Nosso quase fim

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Eu estava com dor, dor em meu peito, era como se ele fosse explodir a qualquer momento, a noite foi difícil, assim como a semana... eu chorei muito nesses últimos dias, as pessoas e me perguntavam se eu estava bem, ou o que tinha acontecido comigo
Me aproximei do espelho apoiada na pia e olhei dentro dos meus olhos, eu não me reconhecia, não reconhecia a garota que estava ali na minha frente... o que aconteceu comigo? 

Eu ia terminar com ele, mesmo sendo o garoto que mais me amou em toda minha vida

Apoiei a bicicleta no banco e me virei, olhando o mar, comecei a contar quantas vezes as ondas batiam por minuto, era a forma de manter minha mente ocupada, de fazer com que minha respiração continuasse normal.

Eu vi ele se aproximar, mas não olhei, não conseguia, ele colocou a bicicleta ao lado da minha e se sentou ao meu lado... com muita dificuldade o olhei

- Ei, tudo bem?
- Tudo.
Sua voz saiu baixa
Respeitei fundo 3 vezes, e comecei

- Bem... uma vez alguém me disse, que era melhor terminarmos, que você não me faz bem,  que a ansiedade está aumentando. -Mordi o lábio- e eu fiquei sem falar com essa pessoa por dias, obviamente. Mas, ontem eu fui na psicóloga e contei sobre os acontecimentos dos últimos dias, e ela disse a mesma coisa. Que deveríamos terminar. -Olhei ele

- As pessoas também me dizem isso. Que eu deveria terminar com você.

Engoli em seco e mordi os lábios sem tirar os olhos dele, e então desviei

- E eu sei quem disse isso pra você.

Ele me olhou em silêncio

- Seus pais.

Ele continuou a me olhar, ainda em silêncio. Eu estava certa, os próprios pais dele queriam que terminássemos, eu não fazia bem a ele, sentia isso dentro do meu peito, os pais queriam protege-lo, e a melhor forma seria ele se afastando de mim.

- Talvez eles tenham razão, são seus pais -Minha voz saiu embargada- Conhecem você, sabem o que é melhor.

- Se essa é a sua decisão...
- Eu quero que seja nossa decisão.

- Se isso não mudar... infelizmente não vai dar certo.
- Ok, é a melhor decisão. Não quero fazer mal a você.

E eu me virei de costas, olhando a rua, os carros passando, concentrei o olhar em uma sorveteria tentando impedir as lágrimas de virem, mas elas vieram e eu não podia fazer nada
Ele nunca me viu chorar, já tive vontade quando ele estava perto, mas eu sempre me segurava até em casa, mas hoje não foi possível.

E eu me virei devagar o olhando

- Eu vou pra academia.

Peguei meu celular na bolsa e escrevi com dificuldade para alguém que sempre estava lá por mim

Tô indo pra academia, queria um abraço seu :(

Guardei o celular e me virei pra subir na bicicleta, mas ele me impediu

- Vem cá me dá um abraço.

E eu fui.
Soltei a bicicleta e ela se estalou no chão, junto com o celular e  bolsa, eu fiquei olhando a queda e ele disse:
- Deixa.
Nossos corpos se encontraram e passei as mãos em volta da nuca dele apertando, e ele em volta da minhas costas me apertando mais mais ainda, como se fosse capaz de tirar toda a minha dor, e com isso eu desabei, toda a dor que eu estava sentindo, saía pelo choro...
Eu tentava sair do abraço, mas meu corpo impedia, era como se os problemas sumissem se eu ficasse ali com ele.
Com muito dificuldade eu me afastei devagar, sem olhar nos seus olhos, eu estava envergonhada, de estar ali chorando na frente dele.

- Desculpa, eu nunca chorei na sua frente.
- Não precisa ficar com vergonha.

Eu limpei as lágrimas e levantei a bicicleta rapidamente o olhando

- Quer tentar de novo?

E um sorriso se formou no meu rosto, eu queria chorar de novo, mas havia um motivo pra sorrir ali, ele não tinha desistido de mim.

- Eu quero.
- Sempre -ele disse.

Sempre. Eu repeti dentro da minha cabeça.

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⏰ Last updated: Oct 07, 2023 ⏰

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The astronaut starWhere stories live. Discover now