7. Arquivo Confidencial

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Tobias Bernstorff

Harry deita ao meu lado, e mergulhamos numa conversa nostálgica sobre as travessuras que cometíamos quando éramos adolescentes imaturos, tentando desesperadamente encontrar o nosso lugar num mundo contraditório, divertido e cruel que é, o ensino médio.

    Lembramos do dia em que Simon jurou estar apaixonado por uma garota do último ano, e ele acreditou que ela também sentia o mesmo.
    Mas ela só que humilhá-lo e isso eu não permiti, a mantive bem longe do meu irmão.
  
    — Meu, o Simon ficou furioso com você — Harry enfatiza a palavra furioso —, mas você fez aquilo porque não queria que ele se machucasse, você protegeu o Simon. Quando descobri que a Sienna estava na cidade eu quis fazer o mesmo. Proteger você.

    — É, eu sei, mas ela também disse que fez o que fez para me proteger… — faço uma pausa e olho fixo para um ponto vazio.

    — Não, não faça isso, do que ela poderia te proteger? — ele ergue o corpo senta-se nervoso —, ela terminou o noivado TRÊS DIAS DEPOIS DA MORT....

    — Fique calmo, não grites, está tudo bem, eu não defendo ela, só estou curioso — sento-me, ele faz uma pausa, inspira e expira lentamente.
  
    — Eu realmente não consigo imagina do que ela estaria te protegendo e para falar a verdade não quero saber e porque ainda falamos dela?

    Ele levanta-se da cama e ronda o meu quarto como se fosse a primeira vez que entrasse nele, apenas o observo, sigo o seu olhar por cada lugar até que ele mira o caderninho que está sobre a mesinha, ele encara-me intrigado e, quando se move para pegar nele, eu adianto-me e puxo-o das suas mãos.

    — Não, isto é íntimo.

    — Tudo bem. Então cobta-me como foi a viagem? E como esse diário veio parar nas suas mãos? Vem senta-te aqui e conta.

    — Mas agora? Já está tarde e amanhã temos uma reunião importante sem falar dos pendentes que me esperam.

    Ele olha para relógio de pulso.

    — São agora vinte e uma hora e trinta minutos é bem cedo ainda, e quanto mais hesitares em contar mais tarde fica.

    — Você, quando quer, consegui ser bem irritante, sabia?!

    — Tobias, por que você está a divagar? Conte logo.

    — Ok. Eu me atrasei em comprar a passagem e você sabe que eu só viajo se for sentado perto da janela, e eu não poderia adiar a viagem, portanto tive que comprar a passagem mesmo assim, posto no avião, sentei-me no lugar perto a janela, já que o dono não tinha chegado ainda. E quem apareceu reivindicando o lugar foi uma mulher…

    — EU SABIA, e como ela era, quero detalhes… — gritoa como se tivesse ganho uma partida, olho-o de lado e ele faz o movimento de zíper fechando a boca.

    — Posso continuar?... Ela é linda, muito linda, educada, elegante, meio estressadinha também.

    — Você gostou dela?

    — Harry, não, ela foi só uma companheira de voo, sabe conversar, é inteligente, mas como poderia gostar de alguém que sei que não voltaria a ver? Berlim é grande, ela pode estar aqui apenas a passeio. Agora vamos dormir.

***

Levanto-me antes mesmo do despertador tocar às seis horas da manhã. A mente continua repleta das palavras intrigantes de Sienna. Fico curioso para saber do que ela me protegeu? Tantas perguntas surgem na minha mente, e eu anseio por respostas.

NÃO POSSO TE AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora