle, a pedra branca reluzia a luz do luar, os girassóis estavam belamente posicionados ao redor do túmulo, contrastando com o lápide de Avery que possuía rosas vermelhas e brilhantes. Ela estava de olhos fechados, mas conseguia ouvir passos calmos vindo na sua direção.

– O que faz aqui sra. Macbeth? – A garota disse calmamente, sem virar-se para encarar a mulher.

– Tomando um ar fresco, e vindo visitar a minha esposa... – A mulher de cabelos selvagens e olhos amendoados respondeu. Ela era linda e usava uma roupa simples florida e por cima uma jaqueta de couro. – Também estou esperando um acontecimento importante, Avery disse em carta que seria hoje.

– Acho que vai demorar um pouco...— Erika respirou fundo e acrescentou. – É difícil se convencer de que é merecedor de algo, principalmente quando vivem lhe dizendo que não merece nada e que você não passa de uma casca oca para ser comandada.

– Compreendo perfeitamente a situação.– Disse a Sra. Macbeth.– Mas nenhum de nós é merecedor se formos analisar, somos feito de matéria, pensamento e caos. Alguns mais, outros menos. A questão real é, o que você escolhe fazer.

– Concordo. É isso que estou tentando dizer.– Erika franziu o cenho mantendo os olhos fechados. – Mas é difícil.

Erika ficou em silêncio sentindo a terra tremer aos poucos, enquanto seu poder se manifestava da maneira mais pura, as grandes asas se abriram e refletiram seu brilho perolado a luz da lua. Kraumass conseguia sentir cada ser vivo naquele lugar, desde as minhocas, até mesmo as grandes aves e a sra. Macbeth que jorrava vida de uma maneira extremamente singular.

Quando Erika se deu conta do que estava acontecendo, um sorriso sincero se alastrou por seu rosto, mas se fora com a mesma rapidez ao ouvir o lamento, que era doloroso aos seus ouvidos. O som rasgado e agonizante, daqueles que encontravam a terra firme depois de um naufrágio.

LIVRO 3 - Dangerous Reality and The Final Meeting| Fred WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora