Crianças Vazias

O início é o zero.

(essa história não segue os acontecimentos humanos, então podem ser utilizados objetos que nesta respectiva era, não existiam.)

'' Sei que escrever esta carta agora não serviria de nada, não sei como estão, nem como você está. xxxxxxxx xxxxxx xxxxxx -- No fim, ela estava certa, eu preferi a mim mesmo do que a vocês.. do que a você.''

No vasto de uma terra amaldiçoada, onde nem o mais bravo homem, arriscaria perder sua própria alma.
Almas foram atiradas para o incerto.

Mant (civilização) em 1701

Uma terra seca e vazia, praticamente podre. Um lugar comum, uma vila pobre e alienada pelo governo, um planeta inundado de ruínas deixadas pela guerra, onde orfanatos transbordam de crianças, as abandonadas, ou as que tiveram seus pais arrancados de si pelo acaso.

Neste lugar reside Bellyn, um órfão que tivera sua família tomada pela guerra. Um garoto inseguro, arrogante e solitário
Minha versão jovem e inocente até de mais.

Num orfanato novo, numa cidade lixo, onde transbordam crianças, cada uma mais miserável que a outra. Lá está Bellyn
um garoto de cabelos médios e escuros, olhos fundos da cor de jabuticabas, uma criança com seus apenas 13 anos, no começo do fim de sua vida. Tão pequena e magra que nem aparentara a idade que possuía, cicatrizes em volta de seus braços e queimaduras de sol em seus ombros.
Em um lugar onde crianças procuram começar a vida, de volta a estaca zero.

Bellyn, acompanhado de uma senhorita que aparentemente o apresentaria o local, se recusava a ter um diálogo com qualquer outro da sua idade.

- Garoto, você deveria se enturmar com as outras crianças. Se isolar desse jeito só vai piorar seu estado.
Pedia aquela senhorita qualquer tão magra e frágil quanto Bellyn.

Sinceramente uma frase inútil para uma criança que ainda mal aceitara a morte de seus pais.

Então Bell suspira, cerra seus dentes enquanto se segura para não desabar em lágrimas, enfim se cobrindo em seu manto de arrogância novamente.

- Como se conversar com crianças tão miseraveis quanto eu servisse de alguma coisa.

Fala o garoto sem sequer conseguir olhar nos olhos da moça.
A senhorita decepcionada apenas deixa Bellyn em um quarto, sem expressar um som sequer.

Sobre o quarto, o que se esperaria de um orfanato a beira da falência afinal?
Paredes descascando, camas compartilhadas e alguns colchonetes no chão, o teto com aquela maldita goteira que não pararia nem no maior dia de sol do ano.
Me lembro vividamente, o cheiro de mofo, o piso oco e rachado com colchões molhados de urina de órfão.

Bellyn encolhido em um colchonete no piso gelado, sendo abraçado por pedaços de lençóis gastos. Escuta um sussuro vindo de não muito longe.

-psiu ... PSIU!!!˜

No canto contrário ao do  miserável garoto, se encontrava uma garota baixa, magra de cabelos louros e olhos tão grandes e azuis que seria impossível não se sentir observado até a alma.

- Tá falando comigo? ( Bell)
- Óbvio que é, você é novo aqui não é? Eu posso te mostrar o lugar

A pequena garota o chama com um sorriso largo com uma janelinha logo a frente, seus olhos se fechavam em seu breve sorriso. Chamando a atenção do garoto, reparando em seus cabelos embaraçados e frisados, mas ridiculamente douradoso, sua pinta abaixo do olho e sua pulseira no braço esquerdo.
O que parecia pouco, mas fez Bell pensar fortemente " Por que ela pode sorrir assim com tão pouco? Por que ela parece feliz? Eu conseguiria também?''

Por mais intrigado que o garoto estivesse, instintivamente ele se travou em sua muralha novamente.
- Não, não preciso da sua ajuda.
Bell vira seu rosto para parede e apoia sua cabeça em seus joelhos, acreditando ter espantado a garota.

- Mas... mesmo que você não precise da minha ajuda...
Vai ser divertido, eu prometo de dedinho pra você.

Enquanto a garota falava,  Bell percebeu sua voz cada vez mais e mais perto, até o ponto que quando virou sua cabeça, ali estava ela, agachada ao lado do colchonete que o garoto estava, esticando seu dedo mindinho esperando que Bellyn o agarasse. Olhando no fundo de sua alma com aqueles olhos gigantescos.