Trinity (One Shot)

Trinity

Num dia ensolarado no Rio de Janeiro, na escola em Cachambi, o pátio estava cheio de estudantes aproveitando o intervalo. Lázaro, um garoto negro com óculos e uma constituição raquítica, terminava o seu almoço em um dos cantos. Ele se levanta e começa a caminhar em direção a uma menina que estava do outro lado do pátio. No entanto, um grupo de garotas mais velhas aparece, determinadas a intimidá-lo.

Essas garotas começam a proferir ofensas, chamando-o de "quatro olhos" e "magrelo". No entanto, Lázaro já estava acostumado com esses insultos e tenta ignorá-los enquanto continua seu caminho em direção à menina do outro lado. Mas uma das garotas decide agir e o empurra, fazendo-o cair no chão.
Lázaro se levanta, e com coragem, ele dá um soco na garota que o empurrou. As garotas ficam furiosas e começam a empurrá-lo e bater nele. Nesse momento, a menina para a qual ele estava caminhando intervém. A menina de pele branca, ela não diz uma única palavra, mas age com firmeza. Ela dá um soco em cada uma das três garotas, conseguindo lidar com elas de forma impressionante.

A confusão chama a atenção dos outros alunos da escola, e logo uma multidão se forma ao redor da briga. A diretora e alguns professores chegam ao local e separam a briga. Cada um dos envolvidos é levado para a direção para lidar com as consequências de suas ações.

Na sala de direção, Lázaro e a menina que o defendeu estavam sentados aguardando a diretora para explicar a confusão que havia acontecido no pátio. Do lado de fora, as três garotas que o haviam agredido esperavam a sua vez de entrar.

A diretora, uma mulher de semblante sério, perguntou:

- O que aconteceu?! Por que ocorreu essa confusão toda?

A menina de pele branca, com uma expressão determinada, respondeu:

- Essas garotas bateram nele. Elas vivem implicando com ele, e vocês não fazem nada. Mas quando eu vim para a escola sem uniforme porque vocês deram apenas uma blusa, vocês apareceram até do bueiro para não deixar eu entrar.
- Nós temos coisas mais importantes para fazer, e olha a forma como está falando comigo. E, Laura, cuidado, sua barra está ficando suja por causa dessas situações. –a diretora, visivelmente incomodada com o tom de Laura.

- Pessoas fumam no banheiro, e vocês não fazem nada. Povo leva até canivete, não chamam na direção. Agora, se a pessoa se defende, chamam na direção e vai dar o quê? Advertência ou suspensão? –Laura, ainda firme em sua posição.

Lázaro, que escutava a conversa em silêncio, decidiu interromper:

- Laura, fica quieta. Vai sobrar para você. Se acalme.

Laura, olhando nos olhos de Lázaro e referindo-se a ele carinhosamente como "Tio," disse com firmeza:

- Tio, você precisa aprender a revidar, não importa o que aconteça. Você não pode deixar que ninguém o humilhe assim.

- Posso estar dando advertência para vocês dois, mas a Rayara, Catalina e Mariana vão receber algo pior. –a diretora, após escutar o que tinha de escutar, decidiu dar advertência a ambos.

Eles saíram da sala da diretora, e, ao se aproximar da porta, viram as três meninas de pé aguardando do lado de fora, enquanto esperavam que sua responsável, a mãe de Laura de 15 anos e que também era a irmã de Lázaro de 14 anos, chegasse à escola. O corredor estava tranquilo, com as paredes decoradas por desenhos e trabalhos dos alunos. Laura, subiu as escadas em direção às salas de aula para pegar suas mochilas.

Ela pegou sua mochila na sala de aula e depois a mochila de Lázaro, colocando-a nas costas. Lázaro permaneceu esperando ao lado de fora da sala da direção, observando atentamente o corredor e os outros alunos que passavam por ali. Eles sabiam que logo Amanda chegaria para resolver a situação na escola.