A janela do meu quarto retumbava sob o poderoso trovão que ecoava pelos céus, iluminados pelos raios que se perdiam ao longe. Naquele breve momento de luz ofuscante, pude distinguir a figura de um homem parado do lado de fora da minha casa.
Desde que me mudei para a residência do padre James, a quem chamo carinhosamente de pai, esse homem desconhecido, cujo rosto permanecia um mistério para mim, mas a expressão era inconfundível, me encarava todas as noites.
Observava-me.
Sempre me observava.
Eu me esforçava em agir naturalmente, como de costume. Mas meu coração pulsava tão forte que parecia prestes a saltar para fora dos meus lábios. Esse homem sempre despertava em mim uma mistura de medo e excitação. Nunca me detive para questionar sua identidade. Talvez seja melhor assim.
Não compreendia por que aquilo me causava excitação. Talvez houvesse algo de errado comigo. E não conseguia evitar o calor intenso que inundava meu corpo, enquanto minha pele ansiava por seu toque, enlouquecida por suas aparições misteriosas.
Será que ele podia me ver agora? Do outro lado da janela, enquanto eu o observava? Será que podia enxergar o olhar penetrante que dedicava a desvendá-lo? Será que notava a fragilidade dos meus mamilos expostos pela minha blusa fina? Será que apreciava o que via?
Com toda certeza sim.
Era por isso que sua presença aterradora me assolava todas as noites, não é mesmo? A verdade é que eu o temia. Tinha receio de que se aproximasse. O medo permeava minha pele, envolvendo-me como uma manta sombria. Ele me fazia sentir como se estivesse confrontando a escuridão de uma floresta, onde os sons sinistros ecoavam, dominando meus pensamentos. Era como se a qualquer momento algo pudesse me capturar. Ou, pior ainda, me destruir.
Eu poderia me esconder. Sempre soube como fazer isso. Mas havia uma parte de mim que permanecia imóvel, exposta ao terror que emanava dessa figura enigmática.
Desviei o olhar do meu quintal, voltando minha atenção ao interior requintado da casa. Uma majestosa lareira de pedra negra ocupava o centro do aposento, cercada por poltronas de veludo vermelho. Meus olhos pousaram em uma mesa de carvalho escuro, onde repousava um vaso com rosas vermelhas.
Decidi afastar-me da sombra que me assombrava e me aproximei da mesa, contemplando o vaso com essas rosas de vermelho intenso. Segurei uma delas delicadamente entre meus dedos, trazendo-a para perto do nariz. No entanto, não pude evitar a sensação gelada que percorreu minhas costas.
Eu sabia que ele ainda estava lá, me observando.
Ele sempre estava.
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Entre sangue e brasas +18
ParanormalEla é filha de um pastor. Ele é um demônio de 1000 anos. E existe uma lenda de que a cada 100 anos, 15 meninas são enviadas para o castelo do demônio para competir e descobrir quem será sua nova esposa. Os 100 anos acabaram. E um convite foi envia...