Capítulo 5 - Consequências

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A madrugada é fria e silenciosa. Sabe lá os segredos que guarda. Mais uma vez acordada, após o mesmo pesadelo. É torturador quando não é possível dormir tranquilamente. 

Quando poderei descansar em paz? Quando isso terá um fim? Só queria poder dormir. Passo a mão pelo curativo feito em minha costela por uma enfermeira quando retornamos a Instituição, a dor era bastante aguda, mesmo que eu não tenha realmente fraturado a costela. No fim, pego alguns comprimidos para dor e para dormir. Passam-se horas e nada... tomo o restante do frasco de remédio para dormir. Apaguei depois de alguns minutos.

Acordo no mesmo ambiente do sonho novamente.
Dessa vez eu não conseguia acordar. Socorro! Quem poderá me salvar?

Ela me persegue sedenta ao meu sangue...
Luta pela sobrevivência...
Não conseguia me soltar, ela irá me matar...
A mulher finalmente morde o meu pescoço e eu tenho uma lembrança.

Rosto de porcelana, cabelos loiros, me olhava com compaixão. Não conseguia distinguir seu rosto.
- Vai ficar tudo bem, protegerei você com todas as minhas forças. - Diz alguém.

- Cuide dela. Leve-a para longe daqui! Tenebrus e eu cuidaremos disso. Vá, antes que seja tarde! - falou uma mulher desconhecida.

O jovem me pega no colo, e com muita habilidade me põe em suas costas. Só lembro de ver árvores se movendo rapidamente. Logo após isto, tudo ficou uma completa escuridão.

Abro os olhos vagarosamente e percebo estar em uma ala da enfermaria.
- Finalmente! - grita Joseph - Onde estava com a cabeça para tomar todos aqueles comprimidos?

- O que está acontecendo? Por que estou aqui? - pergunto.

- Não parece claro para você? Você dormiu por 2 dia inteiros. Lilly acordou pela manhã quando a viu correu por socorro e aqui estamos.

- Ah... não era minha intenção, só queria dormir. - Falei, coçando a cabeça.

- Não deve tomar mais que o permitido na bula e não pode misturar medicações dessa forma. Eu te aconselho repouso, poderá ter vertigens, ou uma pressão baixa. Irei prescrever algumas ervas medicinais que poderão te ajudar em seu sono. Por enquanto, pode tomar este chá que preparei, vai te ajudar na recuperação, posso te passar a receita também - disse um homem - Ah, o diretor deseja falar com a senhorita - continuou o homem que eu não havia visto no recinto, era o médico.

- Tudo bem, obrigada - falei, e o médico assentiu, saindo do quarto. Joseph pegou uma cadeira e sentou ao meu lado. Pôs suas mãos fechadas uma na outra sobre minha cama. 

- Quando que você vai parar de dar trabalho? Eu tenho coisas mais importantes para fazer - disse rindo.

- Você não deveria ter dito a ele - mudei de assunto, me referindo ao diretor.

- Você sabe que ele descobriria cedo ou mais tarde.

- Eu sei, mas... esquece. - falei. Joseph pegou minha mão e olhou nos meus olhos. 

- Vai ficar tudo bem, não se preocupe. - Disse ele.

Caminhava pelos corredores ainda tonta. O peso em meu peito aumentava quanto mais eu me aproximava da sala, não tinha um bom pressentimento sobre isso. Abro a porta e vejo o diretor de costas acariciando sua barba, pensativo.

- Pode se sentar ali - disse apontando para uma carteira próxima à mesa. Ao sentar ele inicia seu discurso.

- Vejamos, você sabe porque estamos aqui, apesar de você ser minha filha, devo tomar providências. Acho que exigi muito de você nestes últimos dias. - Falava o Diretor, agora virado para mim.

- O que você quer dizer com isso? - pergunto.

- Você será afastada dos seus afazeres por um tempo. Afinal, você precisa de repouso. Não se preocupe com as aulas, terá um professor particular para repor o conteúdo perdido.

- E quanto ao Joseph? Armin, isso não me afeta em nada, eu só não conseguia dormir.

- Exatamente por isso que você terá alguns dias para repor suas forças, e em breve, poderá retornar à sua rotina. Quanto ao Joseph, ele dará conta. 

- Você não decidiu isso sozinho. Quem está por trás disso? - pergunto, e ele se vira de costas, perplexo como se quisesse evitar algo.

- Pois bem... eu tenho minha preocupação de pai. É para seu bem, de qualquer forma, já está decidido e nada me fará voltar atrás com a minha decisão - responde mexendo no óculos, virando para mim, novamente.

- Certo - respondo um pouco irritada partindo, mas antes de ir embora lembro o nome que a mulher mencionou no meu sonho. E me viro para ele.

- Quem é Tenebrus? - pergunto.

- Onde ouviu isso? - uma voz familiar questiona. Era Valentyn, esteve o tempo todo na sombra do escritório. Não queria que ele soubesse sobre o acontecido, imagino o quanto ele deve estar decepcionado comigo.

- Eu...sonhei - digo, retorno meu olhar para o diretor, o qual estava assustado.

- Isso não é bom - diz Armin.

- Julliet, desejo falar com você mais tarde, tenho algo a discutir com o diretor - fala Valentyn.
Saio da sala sem olhar para trás, contrariada e intrigada pelo que Armin disse.

Enquanto isso, no escritório de Armin...

- Podem ser apenas lembranças. Vamos manter a calma e analisar o problema - diz Armin.

- Certamente. De qualquer forma, terei uma conversa com ela e irei mais a fundo disto - responde Valentyn, serenamente.

Século Sombrio - Dark Century Onde histórias criam vida. Descubra agora