No mês do vento que eriça os cabelos das árvores,
Eu visto o véu que me torva e inquieta.
A lua esgueira-se no céu como uma serpente prateada,
Lançando o seu encanto hipnótico sobre a noite.Os olhos da escuridão espreitam, Escondidos no ventre do mistério.
Enquanto me cubro com a disfarce, Algo oculto se desvenda,
Uma metamorfose que transcende a carne e os ossos.Sinto os grilhões do corpo desfazendo-se,
Um eco enigmático que ressoa nos recantos da minha mente.
Caminho pela noite sem direção,
uma marioneta de sombras,
Entre árvores retorcidas e arbustos negros como lápides.O ar enche-se de murmúrios inquietantes,
Sussurros de pesadelos antigos.
A paranoia sibila nos meus ouvidos,
Como serpentes que sussurram promessas do desconhecido.Os passos que dou, não recordarei ao raiar do dia.
É um eclipse da memória,
uma viagem num rio de trevas,
Onde não sei se sou navegante ou naufrágio.
Encontro-me encurralado nos confins da minha própria mente,
Aprisionado no labirinto do eu.A máscara que uso é uma couraça,
E o rosto que habita sob ela é um estranho.
O que faço sob a sua sombra, escapa-me como gotas de orvalho em teias de aranha.
Sou um ator sem guião,
Uma marioneta sem fios,
Dançando no teatro das sombras.Na manhã seguinte,
o sol nascerá,
Mas eu serei abandonado à insônia e ao gosto perverso do medo que me consome.
Aquele manto sombrio é como um abismo sem fundo,
Onde o terror se entrelaça com o desconhecido,
E a tensão se multiplica na macabra tapeçaria da noite.Assim, entrego-me ao negror daquele manto,
Onde o eu se dissolve,
E o medo floresce como um jardim de sombras.
No reino da incerteza,
Sou apenas um viajante solitário, explorando os recantos mais sombrios da minha própria psique,
Que sucumbe como ruínas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Véu
PoetryEsta pessoa descreve uma noite enigmática onde o narrador perde sua identidade sob a influência de algo. Sentindo-se como uma marionete sem controle, é explorado o medo e a incerteza que permeia na sua mente, enquanto o mundo ao redor se torna uma p...