Capítulo Único

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— E se a gente fizesse uma festa surpresa pra Verô amanhã lá na delegacia? — sugeriu Nelson. — No fim do expediente, é claro.

Ele, Prata e Lima se reuniram para almoçar num PF a algumas quadras de distância do DHPP, como faziam todos os dias. A comida lá era boa, barata, a cozinha não era insalubre e eles podiam jogar conversa fora de vez em quando.

— Tem que checar com a delegada — disse Prata. — Mas acho que ela vai liberar, já que elas estão tendo um caso ou coisa assim.

Nelson riu, julgando se tratar de uma piada, mas Victor manteve sua expressão inalterada, enquanto bebia limonada suíça.

— Do que você tá falando? — perguntou o técnico de TI.

— Elas estão juntas, ué. Vai dizer que não sabia? — disse Prata, com um sorrisinho de canto.

— Nem fodendo! — exclamou Lima. — Conta outra, meu amigo.

— Passar tanto tempo com aqueles cadáveres não tá te fazendo bem, Prata, você devia pedir umas férias.

— Olha o respeito, garoto. — O mais velho balançou a cabeça em negativo. — Vocês são dois tapados. Não perceberam como elas se se olham? Nunca se perguntaram o que elas tanto fazem aqui depois do expediente?

— O único tipo de "olhar" que eu já percebi entre as duas é o de quem está prestes a pular no pescoço uma da outra — brincou Lima.

— Pff... — Prata bufou, irreverente.

— E todo mundo sabe que a doutora adora dar trabalho extra pra Verô — disse Nelson. — Isso não significa nada. Além do mais, ela teria me contado.

— E você acha que ela me contou? Eu descobri, Nelson querido, meu gaydar também apita quando duas pessoas estão transando e não querem que ninguém saiba.

— Cê tá querendo convencer a gente que, de todas as pessoas no mundo, a Verônica está tendo um caso com aquela carrasca da Anita? - trucou Nelson, ainda perplexo com a ideia.

— Querem apostar? — sugeriu Prata.

— Apostar como? — perguntou Lima. — Se isso for verdade, elas nunca vão admitir.

— Talvez não, mas todo mundo sabe que a Anita é territorialista como uma onça e ciumenta pra cacete. — Victor remexeu a comida em seu prato, como quem planeja algo meticulosamente. — Amanhã, levem um presentinho de aniversário bem romântico pra Verônica, tipo flores ou chocolate. Vamos ver o que acontece.

— Isso vai dar merda... — disse Lima, surpreendendo o grupo por, pela primeira vez, ser a pessoa que avisa.

— Dou cem reais pra cada se eu estiver errado — disse o legista. — Mas, se eu estiver certo, vocês pagam pra mim.

— Fechado — disse Nelson, com um sorriso confiante de quem acabou de ganhar os cem reais mais fáceis da vida dele.

[...]

(Dia Seguinte)

— Feliz aniversário, Verônica — disse Lima, aproximando-se da mesa da escrivã. Antes, ele garantiu que a delegada Anita Berlinger estaria em sua sala para ver os dois através do vidro, é claro. — Espero que você goste de chocolate, porque eu te trouxe um presente.

Antes que Torres pudesse responder, ele a estendeu uma caixa de bombons, adornada com um laço vermelho pomposo e um cartão de aniversário repleto de corações.

— Poxa, Lima, não precisava — disse Verônica, completamente pega de surpresa pelo gesto. — Mas obrigada, eu adoro chocolate.

Ela sorriu, em seguida pegou a caixa e acomodou-a em sua mesa.

Feliz Aniversário, VerônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora