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Bom surto para vocês.
E não esqueçam de comentar e curtir!

Noura Pierce

Carnal

Enfiei minhas mãos nos bolsos do meu casaco e segui a trilha sinuosa através do exuberante jardim do aviário. Os pássaros cantam, seus piados agudos pontuando os picos de minha ansiedade. Esperava que o passeio por um dos meus lugares favoritos acalmasse minhas preocupações, pois ao longo dos anos tenho usado muito esta fuga para apaziguar minha mente.

Mas os pássaros voam mais altos, como se estivessem cientes do meu segredo, compartilhando-o um com o outro. Eu bufo uma risada silenciosa da minha paranoia. Os pássaros não se importam comigo ou com o que eu fiz. Estou perdendo a cabeça.

Um arrepio toca minha pele, recordei a memória da minha última sessão com Harry muitas vezes, analisando-a, dissecando-a, recordando os detalhes. As sensações e emoções que ele evocou. O anseio... Cheio de paixão e euforia.

Cedi aos desejos de Harry, e nunca se pode dar ao seu paciente tudo o que ele deseja, independentemente de esses desejos refletirem o seu. Especialmente quando os desejos deles refletem os seus. É mais do que perigoso, é antiético.

Mas a sensação de suas mãos ásperas na minha pele... fechei os olhos, apenas por um segundo, permitindo que a memória me reivindicasse mais uma vez antes de eu enterrá-la. Inalo uma respiração profunda.

Noto que não estou sozinha. Eu me viro.

— Você está me seguindo, detetive...? —Usando um sobretudo preto sobre um terno barato, o homem ligeiramente acima do peso é fácil de ser identificado como policial. Tendo sido criada pelo xerife da cidade, tenho experiência nisso. Seu sorriso confirma minha teoria.

— Foster. Detetive Foster, — diz ele. — Eu só estava curtindo a paisagem. Achei que poderíamos conversar quando estivéssemos sozinhos.

Lembro-me vagamente de Lacy mencionando um detetive com esse nome. Envolvo meus braços em volta da minha cintura e olho para trás. O aviário fechará em breve. Começo a me encaminhar em direção à saída.

— Você pode dizer o que precisa no meu consultório. Durante o horário comercial.

— Eu tentei, Dra. Você é uma mulher difícil de entrar em contato. — Enquanto tento passar, ele empurra uma pasta de papel para mim. — Precisa ver isso. Você não é a primeira psiquiatra que ele vê como uma vítima.

— Desculpe-me, mas ele? Pode ser mais específico?

— Seu paciente, Styles.

Ele me entrega a pasta em suas mãos. Quando eu olho para os documentos ali, minha respiração fica presa na base da minha garganta. Altero minhas feições enquanto avalio a imagem, não permitindo que o nojo se registre em meu rosto. Eu viro para a próxima página e examino o perfil da vítima.

— Doutora Mary Jenkins. Ela foi acusada de práticas antiéticas com seus pacientes. Mas nunca processada.

Meu estômago embrulha. Práticas antiéticas são uma terminologia geral que não transmite as crueldades acusadas contra ela. Ela ressuscitou a prática bárbara da lobotomia. A prática consiste em abrir a cabeça dos pacientes e desligar os lobos frontais de todo o encéfalo.

As imagens da falecida Dra. Jenkins capturam o horripilante procedimento. Feridas de punção pontilhadas acima de suas pálpebras indicam que ela foi vítima de seus próprios próprios métodos mórbidos. Seus olhos mortos estão fixos na câmera, cavos e vazios.

The Huntsman | H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora