XXVI

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—Não atire na mamãe! – berrara alguém. Zack e Samantha viram pouco atrás da criatura um jovem que vestia um macacão azul apontar para eles com um rifle. Ignorando o alerta Samantha atirou contra a mulher, um tiro certeiro que pegara em cheio no olho esquerdo e lhe levara metade da cabeça. Ação contínua, enquanto o corpo da criatura caía de joelhos, o jovem ao seu lado mirava a garota na moto com o rifle. Zack sequer pensara. Com o último projétil de munição da SIG atirara bem no peito do rapaz, que não conseguira sequer puxar o gatilho da arma que carregava.

—Ele falou – disse a policial – Não estava transformado em uma dessas coisas. Talvez não estivesse infectado...

Antes que ela continuasse, Zack cantara pneu com a motocicleta e avançara, parando ao lado do corpo do rapaz.

—Ele também estava apontando para nós com uma arma e iria atirar – disse – E mesmo que quiséssemos ajudá-lo, essa moto só tem lugar para dois e me comprometi a levar você. Pegue a espingarda, ele não vai mais precisar dela. Vamos cair fora daqui. Indique o melhor caminho assim que pegarmos a estrada.

Samantha não contestara, pegara o rifle no chão ao lado do cadáver do rapaz e segurara firme na cintura do soldado enquanto o mesmo acelerava a moto em direção à estrada de onde haviam vindo. Pensara que em pouco tempo aquele garoto se levantaria como um daqueles monstros. Quantas pessoas não haviam se matado naquela noite, tomadas pelo medo e pela histeria, apenas aumentando o número de ameaça? Atrás deles, além da nuvem de poeira deixada pela motocicleta em alta velocidade, centenas de zumbis se agrupavam no local dos disparos atraídos pelo barulho.

* * *

O Posto da Guarda Florestal era um prédio enorme para os padrões da cidade, com três divisões, sendo o Centro de Comando, um barracão para guardar veículos e animais e outro usado como alojamento. Toda a estrutura era construída com madeira das árvores da floresta na própria região e era cercado por um alambrado com arame farpado no alto, fazendo parecer tratar-se da cerca de um presídio. Bem na frente do escritório do Centro de Comando, onde uma placa de madeira já envelhecida pelo tempo mostrava um letreiro desbotado com os dizeres Guarda Florestal de Little River em vermelho, havia um portão duplo por onde entravam carros e caminhões. Zack parou a motocicleta poucos metros antes.

—Parece que alguém já teve a ideia de vir para cá – disse ele apontando para o portão arrombado. Haviam marcas de pneus na terra indicando que algum veículo levara a cerca e o portão na corrida. As más notícias não paravam de chegar – Só espero que nossas coisas ainda estejam aí. Se levaram o veículo de extração estamos perdidos.

Menos de um minuto depois a motocicleta estava estacionada à porta do escritório e seus ocupantes vasculhavam a entrada.

—Olhe – disse Samantha, apontando para dentro da sala por uma janela onde um zumbi batia contra o vidro tentando sair para ir até eles em desespero – parece que não deram sorte.

—Não temos tempo para procurar por sobreviventes. Se encontrarmos alguém e não tiver sido infectado podemos levar conosco, mas a prioridade agora é cairmos logo fora daqui. Fomos informados que um veículo estaria preparado na garagem, vamos cruzar os dedos para que ninguém tenha chegado até ele antes de nós.

A policial indicara o prédio onde os veículos ficavam, o lugar parecia abandonado, escuro e silencioso, exceto por um poste ao longe com a luz de um holofote ainda acesa. Ambos se encararam e seguiram para o local. Ao chegarem próximos de uma porta de metal, dessas de subir e descer, perceberam em meio às sombras cerca de meia dúzia de zumbis que vagavam sem rumo, andando perdidos naquele passo sem ritmo que tinham.

—Precisamos dar um jeito neles rapidamente e sem fazer barulho – disse o soldado – Se houverem outros não conseguiremos sair daqui mesmo que encontremos um veículo com combustível e em condições de rodar.

—Não temos munição nas pistolas de qualquer forma – respondeu a mulher com um sussurro – E o rifle não tem munição para acabar com todos. Se mais de um grupo de pessoas escolheu fugir para cá ou se refugiar aqui e não deram sorte como aqueles que vimos no escritório pode haver mais deles por toda parte...

Zack aproximou-se de uma das criaturas pisando leve como se andasse sobre cascas de ovos e ao estar perto o bastante lhe chutou o tornozelo. Quando o monstro se deu pela presença do soldado já havia caído de joelhos. O sujeito imediatamente colocou as duas mãos dos lados da cabeça do mesmo e quebrou-lhe o pescoço, segurando o corpo sem vida – novamente – para que tombasse ao chão sem fazer barulho.

—Precisamos ser cautelosos, perdi minha faca no acidente com a van, vamos dar um jeito neles logo e vermos se nosso passaporte para longe daqui continua aí.

Samantha encarou o zumbi com o pescoço quebrado no chão.

—Billy...

—Não quero parecer indelicado, mas poderá chorar pelos seus amigos depois, quando estivermos longe desse lugar. Lembre-se que meu irmão também se foi, não apenas ele, todos eram como família na equipe. Lamentaremos e buscaremos vingança por isso, mas primeiro precisamos sobreviver – sussurrou o soldado indo de encontro à outra criatura.

Era difícil aceitar aquilo – pensara a mulher, mas ele tinha razão, ela não podia trazer de volta os que haviam se infectado e sabendo o que iria acontecer tudo que poderia fazer era fugir e pensar em justiça por aquelas mortes depois. Zack de repente lhe parecera mais frio do que antes. Seria ele assim a maior parte do tempo? Quantas mortes o mesmo já haveria presenciado com aquele trabalho? Dessa vez era diferente – lembrou-se – não eram apenas mortes, não quaisquer mortes, Angus era seu irmão, os demais seus amigos, ela entendia como ele se sentia porque sentia o mesmo por Johnson e pelos outros policiais da cidade, eram como família para ela também.

* * *

Quando as três luzes que ficavam em frente ao prédio que servia de garagem e oficina mecânica, bem acima da porta, se acenderam ao mesmo tempo tanto Zack quanto Samantha ficaram cegos por alguns segundos, aqueles poucos segundos que poderiam custar suas vidas.

RESIDENT EVIL - Terror em Little RiverOnde histórias criam vida. Descubra agora