ARCO 1 - INTRODUÇÃO (2/3)

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Silêncio

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Silêncio.

Foi tudo o que veio em seguida.

Nem um estalo característico da estrutura inabalável de ouro e prata. Nenhuma brisa cortando as entranhas das vigas nas paredes. Nenhum ser humano gritando pelos corredores.

Estamos em um dos andares mais altos. Deve ser esse o motivo para meu coração afundar no peito quando não ouço reação alguma. Mesmo depois do anúncio claro e pomposo que se segue, saindo dos alto falantes na mesma voz cantarolante de antes:

"Estamos com seu embarcador. Adoraríamos negociar. Vamos tentar fazer isso da maneira mais pacífica possível".

Não há nada.

As luzes continuam apagadas. As câmeras articuladas, anexas aos cantos estratégicos dos corredores, continuam imóveis. Não há movimentação.

Se não conhecesse meu Norte, seria fácil concluir que ninguém se importa.

Parando para pensar um pouco mais. Ignorando o aperto severo que ainda segura meus punhos quando sou empurrado de volta para o elevador, e deixando para ouvir mais tarde os gritos desesperados de Chae tentando se livrar das mãos que a seguram – ela continua se debatendo mesmo sob a mira de uma pistola. Eu realmente não me lembro de, em algum momento, em alguma das raras reuniões que tive junto de Junghwan e – nas poucas vezes em – que nosso Líder também esteve presente, ter discutido sobre o que fazer caso alguma nova invasão ocorresse.

Talvez porque tenhamos sido descuidados. Pensamos mesmo que a persistência do Norte, mesmo ante aos dois ataques anteriores, seria suficiente para fazer as demais colônias entenderem que somos imbatíveis. Pensamos que elas realmente tinham entendido à essa altura... Não é?

Por isso nenhum socorro está mais preparado para tomar caminho, sequer pelas escadas, para me alcançar. 

Eu agito minha cabeça, como se o gesto adiantasse para diminuir o tremor que toma conta das minhas pernas - não e como se melhorasse minha careta amedrontada, por mais que eu tente. 

Eu preciso ser profissional. Sou o exemplo para as pessoas, de qualquer forma. Eu sou a porra do embarcador, então por que maldito motivo ainda sinto que preciso de algum socorro? Meu título não é tão grandioso? Eu não deveria corresponder à tal grandiosidade? Não devo seguir o exemplo de meu Norte? Não deveria ser grande e persistente?

Bom... A idealização é um pouco turva, uma pouco mais árdua quando se torna - de certo modo - real demais. É mais real do que toda a grandeza da minha colônia, o frio que se espalha pelo meu corpo, conduzido do cano gélido da arma que gruda em minha nuca assim que o elevador abre suas portas e nos dá caminho para o andar logo abaixo do qual estávamos há pouco. 

O andar de distribuição de energia é mesmo o único a espalhar seus ruídos estáticos por todos os lados. É o som, custoso e nauseante, da estática que se mistura a nossos passos, tamborilantes e apressados - a eles, claro, e às risadas dos que parecem estar se divertindo ante os protestos de Chae. 

Estandarte de Jade |• ATZ (Poliamor)Onde histórias criam vida. Descubra agora