CAPÍTULO 48

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|| HENRIQUE LIMA ||

  Sinto um alívio enorme ao ouvir a voz da Alice no telefone, me chamando para encontrá-la. Fiquei aflito quando o segurança disse que ela havia saído sozinha.
  Os últimos dias não tem sido fáceis, e assim como foi difícil pra mim a presença do Zack perto da gente, eu imaginei que também deva ser difícil pra ela saber que existiu uma mínima possibilidade de eu abrir o meu coração pra outra pessoa enquanto ela estava sem memória.

  Eu não me arrependo de não ter beijado a Cinthya naquele dia no meu apartamento, nós estávamos bêbados e a culpa iria nos corroer no dia seguinte. Mas, eu não vou ser hipócrita de dizer que eu não pensei em alguma situação parecida... A Cinthya foi a pessoa que mais me ajudou a sair do fundo do poço por tudo o que estava acontecendo. Foi por ela que eu resolvi voltar a empresa e frequentar a casa dos Albuquerque, eu acho que, sentia um pouco da Alice nela... Me lembro de uma vez, ter tido um sonho, onde entravamos juntos na casa dos Albuquerque, de mãos dadas, e Alice estava sentada do sofá.

  Chego na praia, estaciono o carro e vou caminhando até o quiosque que ela falou na ligação. Quando me aproximo, não consigo ver Alice, mas depois de algum segundos, percebo Cinthya sentada em uma das cadeiras, olhando para o mar.

— Oi. - Falei e ela pareceu sem graça ao me ver.

— A Alice voltou pra casa, ela tá bem. A gente pode conversar?

— Claro. - Me sento em sua frente. - Você quer beber alguma coisa?

— Não, obrigada.

  Nós ficamos alguns segundos em um silêncio constrangedor. Ela parece querer dizer alguma coisa.

— Foi a Alice que me pediu pra conversar com você... Ela disse que nós precisamos fechar esse ciclo.

— E você concorda?

— Sim. - Ela respirou fundo. - Eu sei que você não sente nada por mim, Henrique. Não precisa se sentir constrangido por isso. É bom saber que você é fiel a minha prima. - Nós rimos. - O que nós tivemos foram momentos de carência e fragilidade.

— Me desculpe por não ter sido maduro suficiente pra tomar essa iniciativa. Sinto muito que tenha tido essa conversa com a Alice, imagino o quanto foi difícil pra vocês.

— Na verdade foi bom... Me fez ver o quanto nós duas amadurecemos. - Ela sorriu. - Ela te ama muito, Henrique. Nunca mais deixe existir qualquer possibilidade de perde-la.

— Eu não vou. Você é uma pessoa maravilhosa, Cinthya, e eu sei que um dia, vai conhecer alguém tão especial quanto você. E, depois que ele passar pelo seu pai, seu tio, seus primos, e até por mim, vocês vão ser muito felizes. - Nós rimos.

— Não quero nem imaginar!

  Quando Cinthya e eu chegamos em casa, Duda, Elen e Sophia estavam preparando o jantar, subo até o quarto e vejo Alice dando banho em Cecília, que chora inconsolávelmente, como em todos os banhos.

— A mamãe já tá acabando meu amor... Calma. - Ela ainda não percebeu que eu cheguei.

— Tem alguém chorando aqui? - Falei entrando no banheiro.

  Cecília para de chorar assim que escuta a minha voz. Alice me olha sorrindo.

— Oi filha... - Cecília sorriu para mim. - Ela reconheceu a minha voz!

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