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Algumas bruxas mal informadas acreditavam que pessoas poderiam trazer azar.
Mas que ideia! Gatos pretos talvez dessem azar - não mesmo, mas alguns tolos crêem nesse absurdo - passar por debaixo de uma escada, quebrar um espelho, ignorar correntes do facebook traziam azar. Mas pessoas? Sério?
Amélia era uma bruxa bem simples. Usava preto e vestidos curtos e tentadores como qualquer outra mulher das trevas, era ruiva, uma língua afiada e previsões terríveis.
As pessoas evitavam se consultar com ela. Ela previa muitas desgraças com uma simples xícara de chá, ou uma linha torta na palma da mão. Os céticos diziam que era de propósito. De propósito ou não, as profecias sempre se cumpriam.Por esse motivo, espalharam o boato de que a simples presença de Amélia já te garantia um lugar na lista de nomes no caderninho da Morte. Não era bem assim, no fundo todo mundo sabia que não, mas era bem mais fácil culpar os videntes do que assumir as consequências de acumular maldade.
Ficou confuso? Eu explico. Quanto mais coisas ruins você faz, mais terrível fica sua sorte. Essa era a tese que Amélia defendia, o que obviamente causou descontentamento entre os bruxos da elite.Era um sexta-feira feira 13, muito conveniente. A chuva caia furiosa lá fora, e um vento impetuoso balançava as árvores lá fora.
—— Satanás, cadê você? – murmurou Amélia, procurando seu gato em meio a casa escura.
O casarão de Amélia era digna da casa de uma bruxa. Rodeada por uma vegetação bem vívida, as paredes negras rodeada por um muro cheio de musgo. Ela queria espantar visitas, o ramo de vidente já a desagradava e não dava tanto dinheiro como antigamente.
Ela apanhou um candelabro e as velas foram acesas com um piscar de olhos. Ninguém imaginava, mas a bruxa moradora da casa 71 tinha medo do escuro.
Um trovão ribombou no céu, e sua luz revelou uma silhueta no canto da sala, sentada em uma das poltronas acariciando o gato.
— AAAHHH!! – berrou Amélia, caindo na poltrona que estava atrás dela.
A figura deixou que o gato fugisse de seu colo e se levantou. Ela se levantou e se aproximou lentamente da velha feiticeira. Amélia tremia e tentava raciocinar em uma forma de se defender. Pelos deuses, ela já tinha cabelos brancos! Não conseguiria sustentar uma luta nem se quisesse.
— Você invadiu a casa de uma bruxa da Casa de Hades – disse ela, apontando o dedo enrugando em direção do invasor – saia, ou você se arrependerá.
A silhueta bateu as palmas das mãos. As luzes da casa acenderam.
— Seu gato não é tão esperto quanto antes. – disse o invasor.
Amélia reconhecia aquele homem. Só Narciso se vestiria como se estivesse no século 19. Só ele tinha um lindo cabelo loiro e uma barba por fazer. Mas... Narciso não tinha olhos vazios.
— Narciso? – ela se reergueu e deixou o candelabro de lado. Ela se moveu lentamente, se afastando do homem – o que faz aqui?
Narciso deu uma risada diabólica acompanhada de mais um trovão. Sua voz era rouca e parecia ter dificuldade em respirar. Então Amélia percebeu.
— Vá embora, demônio – bradou ela, cerrando as mãos pronta para disparar um feitiço – e liberte o corpo do meu amigo.
— Você tem algo para mim, Senhora Azar. – ele se aproximou dela, com os olhos brancos brilhando em pura maldade – sua última profecia, minha cara. Aquela que você fez questão de esconder, até mesmo do seu amigo no qual tenho o prazer de estar possuindo.
— Como você..? – ela se interrompeu – não importa. Sai, agora!
Ela movimentou o punho e disparou uma chama prateada. De repente, Narciso não estava mais ali.
— Vai ser a força então? – disse o homem, atrás dela.
Ele a agarrou pelo pescoço e a atirou no chão.
O que aconteceu a seguir não vale a pena ser mencionado. O fato é que, mesmo a matando, aquela coisa não conseguiu arrancar de Amélia a profecia. Mas ele descobriu que, ao mesmo tempo que a senhora deu seu último suspiro, no hospital da cidade Júpiter havia dado o primeiro.
E foi aí que os problemas de Júpiter começaram.
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Cálice de Sangue
Fantasía──── 💀 ──── Mesmo sendo um bruxo, Júpiter Moncorvo ignora o legado mágico da sua família e está obstinado em se tornar apenas um menino comum. Prestes a terminar o ensino médio, sua única preocupação era passar no vestibular e ingressar em uma boa...