Shanks, seu capitão

Capítulo único

(não me atentei ao fato do Shanks só ter um braço, ignorem esse fator e leiam como se isso nunca tivesse acontecido — escrevi isso 3 am, fico devendo um pedido de desculpas para ele)

O banco acabará te acolher ela, que se acomodava na rua, fazia truques por uns trocados, fazia de tudo por uns trocados, menos deixar que a tocassem. Recebeu muitas ofertas para se prostituir, de velhos, marinheiros, piratas, dos jovens até os sem nenhuma cara de pervertido, mas recusava. Nada a faria vender seu corpo, pois também venderia a alma

Passava fome, se arriscando por um peixe na beira do mar, até mesmo brigando por um pão

Até um ruivo te encontrar na rua. Não um ruivo qualquer, o ruivo. Espada na bainha que deveria ter a altura dela, olhar negro, mas... gentil, ele a olhou por muito tempo

Ela escutou histórias sobre ele, como partia rei dos mares em um único olhar. E sua tripulação lendária, mas não tanto como ele, o capitão

Shanks se ajoelha na frente da garota

— Você tem nome?

Ela diz seu nome e ele sorri. Ele parece o tipo de pirata confiável — se é que ela acreditava nisso

— Me deixe te tirar das ruas

Ele ergue a mão para ela, não parecia certo a deixar ali

Nessa noite, o bando retornou com uma garota, a primeira do bando. Isso deixava Shanks um pouco preocupado, confiava nos seus piratas, mas não queria a deixar desconfortável, então dividiu sua cabine com ela

A garota tomou banho, virou outra, parecia uma gata borralheira, como se todos os dias dormisse aos pés de uma lareira e se enchesse de borra. Mas a rua a sujava

Seus cabelos lindos e pele brilhante fizeram o ruivo a olhar de outro jeito. Agora ele estava preocupado em dividir a cama com ela, uma garota tão mais nova que ele, provavelmente com metade de sua idade

— Quantos anos tem, garota?

— 19...

— Tão nova. Por que está nas ruas?

— Minha vila foi incendiada, minhas irmãs estupradas, meus irmãos esquartejados e as crianças, só Deus sabe

— Você fugiu?

— Eu não fui covarde. Meu... namorado da época, por assim dizer, me levou desacordada para um barco e me jogou no bar com o máximo de comida que conseguiu juntar para eu escapar, o que não foi muito. Cheguei a essa costa sem lar e sem identidade

— E ele?

— Morto ou escravizado. Provavelmente que morto, ele é orgulhoso demais para ser escravo, foi orgulhoso demais para fugir

— Garota, você tem história. Talvez uma sede de justiça

— Lembro apenas de um rosto, mas isso não é mais importante agora, me vingar não vai trazer ninguém de volta, não vai sarar o sofrimento das mulheres que sangraram ou devolver a cabeça de alguém, não vai curar minha fome

— Você está certa, não pense em vingança. Pense em justiça. Posso te ajudar com isso?

— Em troca de que?

— De você ficar no meu navio saudável. Se você quiser, eu não pediria algo de você, até porque só tem seu corpo

— Já me pediram muito. Não consigo pensar em alguém me ajudando sem motivos por trás

— Estou sendo honesto, vi dor no seu olhar, faria isso se fosse uma senhora de 70 anos com tudo que você tem firme, caído

— Obrigada, Shanks... Capitão Shanks — se corrige