Day 21

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Após algumas batidas a porta se abre e um "pode entrar" nada caloroso pode ser ouvido de dentro da sala de luz amarelada.

— Com licença, Senhor Clifford, aqui está o manuscrito, agradeço o prazo estendido, sem ele eu jamais conseguiria.

— Certo certo. Eu devo esse prazo, já que você sempre foi uma aluna dedicada. Veio sozinha? - Observei o velho para ver se tinha algo de estranho em suas palavras, mas seu desinteresse deixou claro ser apenas educação.

— Sim, não gosto de arrastar minhas amigas para minhas responsabilidades.

— Deveras uma bela virtude, criança. Só devo lhe alertar que as ruas dessa cidade são perigosas nesse horário e pelo visto está chegando uma tempestade, tome cuidado e se puder ligue para algum amigo lhe buscar!

— Obrigada senhor! Irei tomar cuidado!

Saí da sala com uma sensação boa, Sr. Clifford é um velho bacana, ele sempre trata os alunos como filhos ou netos, é difícil encontrar professores de boa índole por aqui.

Se Deus me permitir consigo chegar em casa antes da chuva. Acendi um cigarro, ajeitei minha jaqueta de couro e minha mochila nas costas, fone no ouvido e a melodia de cigarettes after sex começou a embalar minha caminhada, vou seguir com pressa, minha sorte é ter essas pernas longas, me encurta o caminho.

Chutando algumas pedrinhas sem prestar muita atenção no caminho finalmente deixei as dependências do campus, as primeiras gotas de chuva começaram a cair, e não demorou muito pra chuva engrossar, daqui até minha casa dava aproximadamente uns 3 quarteirões, ou 4, sou péssima em recordar desses detalhes.

Agradeci mentalmente por ter me livrado do manuscrito e por não ter nada além de canetas e blocos de anotações nada importantes na mochila velha, poderia dizer que pressenti a chuva mas isso seria uma bela mentira, eu apenas não levo nada na mochila mesmo. As gotas nada esporádicas caíam deixando minha visão quase turva, parecia uma bela tempestade e eu daria tudo para estar em casa.

A rua era extremamente mal iluminada e a chuva dificultava tudo, eu já estava encharcada e provavelmente isso me renderia um belo resfriado. Senti uma forte luz acender atrás de mim, iluminando a rua toda. Tentei olhar cobrindo os olhos mas era impossível, quem poderia ser o filho da puta com essa luz alta na minha cara?

Saí do meio da rua e voltei a calçada agradecendo por não ter sido atropelada, o carro foi se aproximando e eu me mantive virada tentando ver quem era. Quando parou ao meu lado o vidro desceu me mostrando quem estava no volante.

— Entre, eu te deixo em casa, saia dessa chuva Lalisa-yah.

Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram, meu estômago revirou, senti vontade de chorar, de abraçá-la, de agradecer por ela não ter partido sem mim, mesmo no fundo sabendo que não poderia de forma alguma ser ela.

— Quem é você? - Minha voz saiu como um sussurro.

— O que? Hun? Eu não posso lhe ouvir de longe, entre logo. 

O Assassino Pode Ser Você - especial de Halloween ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora