02. Romantic Homicide

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POV: MAITE PERRONI

Já estava quase no horário da minha saída, e não deixava de pensar naquele incidente que tive há pouco tempo com aquela mulher de cabelos vermelhos. Confesso que não gostei nem um pouco da sua atitude grosseira e descarada. Detesto pessoas excéntricas.

Por outro lado, notei que enquanto ela me beijava eu tive uma leve impressão de que no fundo, bem no fundo, ela mexeu com algo dentro de mim, foi uma sensação bem curiosa, como uma mistura de raiva, por ela ter me tratado daquele jeito, e satisfação, pelo beijo roubado.

Mas não posso me distrair com esses pormenores, preciso pensar melhor como vou resolver o problema do Afonso. Agora falta menos tempo, e ainda não consegui fazer nada. Eu estou me vendo sem muitas opções, já que se eu for depender do salário que eu ganho, eu teria que trabalhar pelo menos uns 30 anos para pagar toda a dívida.

Enquanto penso nessa quantidade de coisas que estão acontecendo, termino por pegar as minhas coisas que ficam guardadas no meu armário, dentro da sala dos funcionários, e vou a procura da minha bicicleta que fica sempre estacionada do lado de fora, atrás do restaurante; e por fim, pedalo em direção a minha casa.

"E se eu vender pack do pé? Já me disseram que existem doentes da cabeça que compram. Mas sei lá, acho isso meio bizarro e nojento." Enquanto estou pensando baboseiras, começo a perceber que uma caminhonete me segue, não muito discretamente, a uns poucos metros de distância de onde eu me encontro.

Pedalo mais rápido, porém a medida que eu acelero, a caminhonete se desloca mais depressa. Até o momento que ela me ultrapassa e fecha a rua a qual estou velozmente andando. Freio bruscamente e coloco os meus pés no chão, apoiando todo o peso do meu corpo tenso neles.

Sinto o meu corpo enrijecer devido ao pânico ocasionado por essa situação. Penso, primeiramente, que o agiota que está com o meu irmão se cansou de esperar e veio logo buscar o dinheiro que lhe pertence. Porém, descarto a hipótese, já que ainda não se passaram nem 24h do fechamento do nosso bendito trato. Cogito também que possa se tratar de um sequestro de alguma quadrilha de tráfico humano que queira me vender no mercado negro.

Enquanto penso nesse sem fim de possibilidades absurdas, a porta de trás do carro se abre e o que eu vejo não é ninguém com que eu precise de tomar muita cautela, já que me parece ser uma senhora, um tanto suspeita, porém aparentemente confiável para não ter o que temer.

- Boa noite menina, não tenha medo, não pretendo fazer nada com você, não se preocupe. - falou a senhora de cabelos loiros, claramente tingidos.

- A senhora me assustou, pensei que fosse outra de pessoa - falei descendo da bicicleta e a estacionando perto do meio fio.

- É como aquele ditado "quem não deve, não teme". Você está em apuros não é? - respondeu ela com um sorriso pouco amigável. Não respondi nada.

- Mas em fim, venha até meu meu carro, gostaria de falar com você. - continuou ela.

Ela tá pensando que eu sou louca? Claramente não subiria no carro de uma estranha.

- Tenho uma proposta de trabalho que você não poderá recusar. - prosseguiu a senhora.

Será que eu perdi alguma aula na faculdade a respeito de que situações como essa seriam comuns de acontecerem? Seria normal uma estranha oferecer trabalho abordando alguém dessa forma e a essa hora da noite? São tantos questionamentos.

- Tudo bem, eu não tenho muito a perder mesmo. - respondi àquela mulher e subi no carro com ela.

Assim que eu entrei no carro, percebi que ela estava me analisando dos pés a cabeça, como se eu fosse uma mera mercadoria que ela precisasse examinar antes de comprar. Mal sabia eu que era mais ou menos isso que estava acontecendo.

Amor De Aluguel (Savirroni)Onde histórias criam vida. Descubra agora