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ARIANNA FRANCONI

O celular batendo contra o vidro da parede não foi nada suficiente para conseguir me tranquilizar. Minha respiração acelerada tornava tudo nublado e escuro, meu ódio crescia a cada segundo, se espalhando em cada centímetro do meu peito.

— NÃO É POSSÍVEL! — gritei.

Puxei às cobertas da cama para o chão.

Não era possível que os malditos estavam de volta! Que estavam em suas casas! Isso era inaceitável!

— Meu amor... — a voz de Franconi passando pela porta me fez cerrar os punhos e reparar na bagunça que acabei fazendo, passei minhas mãos sobre os fios emaranhados afim de deixá-los baixo. Suas mãos me alcançaram e acabei vacilando um passo — O que houve?

Seus olhos castanhos extremamente preocupados me encararam com confusão. Recuperei meu controle no instante que minha respiração começou a ficar mais tranquiliza assim que suas mãos alcançaram meus braços. Mesmo sendo algo repugnante, eu tinha que suportar — não nego que a minha maior vontade, naquele momento, foi de gritar e dizer que nunca senti nada por ele, que tudo era uma farça! Mas graças a minha racionalidade, e fragilidade, me contive.

— Meu bem — disse, tranquilo. O encarei moldando em mim mesma maneira de não falar bobagens, e até inventar se fosse necessário — O que aconteceu?

Forjei uma expressão de choro.

— Eu não sei... — lamentei, falsamente.

Apertei seus braços formulando em minha consciência a melhor desculpa para aquele momento, a concluindo o olhei. Cambaleante fui levada por ele até os pés da cama onde me sentei logo em seguida.

— Me diga o que sente — pediu.

Arfei.

— Você não é assim...

— Eu não — arfei novamente — Eu não estou me sentindo muito bem... — suspirei — Deve ser por conta da minha pressão, algo assim. Já deve passar — olhei em seus olhos — Com tantos acontecimentos eu, eu acabo ficando assim... A perda de Kátia foi muito recente, e... — o vinco em sua testa mostrou sua atenção em minhas palavras. Sua mão tocou meu rosto por um instante — Mesmo que eu não tivesse uma convivência muito grande com ela... Eu gostava de sua pessoa — olhei para longe — Ela não deveria ter entrado na piscina...

Com minha manipulação consegui forjar um falso cenário. Todos pensavam que ela tinha caído, sua cabeça acabou batendo no fundo da piscina e ela morreu afogada. O que era uma verdadeira mentira...

— Eu sei o quanto deve estar sentida com isso... — Pablo agachou em minha frente — É uma alma boa que sabe o quanto a dor pode machucar, principalmente a da perda... Não sabe o tamanho do meu orgulho disso, por você.

Seu olhar cuidadoso fez tudo em mim, entrar em vapor, eu havia acertado sem ao menos ter premeditado o que fazer caso ele não aceitasse minha resposta.

— Mesmo que Sarah tenha poucos anos de vida... Acho que será muito difícil para ela se acostumar daqui um tempo... Kátia era, como uma segunda mãe para ela.

Sorriu gentilmente.

— Não se preocupe com nada em relação a nossa filha. Ela ainda é pequena e podemos distrai-la. Ela vai esquecer — fiquei com receio da maneira que disse. Se levantou com os olhos firmes nos meus — E a respeito de quem vai cuidar dela. Já tratei de estar preparando e dando uma nova vaga para uma nova babá.

Me levantei de vez enquanto o respondia.

— Não, de maneira nenhuma....

Me olhou intrigado.

A VERDADEIRA FELICIDADE | LIVRO IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora