ARCO 1 - INTRODUÇÃO (3/3)

33 6 2
                                    

Eu não lembro de metade do caminho até aqui

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu não lembro de metade do caminho até aqui. Me lembro vagamente de toda a agitação, apenas, e é o que entendo como o motivo para a quietude e má iluminação do compartimento onde fomos jogados serem tão bem vindas. 

Não é um cômodo grande. Não deve ser mais espaçoso que meu escritório no Porto.

Bom... Talvez eu deva toma-lo como "antigo escritório".

As paredes em volta estão tomadas por estantes abarrotadas de livros velhos.

Eu rio sozinho para minha própria definição. Afinal, que livro não seria velho? São raros, hoje em dia. A única coisa que me surpreende mais, é encontra-los fora do Norte, e em meio a pessoas como eles... Nunca imaginei que piratas seriam letrados!

Talvez só sirva como enfeite?

Me aproveitando da quietude, das luzes baixas e do ressonar baixinho que vem de minha direita - onde Chae dorme pacificamente junto a Jaelin... Jaelin, que tosse mesmo em sono, mas ainda se entrega da melhor forma ao descanso como imagino não ter conseguido fazer enquanto trancafiada naquela maldita cela -, termino por me levantar para esticar as costas.

Afinal, meus ossos doem e não é por menos, uma vez que o que nos serve como cama é uma porção de travesseiros velhos e empoeirados distribuídos por cima de um edredom fino e batido. Nem mesmo o frio, a camada fina da coberta, é capaz de barrar.

Meus dedos correm automaticamente sobre as lombadas do que imagino serem romances, crônicas e enciclopédias. Por mais que a luz fraca e inconstante - a qual identifico estar vindo de uma lanterna á gás, velha e encardida, pousada sobre uma mesa no centro do cômodo - não permita ler os títulos, consegue iluminar bem as cores, o suficiente para que eu note que tais livros estão separados por tons e tamanhos.

Escondido entre a porção de livros azuis naval - entre os mais grossos -, brilha a ponta curva de uma ampulheta. A areia não escorre, e é quase convivente demais a ideia de estarmos parados no tempo.

É quase uma surpresa quando, logo ao lado da última estante pomposa, encontro uma janela circular pequena e estreita. Preciso me agarrar às suas bordas com a perna dos dedos, e me erguer na ponta dos pés, para enxergar o lado de fora.

As nuvens se desfazem do lado de fora, circulando no próprio eixo pelo que imagino ser influência dos vetores na parte inferior da lataria. Não estão tão afastadas da estrutura do Casper, o que me faz pensar que estamos em um dos compartimentos frontais, logo abaixo do convés.

Tais nuvens, praticamente, dançam do lado de fora. 

Apenas um tempo depois de me distrair com o brilho intenso da Lua, tão grande e vermelha como não podemos mais ver do chão há bons anos, é que finalmente concluo: é noite.

Eu dormi tão pouco?

Ou, quem sabe, talvez seja verdade a velocidade lendária dos Caspers, e estejamos seguindo o curso das horas?

Estandarte de Jade |• ATZ (Poliamor)Onde histórias criam vida. Descubra agora