Capítulo três

10 0 0
                                    

Andrei

O frio era algo que eu detestasse, eu poderia dizer que odiava o clima gelado, mas como um bom russo não falarei. Observo alguns flocos de neve cair pela janela.

— Voltando ao assunto de Enzo...

Meu pai estava velho, todo assunto ele volta e enrola mais que o normal, já é a terceira vez que retornamos este assunto.

— Já deu desse assunto. — afirmo — Vamos falar algo interessante, como o tráfico de drogas que pegamos dos Yakuza.

Yebát! — Porra — Enzo vai escapar de novo e você só pensa na cocaína japonesa, que a propósito já aconteceu e deu certo.

— Deu mesmo otets — pai — que até aconteceu um massacre! Quinze homens nossos morreram para aqueles paus no cu, e você quer falar de uma garotinha.

Eu sou o estrategista, e se eu falo que nesse buraco tem cobra, é porquê tem!
Meu pai suspira pesado, e volta a atenção para o conselheiro.

— Hoje a noite eu e Andrei vamos na casa de Enzo, na festa da menina. Você acha uma boa ideia já falar sobre o assunto hoje?

Ivan Trosvkta é o conselheiro da Bratva de Moscou. Ele é um homem direto, fala na lata e quase sempre é engraçado com suas ideias meritocráticas ruins. Eu não sei nada desse assunto de Octavia e isso me irrita de forma estranha.

— Papa, eu acredito que seja melhor você falar outro dia. Eles não sabem do que se trata seu acordo com ela, então pegue-a de surpresa, assim sem escapatória.

Seu cabelo loiro era radiante, mas as roupas bregas que ele usa o deixam feio. Quem usa um sapato masculino de pele de cobra? Ivan.

— Andrei, fale com a garota, seja gentil e demonstre pouco afeto. Entendeu?

— Sim.

— Vá se preparar, então.

Como se eu não estivesse próprio.
Minha calça e cinto escuro de alfaiate combinavam com o sapato. Minha camisa clara fazia um contraste com meu cabelo preto, deixando minha aparência agradável aos olhos. Eu sou lindo.

Olho para o escorpião em minha mão direita, me fazendo uma memória voltar. As noites em que eu tive que quase morrer para se iniciar, a prisão, e muito mais. Eu tenho muitas tatuagens e todas tem um significado por trás, mas o escorpião é o meu favorito.

— Está surdo? — Meu pai diz sem paciência.

Volto a olhar para a minha mão, ignorando ao meu redor. Bufo, já sem paciência para responder perguntas idiotas.

— Esse moleque é um imbecil — Alguém fala na roda.

Meu sangue parece ficar mais vermelho que o normal nessas horas de raiva. Que Deus proteja a pessoa que eu irei machucar.

— Quem falou isso? — Estendo meu olhar passando por todos.

Todos pareciam tensos, menos o meu pai que acende um cigarro. O ar gelou, e as pessoas respiravam com mais dificuldade se sentia.

— Fui eu, senhor.

Me viro para trás, e vejo um homem de cabelo castanho curto, era um dos guardas dessa sala.

𝐒𝐂𝐎𝐑𝐏𝐈𝐎 & 𝐒𝐏𝐈𝐃𝐄𝐑 Onde histórias criam vida. Descubra agora