Capítulo 1: A Apatia de um Homem

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Era mais uma manhã comum, como tantas outras. Eu me arrumaria, tomaria um café e partiria para o trabalho. A monotonia da rotina diária me envolvia, e eu já me acostumara a não esperar nada de emocionante ou diferente desses dias. O motivo era óbvio para mim, alguém que nunca havia experimentado nada além de ódio. Talvez "apatia" seja a melhor descrição para o que eu sentia.

A cada instante, as pessoas experimentavam uma gama de emoções em suas vidas, seja boa ou ruim. Na maioria das vezes, essas emoções eram negativas. Algo não saiu como o esperado, os relacionamentos desmoronaram, os chefes exigiam mais do que qualquer um poderia fazer. Era uma série de cenários que naturalmente levava a pensamentos e sentimentos negativos. E, no final, tudo o que a maioria das pessoas ansiava era passar por essa barreira e encontrar a felicidade.

No entanto, imagine viver com apenas uma única emoção? Seria algo bom ou ruim? Isso talvez dependeria muito do tipo de emoção que prevalecesse, afinal, queles que vivem com um sorriso constante nem sempre têm vidas perfeitas. No entanto, viver com alegria deve ser, sem dúvida, mais gratificante do que odiar tudo e manter um semblante fechado, resmungando constantemente que não são felizes. Em uma vida típica, as pessoas experimentam uma variedade de sentimentos ao longo do dia. Mas ao longo dos anos, eu estava confinado a sentir apenas ódio, rancor e raiva. Se me pedissem para recordar um momento em que chorei, eu diria que foi no dia do meu nascimento. E se me perguntassem quando experimentei alegria, talvez diria apenas quando finalmente saí de casa. Mas até mesmo isso era incerto. Afinal, para sentir alegria, você precisa primeiro conhecer a tristeza. No entanto, antes que eu pudesse sequer tocar na tristeza, o ódio já havia sido semeado em mim.

Mesmo após todos esses anos, o prazer e a alegria ainda eram sentimentos desconhecidos. Qualquer tentativa de desfrutar algo só aumentava minha irritação, e com o tempo, o problema só se agravava. Apatia em relação a tudo ao meu redor era minha realidade. Nada me satisfazia, tudo me irritava. Frases como "Eu odeio isso" ou "Isso me irrita" tornaram-se parte do meu discurso diário. Minha família era o alvo principal de meu rancor. Meus pais e irmãos, ninguém escapava dessa culpa, pois, no final das contas, eu os culpava por eu ser assim. Mas talvez, fui eu quem esteve errado o tempo todo, por ter desistido de tentar mudar.

No entanto, não era essa a vida que eu desejava. Houve alguém que tentou me ajudar, alguém que fez muito por mim. No entanto, todas as tentativas acabaram em vão. Demorou um tempo para perceber que minha personalidade havia mudado um pouco graças a ela. No entanto, enquanto olhava para o céu claro e límpido que iluminava aquela manhã, suspirei e me questionei:

— Até quando viverei assim?

Embora eu não fizesse nada para mudar minha vida, ocasionalmente me pegava refletindo sobre ela em mais uma caminhada rotineira em direção a um dia de trabalho monótono. Felizmente, o local de trabalho não ficava tão distante de casa, permitindo-me chegar rapidamente. No entanto, eu preferia ser um dos últimos a chegar, o que reduzia as chances de cumprimentar outros funcionários além da gerente, caso a encontrasse.

Assim que cheguei ao trabalho, uma lanchonete de médio porte com amplo espaço, percebi que o estacionamento estava razoavelmente vazio. Aos fins de semana, o lugar ficava cheio, mas em dias comuns, com exceção da manhã que era muito movimentada, tínhamos no máximo uns 20 clientes do meio dia ao o anoitecer. Mas aos fins de semanas, o movimento era triplicado.

Os funcionários tinham que entrar pela porta dos fundos. Caminhando em direção ao vestiário, troquei-me para o uniforme e preparei-me para iniciar meu turno. Cada membro da equipe possuía um uniforme específico de acordo com sua área de atuação. Os cozinheiros usavam o tradicional dólmã, uma jaqueta branca distintiva. Já para os garçons, como eu, o uniforme consistia em um roupão preto que descia até os joelhos, por baixo de uma camisa branca de tecido leve, coberta por uma jaqueta azul fina, com uma tonalidade semelhante à do jeans. Por fim, a gerente e a subgerente, cada uma, vestiam uniformes diferentes. A gerente exibia um traje justo, semelhante a um conjunto executivo em um tom azul-escuro, confeccionado com materiais de alta qualidade, enquanto a subgerente optava por um uniforme branco e justo na cintura, realçado com detalhes azul-escuro na cintura e na gola com um laço vermelho.

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