9. Não foi um acidente

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Tobias Bernstorf

   — Porque só temos acesso a essas imagens agora? — interrogo confuso, imergindo em ódio e fúria.

— Pensamos se tratar de um profissional, tivemos de acionar os melhores dos técnicos informáticos para tentar conseguir extrair alguma coisa das gravações, porque a câmara foi totalmente destruída — explica cauteloso —, não conseguimos uma melhor nitidez da imagem, por isso estamos nesse momento examinado os carros que passaram por essa via entre as dezanove horas e as vinte do dia cinco de outubro, talvez possamos apanhá-lo num melhor ângulo.

Solto o ar que já prendia há vários minutos, tento ao máximo lembrar-me de algo que possa ajudar nas investigações, mas minha mente está muito confusa agora.

— Consegues lembrar de algo que possa nos dar mais ou menos a ideia do porquê o Simon e a Christie foram alvos desse homem ou mulher, ciúmes? Alguém demitido da empresa...

— Eu não se... —, as minhas palavras dissolvem-se no ar no mesmo momento em que lembro do dia que o Simon me disse que estava se sentindo vigiado.

«Ontem recebi uma chamada e a pessoa do outro lado não dizia nada e logo depois chegou uma mensagem enigmática e, hoje, mas uma ligação sem resposta do outro lado da linha, agora estou preocupado»

— O que foi lembrou de alguma coisa?

— Sim, — respondo mais alto do que imaginei —, como eu nunca pensei nisso, que idiota que eu sou — Steve olha-me intrigado e ansioso para saber do que se trata. — Simon uma vez me disse que ultimamente se sentia vigiado, e também recebeu uma mensagem estranha, mas não chegou de me dizer do que se tratava, ele parecia bem preocupado, naquele momento eu queria ligar-lhe, mas ele não quis preocupar-te e... —, baixo a cabeça; Steve dá palmadinha nas minhas costas me consolando.

— Tudo bem, não te martirize assim, você não teve culpa, nós não encontramos mensagem alguma no telefone do Simon com certeza foram apagadas, vamos examinar mais a fundo, não se preocupe confie em mim eu vou pegar essa pessoa e seja quem for vai apodrecer na cadeia.

Ele faz um sinal ao empregado de bar, pede uma bebida e antes de virar a sua atenção novamente para mim, olha de relance à mesa onde está sentada Antonella e os seus amigos, os seus olhares cruzam-se e ele não consegue disfarçar um riso ladino.

— O que você queria dizer-me?

Olho para ele com a testa franzida, mas não puxo assunto.

— Agora que pergunta, penso que pode ter algo haver, talvez seja a mesma pessoa. Hoje de manhã depois da minha corrida matinal voltando para casa vi alguém espiando a mansão, quando o chamei correu em direcção a um ranger over preto, só consegui ver parcialmente a matrícula.

— Meu Deus, o que está a acontecer, quem vocês irritaram? Vamos precisar fazer uma investigação mais ampla, eu vou para a mansão recolher os vossos depoimentos. E vou por polícias de guarda vinte e quatro horas enquanto esse processo durar.

Levo a mão a cabeça, ao perceber a gravidade da situação, e o pior é que nunca cheguei de contar sobre isso a minha família.

— Eu não sei o que se passa, como saímos de uma vida sossegada e discreta para ter policiais nos vigiando vinte e quatro horas por dia?!

Dou um longo suspiro e levanto-me, fito o olhar preocupado do meu amigo que também se levanta e diz-me:

— temos os melhores trabalhando nesse caso, vai correr tudo bem, vamos superar isso. — aceno e dou-lhe um abraço. Agradeço e peço que me informe de tudo, após lhe entregar os números da matrícula do carro do suspeito. Antes de sair passo na mesa da Antonella, despeço-me dela e dos amigos e peço mais uma vez para ir lá à casa visitar a Sophie.

NÃO POSSO TE AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora