LUIZA POV
Nunca fui o tipo de mulher habituada a grandes eventos e de formas de esbanjar riqueza. Eu preferi que fosse uma celebração pequena apesar de minha mãe não fazer sê-la tão simples. O casório iria acontecer na igreja, a qual ficava ficava perto da biblioteca da formidável cidade de araruama, e escolhi esse lugar porque consciente de sua localidade, queria que fosse próximo ao meu refúgio, ali era onde eu me escondia do mundo escrevendo poemas, colocava no papel todo o amor que não poderia falar e sequer entregar a quem ele pertencia. Conrado também não quis nada chamativo e apenas aceitou minhas exigências, de fato ele não parecia tão interessado na cerimônia aos meus olhos, mas na frente dos outros ele fingia uma empolgação. Nos casamos naquela igrejinha e apenas o padre, nossos familiares e alguns amigos se fizeram presentes, juntamente com o celebrante do cartório da cidade. Todos falam que o casamento é uma benção, mas no meu caso eu senti que seria o novo fardo que teria de carregar em minhas costas. Eu hesitei em falar sim quando o padre perguntou se era de minha vontade se casar com o homem em minha frente. Só que aí olhei pro meu pai, ele parecia frio e indicava que eu tinha que aceitar, foi ali que percebi que não tinha escolha, que não conseguiria lidar com as consequências caso eu não aceitasse casar com Conrado.
Valentina não pudera ir por que havia prometido a sua mãe que a ajudaria com os detalhes final do jantar que seria oferecido após a cerimônia. Penso que foi melhor dessa forma, eu não teria coragem de dizer sim para meu noivo enquanto aquela imensidão de olhos verdes estivesse por perto. Eu teria sido covarde, iria falhar tão miseravelmente e isso não podia acontecer de forma alguma. Penso também que ela não deve ter insistido para vir, afinal nós duas sabíamos o que aquilo significava. Após a cerimônia, fomos para casa de meus pais, não fiz questão de seguir muitas tradições, já no local apenas aceitei os abraços e felicitações das pessoas que pareciam alegres pelo meu casamento e diziam que até que enfim iria me tornar mulher de verdade, aquilo era tão ridículo que eu me limitava a dar um sorriso falso para tais pessoas. Estávamos nós três em um canto qualquer da sala de estar bebendo e falando amenidades, os convidados já não me incomodavam mais.
- A nossa melhor noite definitivamente foi aquela em que saímos escondidos para tomar vinho na praça e o guarda nos flagrou - Conrado cita a lembrança fazendo eu e Valentina rir, afinal foram bons tempos
- Lembro-me de quase borrar as calças - diz ela rindo, e era verdade, Valentina podia ser bem medrosa se tratando em fazer coisas erradas.
- Quase? Tenho certeza que o fez - brinco com um tom sarcástico fazendo com que a moça me olhasse e logo eu sentisse um leve tapa sem muita força desferido em meu braço esquerdo.
- Foi uma das poucas vezes que te vi com medo daquela forma, Tina - Conrado diz sorrindo para ela de uma maneira estranha. Por algum motivo, aquilo me fez sentir um leve incomodo, mas não sei dizer se foi pelo apelido ou o sorriso cafajeste que ele tinha nos lábios.
- Imagina se ele conta para nossos pais? Minha mãe teria me deixado trancafiada para todo o sempre. — ela negou com a cabeça prontamente, Valentina era do tipo certinha.
- Exagerada - retruco levando a taça até a minha boca tomando do líquido que lá tinha.
- Algumas coisas nunca mudam - Conrado acena para uma moça que logo vem servi-lo. Por um descuido ela derrama um pouco de vinho em seu sapato.
- Le cameriere in questo posto erano migliori - ele diz deixando eu e a morena confusas, ela apenas se desculpa e sai.
(as criadas desse lugar já foram melhores)- Ed eri già più educato.
(e você já foi mais educado)- Perdonami mia cara.
(perdoe-me minha querida)
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Devaneios de amor
Fanfic"Seria essa, uma competição onde todos querem um amor, o qual não receberão? "