Capítulo 7

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Sanches

Ajeito meu short, sentindo o pau latejando ainda, mas eu saio do quarto, ouvindo o barulho  abafado, ficar alto na minha audição. Tiro a arma de trás do short e passo pra frente. Paro na entrada da garagem, vendo o cabelo preto e liso, que eu conheço pra caralho, passo a mão no queixo, vendo ela surtando nos braços de um vapor. Ela grita no final da rua, onde tá a minha McLaren e eu saio daqui, indo resolver o caralho do meu problema.

Eu aceitaria os surtos dela qualquer hora, mas olha a porra da hora que ela resolveu aparecer, fudeu com os meus planos.

Sinto os olhares de todo mundo em mim, eu puxo a arma na mão e aponto pro Bacu, mandando ele afastar quem tá perto. Uma coisa que eu não gosto é de atenção, principalmente se ela for pro lado negativo. Odeio quando sai notícia com o meu nome, agora mermo que eu não posso ter problema, se 5 dias tá pouco, imagina eu me envolvendo em problema e no outro dia o camburão indo me buscar, na porta de casa.

Sophia: Me solta! - ela grita nos braços do cara e eu cruzo meus braços, olhando pra cara dela - Sanches, manda ele me soltar! - olho o cabelo grudado no rosto dela e a cara vermelha de tanto chorar - Fala pra ele me soltar, Sanches!

Eu: Solta ela, solta que eu quero ver o que ela vai fazer - eu falo baixo, me controlando pra não fazer merda aqui mesmo - Pode soltar, eu quero ver você dar o seu show na minha frente - eu aponto na direção dela e o vapor solta.

Xx: Eu tive que segurar, patrão - ela tenta vim pra cima de mim, mas eu seguro ela pelos braços - Ela passou o prego no seu carro, a porta tá toda riscada - eu olho pro lado, vendo os riscos na minha McLaren.

Eu: Pode ir, valeu aí - ele faz um toque comigo e eu arrasto ela pro outro lado, subindo as portas do carro - Entra nessa porra e fica calada, fica calada, porque eu não quero fazer merda na frente de todo mundo - ela puxa o ar, soluçando, mas entra no passageiro.

Passo pro outro lado, vendo todo mundo virado de costas, tá todo mundo fingindo que não viu nada. Encaro o tanto de gente, eles disfarçam, menos a Tiana, ela fica olhando sem disfarçar mermo. Ela me olha, estreitando os olhos e eu encaro sério, soltando o ar pra não botar o Sanches pra fora, desvio o olhar e vejo a porta toda arranhada.

Eu tenho dinheiro pra comprar quantas eu quiser, mas não é assim que a vida funciona. Eu não trafico pra jogar meu dinheiro no lixo, eu compro a porra do carro e vem uma filha da puta destruir? Não vou dar o que ela quer, o castigo dela vai ser outro, vai sentir eternamente, bater não resolve porra nenhuma e matar eu evito, por enquanto. Entro no carro, fecho a porta e ela me olha chorando.

Eu: Pode chorar, chorar faz bem - coloco o cinto e ela tenta me tocar, mas eu desvio, aumentando o volume no máximo - Fica calada, quando eu relaxar, eu falo contigo - boto o volume no máximo e arranco daqui.

Puxo o tecido do short pra cima, ajeito minhas pernas grandes na cabine do carro, ainda ouvindo a música no máximo. Eu já tô mais tranquilo, o que eu mais evito é isso, meu autocontrole eu adquiri com o tempo, tem que ter paciência e pensar direito, eu tô pensando pra caralho nesses dias, a liberdade tá mexendo com a minha cabeça, mas eu tô deixando fluir.

Eu: O que vai acontecer agora é culpa da sua falta de vergonha na cara - abaixo o volume da música e ela me olha, passando as mãos nos olhos - O que passa na sua cabeça? Tu pensa que fazer uma porra dessa vai mudar o mundo? Vou voltar contigo depois disso? - dirijo com uma mão só e ela puxa o ar, fazendo o corpo saltar pelos soluços - Isso é coisa de puta que não sabe o lugar dela, tá agindo igual elas, mas puta eu só falo na cama, fora dela o resumo é outro.

Sophia: Você fala como se a gente nunca tivesse tido uma relação, tenta entender o meu lado também - ela tenta não chorar, mas chora - Eu tinha só 19 anos, quase uma adolescente, me envolvi com um homem de 29 anos, você acha que não me manipulou nesse tempo? - ela abre os braços e eu avanço no sinal verde - Você é manipulador, Sanches! Você manipula as pessoas e depois age como se nada tivesse acontecido, te conheço há 8 anos e convivo com esse teu jeito, você gosta de torturar todo mundo com esse jeito calmo e no final é maluco quem surta, você tá sempre certo, justamente por ficar calado.

Por uma BucetaOnde histórias criam vida. Descubra agora