Experimentar não mata ninguém

Grandes descobertas

Não era novidade para ninguém que Sanji era conhecido como “último romântico”; seu dia girava em torno de tentar agradar suas companheiras de tripulação com comidas deliciosas ou até mesmo presentes, como também, quando tinha oportunidade, outras damas que cruzavam seu caminho. Gostava de fazer isso, como um hobby.

Ele era constantemente motivo de chacota entre a tripulação do chapéu de palha, visto que, mesmo depositando todos seus esforços nos flertes e nos presentes, nenhuma garota lhe correspondia. Sanji já chegou a se perguntar se o problema era sua aparência ou alguma coisa do tipo; após tantas rejeições, começou a indagar se era tão "feio" como Zoro costumava dizer-lhe.

Talvez fossem as sobrancelhas?

Mesmo sendo provocado por seus amigos por não “pegar ninguém” o que poucos sabiam — e Sanji fazia questão de esconder — era que ele já havia rejeitado centenas de homens.

Desde East Blue, quando trabalhava no Baratie, Sanji recusava homens todos os dias. O loiro não entendia o que fazia para atraí-los, mas era comum receber convites ou cartas com frases ou poemas falando de sua beleza e elegância. O loiro sempre achou que sua classe e postura etiquetada era seu ponto forte, disso ele não tinha dúvidas, contudo, tais atributos pareciam funcionar mais com o sexo masculino. Era confuso.

Após entrar para a tripulação, Sanji achou que se afastando um pouco do restaurante, pararia de receber as cantadas; ele entendia que quando estava no restaurante, seu imagem se tornava um pouco mais atraente, pois em sua concepção, não existia nada mais sedutor do que um homem educado de paletó. Então, para o loiro, parecia óbvio que após sair do Baratie, os homens não olhariam mais para si, afinal, se tornaria um pirata, e conviveria com piratas, e quem diabos se interessaria por algo assim?

Moças não gostam muito disso, não? Os fora da lei que vivem arrumando confusão com a marinha — esses que se tornariam comuns no seu convívio — são másculos demais para sequer pensar em coisas desse tipo.

Eram homens piratas que só se importam com ouro, one piece, rum e mulheres, não?

Doce ilusão.

Sanji continuou recebendo convites dos mais diversos homens que cruzavam pelo seu caminho. Barbudos, alto, baixo, magro, com perna, sem perna, bonito, feio, todos os tipos. O loiro ficou completamente surpreso que, dentre eles, Portgas D. Ace foi um dos que lhe cortejou descaradamente.

E a cada dia que passava, Sanji ficava ainda mais curioso do porquê atraía tanto os homens.

Perceber que de alguma forma era desejado — mesmo que seja pelo sexo masculino — não causava repulsa no loiro, muito pelo contrário. Ele gostava.

Contudo, quem dera se as interrogações diárias de Sanji parassem por aí.

Com o passar do tempo, uma ideia um tanto controversa instalou-se em seus pensamentos: estaria ele perdendo alguma coisa rejeitando todos esses homens?

O loiro se sentiu estranho por questionar algo assim, mas não conseguia evitar.

Era simples, como somar um mais um: Ele estava tentando ficar com alguma garota a meses e não obteve resultados e em contrapartida, enquanto corria atrás das damas, recusava três homens no processo.

Talvez Sanji estivesse sendo ingrato com sua sorte no amor.

Tudo que ele queria era uma boca para beijar durante a noite, e já não estava mais preocupado se seria homem ou mulher.

[...]

Na cozinha, terminando de limpar a bagunça que o local se tornava após uma refeição, Sanji ouviu um ronco no canto do recinto; Zoro dormia como criança, deixando o loiro irritado, visto que ele se encontrava banhado de suor devido ao esforço para limpar enquanto o espadachim preguiçoso, dormia como se não tivesse preocupações.